Coração. Verdades e mentiras sobre nosso órgão pulsante

Ele é essencial para a vida e simboliza o sentimento mais nobre: Le Figaro Santé passa a medicina em revista, para apresentar 15 ideias pré-concebidas sobre o coração.

Coração. Verdades e mentiras sobre nosso órgão pulsante
Coração. Verdades e mentiras sobre nosso órgão pulsante (Foto: zimmytws)


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Por Sarah Laîné - Le Figaro Santé

 

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1 - As doenças cardíacas poupavam nossos antepassados

Não é verdade. Uma equipe internacional de cientistas examinou com scanner, os corpos de 137 múmias cobrindo cerca de quarenta séculos. As análises publicadas em 2013 revelaram que os homens são afetados pela aterosclerose há pelo menos 4 mil anos. Um terço das múmias tinha de fato artérias obstruídas por depósitos de gorduras. Responsável pelo infarto ou pelo acidente vascular cerebral, a aterosclerose não seria apenas uma doença do nosso mundo moderno. A idade seria realmente o primeiro fator de risco, mesmo que o sedentarismo, o tabagismo, o diabetes, a obesidade ou ainda a “junk food” favoreçam a ocorrência desta doença. Vários estudos têm demonstrado a influência do estilo de vida sobre as doenças cardíacas.

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2 - Podemos viver sem coração

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Sim, mas por enquanto apenas por curtos períodos de tempo. Em 2009, Jakub Halík, um checo de 38 anos de idade, faleceu após ter vivido por seis meses sem coração: um recorde mundial. Vítima de um tumor cardíaco muito raro, os médicos tiveram que substituir o órgão doente por um coração artificial composto por duas bombas mecânicas. Mais recentemente, o primeiro paciente francês transplantado com um coração artificial autônomo, viveu 75 dias.

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3 - O “coração partido” é apenas uma figura literária

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Não é bem assim. Um acidente, a perda de um ente querido ou qualquer outro trauma psicológico importante pode partir seu coração, no sentido literal da palavra. A “síndrome dos corações partidos”, “falso infarto do estresse” ou ainda “síndrome de Takotsubo” é uma verdadeira patologia cardíaca, que pode ocorrer após um choque emocional ou físico violento. Os sintomas clínicos imitam os de um infarto. Algumas áreas do músculo cardíaco não se contraem mais normalmente devido a uma liberação excessiva das catecolaminas, os hormônios do estresse. Afetando principalmente as mulheres, esta doença apresenta geralmente uma evolução favorável. A maioria dos pacientes recupera o estado de saúde normal após três a seis meses de tratamento.

 

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4 - Tossir permite escapar de um ataque cardíaco

Bobagem. Nos últimos anos, informações falsas circulam nas redes sociais: seria possível escapar de um ataque cardíaco ao tossir vigorosamente no início dos sintomas. A solução parece simples, mas não se baseia em nenhum estudo científico. Pelo contrário, durante a ocorrência de um infarto, tossir vigorosamente pode causar uma despesa de energia desfavorável. Em caso de dor torácica persistente, muitas vezes associada a uma sensação de mal-estar, o único bom reflexo é chamar o SAMU com urgência.

 

5 - Escovar os dentes não tem nada a ver com o coração

Errado. Vários estudos têm demonstrado as ligações entre a saúde bucal e a saúde do coração. Em 2011, trabalhos efetuados por cardiologistas taiwaneses em mais de 100 mil pacientes mostraram que retirar o tártaro dos dentes (pelo menos uma vez por ano) reduz em 24% o risco de ataque cardíaco e de 13% o de acidente vascular cerebral, em comparação com pessoas que nunca receberam cuidados odontológicos. Em 2013, um novo estudo americano forneceu uma explicação pela primeira vez. De acordo com os pesquisadores, as bactérias dentárias poderiam contribuir para a formação de placas (ateroma) na parede das artérias. E a aterosclerose é responsável pela grande maioria dos casos de acidentes cardiovasculares.

 

6 - A insuficiência cardíaca não é fatal

A insuficiência cardíaca afeta quase um milhão de pessoas na França. Ela é a terceira causa de morte por doença cardiovascular, atrás de acidentes vasculares cerebrais e infartos. Ela se refere a quase todas as pessoas com idade superior a 65 anos. Em 2013, pesquisadores franceses publicaram um estudo mostrando que a mortalidade por insuficiência cardíaca tinha diminuído de 30% entre 2000 e 2010, com 23.882 mortes registradas em 2010. Resultados muito animadores. No entanto, apesar de melhores cuidados, essa patologia ainda tem um prognóstico pobre e continua a ser uma causa frequente de internação entre os idosos (200 mil estadias curtas em 2007, na França).

 

7 - Não é possível ter relações sexuais quando somos cardíacos

O sexo e as doenças cardíacas não se misturam? Sim, de acordo com especialistas da American Heart Association. De acordo com suas conclusões publicadas em 2012, a atividade sexual é admissível na ausência de sintomas e sujeita a certos prazos em caso de acidentes cardiovasculares ou de cirurgia. “O risco absoluto de sofrer um acidente cardiovascular durante uma relação sexual é mínimo”, tranquilizam os cardiologistas. Assim, a atividade sexual é, por exemplo, a causa de menos de 1% de todos os infartos agudos. No entanto, os médicos incentivam a prática de exercício físico regular e a reabilitação cardiovascular para facilitar a retomada da atividade sexual.

