"Ciristas" não existem

Ciro tem uma das retóricas mais fantásticas da política brasileira. Inteligente, apresentou uma proposta importante de combate ao bolsonarismo efervescente. O tempo foi mostrando que a luta de Ciro e dos "ciristas" era demogógica. Seria protagonizar a oposição, atingindo o PT. Queriam o protagonismo sem voto e com o PT escanteado

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Não há muito tempo percebemos que a insanidade de parcela dos eleitores brasileiros não era atributo apenas daqueles que apoiaram a candidatura antipovo do Jair Bolsonaro. Os bolsonaristas não estavam sós entre eles. Estavam acompanhados dos chamados "ciristas" ou, em outras palavras, protodireitistas com verniz de social-democratas.

Sem a necessidade de esforçar tanto a memória, vimos este grupo de insanos, com apoio informal ao Bolsonaro, crer que somente o Ciro Gomes era capaz de deter a onda fascista no segundo turno das eleições. A insanidade a que me refiro estava relacionada a uma simples equação: para vencer alguém no segundo turno, era necessário passar pelo primeiro.

Esta ânsia cirista foi baseada em pesquisas de opinião, cuja estabilidade era afetada com o menor das brisas e a cada gatilho de Whastapp ao custo total de R$ 12 milhões. O eleitor do Ciro (ou o como se chamavam, os "ciristas") acreditava que era preciso montar uma brigada intransigente e invasiva para deslocar os votos do Haddad ao presidenciável do PDT.

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O inimigo a ser batido não era o Bolsonaro, o que parecia ser lógico. Era o Haddad. A perseguição por estes votos sob a alegação de enfrentamento mais eficaz contra o fascismo foi um dos episódios mais toscos nesta campanha eleitoral (e olhe que a concorrência foi grande!).

Jovens neófitos e depolitizados entraram na moda cirista tais quais amantes esporádicos de futebol em tempos de Copa do Mundo.  Minavam da terra como walking deads, criticavam o PT, pediam sua tal "autocrítica" e alertavam que o partido deveria se submeter ao apoio à candidatura do Ciro Gomes sob todas as forças.

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Ora, o PT com seu capital eleitoral inegável e comprovado após as eleições (maior número de governadores eleitos, maior bancada na Câmara dos Deputados, 47 milhões de votos no segundo turno) teria que se render ao PDT  e a Ciro, que dança conforme a música da vez, seja no PSDB, no PSB, na conversa com o Centrão (do qual foi sumariamente limado em seguida), e que historicamente não passa dos 12% em suas jornadas eleitorais. Essa era a conta dos "ciristas".

Ciro tem uma das retóricas mais fantásticas da política brasileira. Inteligente, apresentou uma proposta importante de combate ao bolsonarismo efervescente. O tempo foi mostrando que a luta de Ciro e dos "ciristas" era demogógica. Seria protagonizar a oposição, atingindo o PT. Queriam o protagonismo sem voto e com o PT escanteado.

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Não bastou muito para que os "ciristas" fossem entregues à própria sorte no segundo turno da campanha presidencial. Ciro parte para Paris e vê o país pegar fogo enquanto toca violino. Esqueceu sua batalha contra o fascismo. O orgulho e a vaidade não deixaram integrar uma frente democrática. O resultado disso conhecemos bem.

Passadas as eleições e neste clima de pré-obscurantismo,  os "ciristas" desapareceram no subterrâneo. Por uma única razão: jovens neófitos, usados para tumultuar a esquerda, conseguiram informalmente deixar Bolsonaro mais robusto. "Ciristas" foram um fenômeno. Inexistente no período pós-eleitoral.  "Ciristas" não esbravejam mais por aí.

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Cirismo não é movimento, não é linha política, nem projeto. Foi um espasmo soberbo dos "isentões" antipetistas. Por isso, os "ciristas" não existem.  Cirismo não é uma coerência a seguir, nem os "ciristas" sabem a qual partido se filiar. Nem se trata de um posicionamento à esquerda ou contrário a Bolsonaro (do qual contribuíram para sua ascensão).

"Ciristas" (do PDT) apoiaram Carlos Eduardo (foto), candidato ao Governo do RN, que foi pedir as bênçãos a Jair Bolsonaro. Ciro Gomes esteve no Estado pedindo votos para Carlos Eduardo e pasmem, José Agripino -- o "Gripado" da lista de alcunhas da Odebrecht.

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Cid Gomes, o irmão do Ciro, pensa numa frente de oposição a Bolsonaro.  Deixou isso claro em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, no dia 19 de novembro. Seria uma frente com PDT, Rede, PSB, PPS e, possivelmente, PHS e PRB. O PT estaria fora. Ou seja, m centrão, uma oposição nutella, que não faria cócegas no Paulo Guedes.  Afinal, uma oposição onde a maior bancada da Câmara não faz parte, é fazer discurso no deserto.

Neste estica e puxa, se vai para o centro ou vem para centro-esquerda, os "ciristas" estão silentes. Não se manifestam, nem avaliam o próximo governo Bolsonaro. Sabe por que estão calados? Porque "ciristas" não existem.

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