O câncer de mama e a incidência em mulheres jovens

Pacientes com idade variando de 25 a 45 anos passam a serem diagnosticadas com neoplasia de mama de forma mais frequente do que no passado



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O câncer de mama acomete cerca de uma a cada 8 mulheres, mais predominantemente entre os 55 e 65 anos de idade. Entretanto, temos acompanhado um crescente número de mulheres mais jovens sendo atingidas por esta forma de tumor. Pacientes com idade variando de 25 a 45 anos passam a serem diagnosticadas com neoplasia de mama de forma mais frequente do que no passado.

Não estão inteiramente claras as causas deste fenômeno. Cerca de 85% a 90% das mulheres portadoras de câncer de mama desenvolvem a doença por causas não hereditárias, possivelmente relacionadas a fatores adquiridos, tais como tabagismo durante a menarca, etilismo, não terem tido filhos e/ou não terem amamentado, etc. Fatores que ganham cada vez maior importância nos dias atuais são o excesso de peso e o sedentarismo.

Nos últimos anos, uma grande quantidade de estudos vem claramente demonstrando que estes dois fatores não apenas aumentam o risco de desenvolvimento de câncer de mama para mulheres que nunca tiveram esta doença como também elevam o risco de recaída da doença para mulheres que tiveram o diagnóstico de câncer de mama no passado.

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Mudanças de hábito, tais como a incorporação de exercícios aeróbicos ou caminhadas (150 minutos/semana) na rotina das mulheres, associadas à preocupação em manter-se o peso dentro de índices de massa corporal normal (20 a 25), contribuem claramente para a redução do risco de desenvolvimento do câncer de mama.

Outro fator ambiental que vem contribuindo para o desenvolvimento do câncer de mama está associado a mudanças determinadas pelo nosso modo de vida. No tempo de nossas avós e bisavós, as moças costumavam ter sua primeira menstruação aos 15 ou 16 anos, imediatamente casavam-se, tinham muitos filhos e amamentavam a todos por tempo prolongado.

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Assim, uma mulher típica, vivendo no final do século XIX ou início do século XX, tinha cerca de 40 ciclos menstruais ao longo de toda a sua vida fértil. Nos dias de hoje, as meninas menstruam em idade cada vez mais precoce e não raramente têm sua primeira menstruação antes dos 12 anos de idade. Este fenômeno parece estar ligado à exposição precoce destas meninas à informação e imagens de conteúdo sexual, no mundo que as cerca.

Por outro lado, as mulheres contemporâneas tendem a ter seu primeiro filho cada vez mais tarde, têm um pequeno número de filhos, amamentam por pouco tempo, resultando, em média, na ocorrência de cerca de 400 ciclos menstruais ao longo de vida fértil, de maneira que suas mamas são expostas a uma estimulação estrogênica muito mais intensa do que tiveram suas ancestrais.

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Cerca de 10 a 15% dos casos ocorrem por conta de uma mutação genética ocorrida em um dos genes que aumenta o risco de desenvolvimento de câncer de mama. Dos diversos genes potencialmente responsabilizáveis por este problema, os genes BRCA1 e BRCA2 respondem pela grande maioria dos casos. Estes tumores caracteristicamente tendem a ocorrer em mulheres mais jovens, muito embora possam também manifestar-se mais tardiamente.

Mulheres que possuem em seu histórico familiar pacientes de primeiro grau (mãe, irmãs ou pai) portadoras de câncer de mama ou ovário devem procurar conversar com seus médicos a fim de esclarecer se estes casos parecem ou não enquadrarem-se em uma família de alto risco, na qual pode estar eventualmente indicada uma investigação oncogenética.

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Por tratar-se de uma doença muito frequente, algumas famílias apresentam mais de um caso, por pura coincidência. Assim, caberá ao médico avaliar se os casos parecem ou não guardar uma possível associação entre si.

Como é do conhecimento comum, o diagnóstico precoce dos tumores de mama tem contribuído de forma importante para o aumento dos índices de cura desta doença. Muito embora seja importante que a mulher conheça bem sua mama, o autoexame não constitui uma forma adequada de realizar-se diagnóstico de câncer de mama, uma vez que apenas os tumores palpáveis serão detectados.

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Quando falamos em diagnóstico precoce, estamos discutindo a detecção de lesões de diâmetro inferior a 1 centímetro, detectáveis apenas por métodos de imagem. Assim, a realização sistemática, anual, de mamografias deve ser adotada por todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade. Em mulheres portadoras de mutação, que aumenta seu risco de desenvolvimento de câncer de mama, estão indicadas avaliações com início mais precoce, exames mais frequentes, realizados a cada 6 meses e a incorporação da ressonância nuclear magnética na rotina de exames.

O diagnóstico precoce não apenas contribui para o aumento significativo da chance de cura do tumor, mas também frequentemente permite o emprego de cirurgias de menor extensão, com preservação da mama, permitindo alcançar excelentes resultados cosméticos. Por outro lado, o desenvolvimento de técnicas cada vez mais avançadas de cirurgias plásticas e de profissionais especialmente experientes em técnicas de reconstrução mamária pós-mastectomia permite que, mesmo mulheres que necessitam de uma mastectomia, possam alcançar excelentes resultados estéticos ao final de seu tratamento.

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Técnicas avançadas de patologia molecular vêm contribuindo sobremaneira para que um grande número de mulheres possa ser poupada da realização de quimioterapia pós-operatória, permitindo ao oncologista a seleção mais precisa das pacientes que necessitam receber esta forma de tratamento.

O desenvolvimento de novas medicações de suporte ao tratamento quimioterápico vem tornando este tratamento muito melhor tolerado do que no passado, e, quando empregadas as medicações mais eficazes na prevenção de náuseas, este sintoma passa a ser extraordinariamente incomum, ao contrário do que víamos em um passado relativamente recente.

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Resumindo, a utilização de modernos recursos diagnósticos e terapêuticos, aliados ao controle de eventuais fatores de risco, vem contribuindo importantemente para melhorarmos o prognóstico e a durabilidade do câncer de mama.

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