Médico estressado. Síndrome do burn-out também afeta os profissionais da saúde

De acordo com uma pesquisa, 44% dos jovens oncologistas sofrem de estresse ocupacional. Mas de 20 a 50% dos médicos estão envolvidos, dependendo da sua especialidade

Médico estressado. Síndrome do burn-out também afeta os profissionais da saúde
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Por Sandrine Cabut – Le Figaro 

Quase a metade dos residentes em oncologia já apresentam sinais de esgotamento ocupacional, de acordo com um estudo francês apresentado recentemente no congresso anual do European Society for Medical Oncology (Sociedade Europeia de Oncologia Médica, em Milão (Itália). Descrita em praticamente todas as profissões, esta síndrome, também chamada de «burn-out», em inglês, tem sido bem documentada nas profissões médicas: 20 a 50% dos médicos estão envolvidos, dependendo do tipo de prática e da especialidade. Mas até agora, havia pouca evidência entre estudantes de medicina.

Pierre Blanchard (Instituto Gustave-Roussy, Villejuif) e seus colegas enviaram um questionário aos 340 residentes em curso de especialização nas três áreas da oncologia (oncologia médica, radioterapia e hematologia). Dos 206 que participaram de forma anônima, 44% preencheram os critérios do «burn-out», que é definido por três componentes: uma exaustão emocional, uma despersonalização das relações com os outros e uma sensação de baixa realização pessoal. A pesquisa, realizada em 2009, também mostra que 20% destes jovens médicos tomavam regularmente ansiolíticos ou soníferos. Uma proporção significativa considerava «frequentemente ou muito frequentemente » desistir da medicina (15%) ou mudar de especialidade (11%). «Essa pontuação de 44%, embora esteja de acordo com os resultados esperados ao utilizar esta escala, reflete realmente um sofrimento do qual é importante investigar as causas, comenta Pierre Blanchard. Mas o esgotamento ocupacional não é sinônimo de doença.»

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Confrontados à morte

Em outros estudos, o «burn-out» foi correlacionado com aumento do risco de suicídio e uma alteração das relações com os pacientes (menos empatia, aumento do risco de erros médicos), indica, no entanto o Dr. Laurence Albiges, que apresentou os resultados do estudo francês no Congresso de Milão. Nestes jovens oncologistas, foram identificados cinco principais fatores de estresse, começando por uma «forte carga emocional» de uma profissão onde a pessoa é frequentemente confrontada com a morte. Há também a carga pesada do trabalho, as questões relacionadas com o estatuto de residente (sem visibilidade real sobre sua carreira) ou mais existenciais, e finalmente, as solicitações excessivas por parte dos pacientes ou seus familiares. A síndrome de esgotamento ocupacional era mais frequente nos residentes que não se sentiam suficientemente reconhecidos ou recompensado pelo seu trabalho, observam os autores.

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Os oncologistas mais experientes não são poupados de tais dificuldades. «Vivemos em equilíbrio precário. É difícil ver um paciente partir, mesmo tendo 70 anos de idade », testemunhou o Dr. Fortunato Ciardello (Nápoles) durante a mesa redonda organizada sobre o tema no congresso de Milão. Em sua opinião, qualquer médico que trabalha em oncologia é confrontado um dia ou outro e em graus diferentes ao «burn-out». Após esta pesquisa nacional, sistemas de tutoria por pares mais experientes estão tentando se organizar na França, bem como a possibilidade - já efetiva em Paris - de participar de grupos de discussão especializados. Outras especialidades e sindicatos de residentes têm abordado a questão, de acordo com Laurence Albiges.

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