A saída dos cubanos do Mais Médicos

Se alguém tiver a curiosidade de querer saber como anda o padrão de vida de um determinado país é só investigar seu índice de mortalidade infantil

A saída dos cubanos do Mais Médicos
A saída dos cubanos do Mais Médicos (Foto: Reprodução)


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Se alguém tiver a curiosidade de querer saber como anda o padrão de vida de um determinado país é só investigar seu índice de mortalidade infantil. Que corresponde ao número de óbitos antes de completar um ano de vida em relação ao total de nascidos vivos durante o ano estudado

Três pilastras básicas sustentam o mais sensível dos indicadores sociais: saneamento básico, padrão educacional, assistência à saúde

Com uma taxa de 4,0 por mil nascidos vivos Cuba superou em 2017 os EEUU ( 7,0 p/1000NV) e se iguala aos países com as melhores taxas do mundo: Dinamarca, Suíça, Reino Unido

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Considerando o imenso fosso que separa a renda per capita dos EEUU 59.531,66 USD (2017) da ilha de Fidel, 7.602,26 US, é pura redundância acrescentar que os cubanos de Cuba têm a sua à disposição um Sistema de Saúde com muitos graus de qualidade acima dos americanos da América

Para quem não acredita, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyes remove qualquer dúvida: "Cuba tem um dos melhores sistemas de saúde do mundo e deve ser modelo para outros países"

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Com relação ao Brasil, é coerente afirmar que, do ponto de vista filosófico o nosso Sistema de Saúde apresenta um padrão de alto nível e seria também um dos mais competentes do mundo não fosse uma gigantesca pedra no caminho
Vamos entender

Do total da população brasileira, 130 milhões, por não possuírem planos de saúde deveria ser atendida na rede pública. Dentro da complexidade do Sistema de Saúde, 80% deles devem ser atendidos no nível primário, que corresponde à Rede Básica; 15% no nível secundário - as especialidades, e o atendimento terciário (5%) fica na competência dos hospitais universitários
A grande montanha no caminho do nosso Sistema era exatamente a atenção primária. Montanha construída sobre três alicerces:

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- O ensino médico nacional é visceralmente elitizado. Qualifica o profissional para atender às especialidades nos consultórios, sem qualquer retorno para o Estado. Isso gerou uma cultura na sociedade e na própria classe, para as quais, o prestígio do médico está intrinsecamente conectado com o seu grau de especialização. Junte-se a isto, a cruel realidade de que 89% das vagas nas faculdades de medicina (privadas e públicas) eram preenchidos por alunos inseridos nas classes A e B. Difícil imaginar, esses jovens habituados às mordomias urbanas, pensando em se enfurnar nas profundezas das brenhas amazônicas ou na aridez das caatingas nordestinas

- Do total das vagas para residência médica, 6% eram destinadas para Saúde da Família e Comunidade e apenas um terço delas eram devidamente preenchidas.

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- A Organização Mundial da Saúde, baseada na realidade inglesa, definiu que para atingir um padrão de boa assistência, o sistema público de saúde deveria manter 2,7 médicos para cada mil habitantes. No Brasil, essa relação não ultrapassava 1,8 médicos e o faro monetário apontando para os grandes centros urbanos. Absurda concentração!

Nefasta consequência: 50 milhões de brasileiros condenados pelas gigantescas desigualdades sociais a habitarem os esquecidos grotões e rincões deste imenso país, sem ter acesso a uma única assistência médica.
E foi aí que a sensibilidade social da presidente Dilma teve que enfrentar com muita garra o corporativismo insensível da classe médica e os dentes arreganhados da velha imprensa elitizada

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Os 8,5 mil médicos cubanos foram inseridos nesta realidade dentro do programa Mais Médicos que foi gerado num pacto entre a União e a Organização Pan-Americana de Saúde, com o apoio entusiasmado da OMS

Profissionais extraídos de um dos mais competentes sistemas de saúde do mundo foram remetidos para atender nossos pobres irmãos brasileiros espalhados pelos mais longínquos e miseráveis lugares do país, sobrevivendo espetados em palafitas, enfurnados em casas de taipa e expostos a uma infinidade de patologias. A maioria jamais sequer havia tido o prazer de conhecer um médico

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Em cinco anos de atividades, 113 milhões de atendimentos

O futuro governo extremista acusa os cubanos de terem promovido uma ruptura unilateral, com viés ideológico e exigia modificações no contrato.

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O contrato foi ratificado em 2017 pelas leis brasileiras através do STF, foi renovado pelo governo Temer, que passeia no mesmo calçadão ideológico bolsonarista ( apoiou com toda força as medidas do atual governo ) e essa história de "ruptura unilateral" merece uma observação retrospectiva das manifestações do presidente eleito, em relação aos médicos cubanos.

Manifestações agressivas e carregadas de preconceitos ideológicos.

- A ditadura cubana explora seus compatriotas
- Não temos qualquer comprovação de que eles sejam médicos
- Numa canetada vamos mandar todos esses cubanos de volta pra lá

Exigiu o pagamento integral aos médicos. Ora, a parcela repassada ao governo cubano serve exatamente aos reinvestimentos nas áreas sociais.
É uma fonte de renda que garante ao seu país manter um sistema de saneamento competente, o analfabetismo em taxa próxima de zero, zero de criança abandonada, zero de sem-teto, 100% de assistência integral ao idoso, além de um dos melhores Sistemas de Saúde do mundo
E são 62 países que continuam muito satisfeitos com o contrato e a competência dos médicos cubanos

A preocupação dos prefeitos de mais de 3 mil cidades brasileiras que perderam a assistência em seus municípios, referenciada em nota oficial da Frente Nacional de Prefeitos contrasta com a insensibilidade do presidente eleito, que critica o regime cubano sem lembrar de sua admiração pela ditadura militar

- "O cancelamento abrupto dos contratos em vigor representará perda cruel para toda a população, especialmente para os mais pobres"

A nota fala ainda dos 29 milhões de pobres brasileiros jogados à plena desassistência e solicita a compreensão de Bolsonaro pra que "recue de suas decisões drásticas"

O discurso violento, as prioridades voltadas em armar os brasileiros, um programa de governo enxergando a elite que lhe elegeu e a absoluta ausência de sensibilidade social, lamentável nobres prefeitos, mas impossível!

Seus pobres e miseráveis conterrâneos vão seguir carregando a mesma cruz que caracterizou todos os governos que antecederam o período do lulopetismo.

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