Israelenses queimam pneus pedindo o ataque final a Gaza e ministro pede demissão depois do fracasso da invasão

Fica claro que a Palestina precisa negociar, mas que pese sua responsabilidade no processo, não há muito mais para pedir a esta nação

Israelenses queimam pneus pedindo o ataque final a Gaza e ministro pede demissão depois do fracasso da invasão
Israelenses queimam pneus pedindo o ataque final a Gaza e ministro pede demissão depois do fracasso da invasão


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Nestes dias de violência ,é preciso olhar a imagem da entrada da cidade israelense de Sderot para entender a visão do conflito.Bloqueadas por pneus queimando, centenas de pessoas gritam para exigir "a destruição do Hamas e o ataque a Gaza de uma vez por todas". No dia seguinte, 14 de novembro, logo pela manhã, seguiu-se o bloqueio na parte comercial de Kerem Shalon,entre Israel e a Palestina bloqueada. Segundo a mesma linha da noite anterior, exigiam o "fogo baixo" criticando o governo por escolher a artilharia de maior altura de caráter mais defensivo.

A maioria dos israelense pressionam o governo de Benjamin Netanyahu, não pela uma solução necessariamente de paz, mas por um resultado prático de segurança, esquecendo que a escalada da violência em muito é reflexo do modelo de ocupação escolhido pelos sionistas. Corrobora para este ambiente os 460 foguetes e morteiros sem direção , lançados desde Gaza. Apenas 10 não foram interceptados e caíram em zona desabitada, atingindo mortalmente um palestino que trabalhava para um israelense.

As desavenças no Gabinete entre o chefe do executivo, Reuven Rivlin, defensor de uma posição mais moderada, e o ultra-direitista e Ministro da Defesa Avigdor Lieberman resultou no pedido de demissão deste último, aclarando o embate interno na administração israelense.

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Lieberman, aproveitou a visita de Netanyahu à França, devido a comemoração do centenário da primeira guerra, para golpear as negociações do governo com o Hamas contando com o auxílio da ONU e Egito. O ex-ministro é representante do partido de ultra-direita Ysrael Beitenu (Israel Nossa Casa) e junto com setor mais belicista do exército puseram em prática uma operação militar de invadir a Faixa de Gaza com a intenção de executar El Sheir Nur, destacado membro do Hamas. A ação foi descoberta , gerando um enfrentamento e resultando na morte do militar palestino bem como um tenente-coronel israelense, além de três militares sionistas feridos, levados em estado grave para o Hospital Soroka de Beer Sheva.

O fracasso desencadeou um intenso bombardeio aéreo e de artilharia por parte de Israel, causando a morte de seis palestinos.Ainda foram atacados a canal de TV Al-AQSA e um centro cultural. A resposta palestina mostrou as dificuldades para a população de Israel ter garantida sua segurança, o que levou a renúncia de Lieberman.

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Netanyahu, percebendo a situação delicada, suspendeu a visita à França, retirou o "fogo baixo" e tentou convencer o Egito a se manter na negociação diante da fracassada invasão. Comemorada pelo líder do Hamas, Ismail Haniya, a situação gera acirramento do nacionalismo extremo que leva a política de genocídio defendida por parte da população e que fortalece Lieberman em detrimento de Netanyahu, que enfrenta processos por comprovadamente ter recebido suborno. Afinal, a justificativa do ex-ministro de "razões inconciliáveis" serve como combustível para próxima eleição com data marcada para novembro de 2019, e quem sabe poderá ser antecipada com perdas de deputados da coalizão.

Avigdor Lieberman pode ser caracterizado por suas posições racistas e extremas. Foi porteiro de "night club" em Chisinau, capital da Moldávia na ex-república soviética, o técnico hidráulico, migrou em 1978 para terras ocupadas dos palestinos. Hoje reside em outra colônia sionista em Kordim na parte ocidental , também resultado de ocupação.

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No que diz respeito ao conjunto de suas ideias políticas pode-se citar a defesa pelo assassinato de Arafat, bombardear Teerã e Beirut,esmagar a Cisjordânia até não deixar"pedra sobre pedra", decapitar aqueles árabes-israelenses que sejam "desleais à Israel". Os devaneios de Liebarman se tornam ameaças reais a medida que ascende politicamente, não apenas como no início com apoio dos migrantes da antiga União Soviética, mas com abrangência nacional. Em 2016, poucos meses antes de assumir o ministério, declarou em entrevista ao jornal Al-Quds que " em Gaza como no Irã , querem eliminar o Estado israelense...se começarem uma guerra ,será a última guerra, pois eliminaremos a todos". São falas de Liebarman o " desejo da morte de todas as mães dos palestinos" ou de " jogar todos palestinos no Mar Morto se possível, já que é o ponto mais baixo do mundo".Uma clara alusão que pan-nacionalismo dialoga com um caráter racista e genocida.

Olhar para Netanyahu perto do ex-ministro pode trazer a ilusão de um político moderado. Em verdade o mandatário atua estrategicamente apenas pela situação delicada, acionando o "fogo alto"por 48 horas diante das desventuras militares israelense.Estas horas de aparente paz não impediu a marinha de Israel, que faz o bloqueio de 3 KM no mar frente a Gaza, matar Nawwaf al-Attar de 20 anos que pescava no limite autorizado. Nem mesmo impedir o desespero de Ahlam Al-Yazji ,a proprietária de um jardim de infância atingido pelo bombardeio. Neste dia 16, Israel não provocou mortes, mas deixou 40 feridos nas marchas de palestino perto da divisa.

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Em virtude destas informações mostra-se difícil lançar olhos com alguma esperança de paz. Fica claro que a Palestina precisa negociar, mas que pese sua responsabilidade no processo, não há muito mais para pedir a esta nação. Pelo lado de Israel, é preocupante a sensação que os dois principais políticos só olhem para um pan-nacionalismo que na prática ambiciona implantar um Estado onde já existia outro. O receio é latente quando se vislumbra que Netanyahu e Liebarman são legítimos representantes da maioria da população, aquela que queima pneus exigindo o "ataque final", esquecendo qualquer objetivo de paz.

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