Segunda opinião médica. Precaução contra erros de diagnóstico

Pelas razões mais diversas, um médico pode se enganar e produzir um diagnóstico equivocado. Por isso, nos casos mais complexos de doenças graves, raras ou com potencial incapacitante, ou quando o primeiro médico tem dúvidas, a busca de uma segunda opinião se impõe. Na França, um site Internet oferece uma segunda opinião para moléstias graves

Segunda opinião médica. Precaução contra erros de diagnóstico
Segunda opinião médica. Precaução contra erros de diagnóstico


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 Por: Anne Prigent – Le Figaro Santé

Há cinco anos, manifestei um câncer de próstata. O primeiro cirurgião que visitei me propôs duas opções: uma ablação radical da próstata, ou uma radioterapia. Um amigo sensato me aconselhou procurar uma segunda opinião, e foi o que fiz. O segundo especialista estimou, após duas consultas e alguns exames complementares, que, no meu caso, esses tratamentos pesados não eram necessários, pois uma vigilância ativa do problema seria suficiente”, conta Bernard, que hoje tem 77 anos, e não lamenta ter preferido seguir a segunda opinião.

Agora, na França, Bernard poderia obter essa segunda opinião através da Internet, pela soma de cerca 300 euros (R$ 1.100,00). Com efeito, o site deuxiemeavis.fr propõe a pacientes que sofrem de uma “doença grave, rara ou potencialmente incapacitante” preencher um questionário e anexar seus exames de saúde, para obter uma “segunda opinião médica”, em menos de sete dias, emitida por médicos que possuem um alto grau de especialização na sua doença”. Esse site Internet, avalizado pela Comissão Nacional da Informática e das liberdade (Commission nationale de l'informatique et des libertés), (Cnil), é referendado por alguns grandes nomes da medicina francesa e pelo Comitê Interassociativo de Saúde (Comité interassociatif sur la santé), (Ciss), representando os pacientes. Mas esse oferecimento de serviços, sobretudo por causa do seu alto custo, foi vivamente criticado por certos sindicatos de médicos liberais e pelo Conselho Nacional de Medicina.

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A polêmica surgida, no entanto, tem o mérito de levantar um certo número de questões. Existe uma necessidade real de se procurar uma segunda opinião no caso de doenças graves? Como obtê-la e a que preço? Em quais circunstâncias?

Em caso de incerteza

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Dados a respeito da questão são, de modo geral, e em todo o mundo, quase inexistentes. Impossível saber quantas pessoas em média solicitam uma segunda opinião médica. «Menos de 10% dos meus pacientes necessitam de uma segunda opinião. Eu a sugiro no caso de moléstias difíceis de serem diagnosticadas ou em casos de incerteza. Uma pessoa de cada duas prefere se limitar à primeira opinião”, explica o médico Claude Leicher, presidente da MG France. O Instituto Gustave-Roussy, centro de referência em cancerologia que propõe gratuitamente uma solicitação de segunda opinião online, recebe entre 4 mil e 5 mil solicitações por ano.

Para o Ciss, a segunda opinião deveria se tornar uma providência sistemática quando as pessoas se confrontam com diagnósticos e escolhas terapêuticas pesadas, com consequências potencialmente incapacitantes, ou quando se trata de doenças graves ou raras. «Nesses casos, todo bom médico deveria propor uma segunda opinião”, insiste Claude Rambaud, vice-presidente da associação. A médica Suzette Delaloge, oncologista no Instituto Gustave-Roussy, acrescenta algumas nuances: “No câncer de mama, por exemplo, pedir uma segunda opinião sistemática não se justifica. Sobretudo porque às vezes é perigoso retardar a cirurgião enquanto o câncer continua a progredir. Mas quando você não compreende a decisão do médico, ou não está de acordo com ele, não hesite em procurar uma segunda opinião”. Representantes de pacientes e médicos estão de acordo em um ponto: a segunda opinião é um direito dos pacientes. “Não podemos nos opor a isso. Pelo contrário, somos os primeiros a aconselhá-la quando percebemos que o paciente está hesitante”, afirma o médico Christian Castagnola, vice-presidente da Associação Francesa de Urologia.

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Reuniões de diálogo multidisciplinar

O Instituto Gustave-Roussy recebe cerca de 1500 solicitações anuais para o câncer de mama. Os dossiês enviados são muito variados, e vão desde situações bem simples a questões de mastectomia, quimioterapias complexas, etc. «Não é frequente que estejamos em desacordo com nossos colegas. A cancerologia, de modo geral, alcançou um bom nível na França, e as reuniões de diálogo multidisciplinar existem para proteger os pacientes». Os estabelecimentos de saúde são por sinal instados a reunir um colégio de médicos logo após o diagnóstico do paciente a fim de lhe propor um plano de tratamento. Tais reuniões de diálogo multidisciplinar permitem o confronto de pontos de vista e das opiniões sobre as abordagens mais adequadas para cada caso. Mas, apesar de tudo isso, o sistema não é infalível. Claude Rambaud lembra o caso recente de uma mulher jovem tratada com quimioterapia de um câncer de colo de útero diagnosticado erroneamente. «É preciso saber que entre 5 a 15% dos efeitos indesejados ligados a um tratamento decorrem de um erro de diagnóstico. Além disso, estudos norte-americanos demonstram que cerca de 5% dos pacientes sofrem erros de diagnóstico», ressalta Claude Rambaud.

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