 

8 - O câncer do coração não existe

Errado. Embora extremamente raros, os cânceres do coração existem. De modo geral, os tumores se desenvolvem devido à proliferação descontrolada das células. Mas as células musculares do coração são incapazes de se dividir (as divisões são feitas antes do nascimento). Esta característica específica fornece, portanto, alguma proteção ao coração contra o câncer. No entanto, tumores raros podem se desenvolver na membrana que envolve o coração (pericárdio) ou no tecido conjuntivo dos átrios, porque eles não são constituídos por células do coração. A maioria dos cânceres que afetam o coração constituem, na verdade, metástases produzidas por células tumorais de outros órgãos já afetados.

 

9 - A gripe favorece o infarto

A possibilidade é remota. Em 2013, um estudo australiano avaliou em 45% a diminuição do risco de infarto do miocárdio em pessoas com mais de 40 anos, vacinadas contra a gripe sazonal. Se foi observado o aumento dos casos de infarto durante a temporada de gripe durante várias décadas, o impacto do vírus da gripe sobre os acidentes cardíacos nunca foi claramente estabelecido. Os resultados australianos devem, portanto, ser considerados com cautela. Outros estudos de maior escala são, portanto, necessários para entender melhor esse fenômeno. Notemos, porém, que o vírus da gripe pode alcançar o coração e provocar uma miocardite. O músculo cardíaco pode então se contrair de modo anormal ou se dilatar e provocar a insuficiência cardíaca.

 

10 - O casamento é bom para o coração

Depende do tipo de casamento. De acordo com uma equipe de pesquisadores norte-americanos, as pessoas casadas são menos propensas a desenvolver doenças cardiovasculares que as pessoas solteiras, viúvas ou divorciadas. Mulheres ou homens, as pessoas casadas têm 5% menos riscos que uma pessoa solteira para todo tipo de doenças cardiovasculares. Os resultados foram mais marcantes para os casais mais jovens. É necessário portanto se apressar para ir ao cartório? Não, porque um casamento ruim pode ser fonte de grande estresse para os cônjuges, o que seria de modo geral bem mais prejudicial do que uma vida de solteiro serena.

 

11 - O animal cujo coração bate mais rápido é o beija-flor

No reino animal, a frequência cardíaca é inversamente proporcional ao tamanho. Assim, quanto menor for o animal, mais seu coração bate rápido e mais ele respira rápido, porque suas necessidades em oxigênio são mais importantes. É assim que o coração da baleia cinza bate nove vezes por minuto! Enquanto a frequência cardíaca do beija-flor pode chegar até 1 200 pulsos por minuto, um recorde igualado por certas espécies de musaranhos. Dados que tornam esse pássaro e esse roedor os animais cujo coração bate mais rápido. O do pardal, por sua vez, pode chegar a 600 batimentos por minuto.

 

12 - Devemos aos antigos a expressão “aprender de cor”

Na Antiguidade, Aristóteles considerava o coração como a sede da inteligência e do bom senso. Foi somente na Idade Média que, na Europa, nasceu a expressão “jantar pelo coração”. O que significava “deixar de comer”, usando a imaginação e a memória para “encher” o estômago vazio. A expressão “conhecer de cor” surgiu pela primeira vez no século 16 nos escritos de Rabelais que se referiu ao “saber de cor”. Apesar da descoberta da verdadeira função cardíaca pelo médico William Harvey no século 17, a expressão tem persistido até hoje.

 

13 - As crises cardíacas ocorrem mais na parte da manhã

De acordo com um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Friburgo, na Suíça, a probabilidade de morrer de parada cardíaca varia durante o dia. O ritmo de nosso coração está realmente regulado pelo nosso relógio interno. Se este último se desregular – o que ocorre com mais frequência com a idade – isso pode perturbar o ritmo ou até mesmo provocar uma parada cardíaca. Mas esse tipo de evento ocorre claramente com mais frequência na parte da manhã, ao acordar e à noite, de acordo com os cardiologistas. Médicos canadenses também têm demonstrado que o trabalho noturno aumenta o risco de ataque cardíaco, os horários noturnos perturbam de fato o relógio biológico.

 

14 - Nunca recuperaremos todas as nossas capacidades após um infarto

Todo ano, ocorrem cerca de 120 mil infartos do miocárdio na França. Essas paradas cardíacas são responsáveis por uma média de 18 mil mortes por ano. Mas o prognóstico tem melhorado significativamente, de modo que a mortalidade pós-infarto após 30 dias diminuiu em 68% no decorrer dos últimos quinze anos. As vítimas também recebem cuidados melhores após seu acidente. Através da reabilitação física, os pacientes podem não somente recuperar todas as suas capacidades, mas até mesmo melhorá-las. A retomada de uma atividade esportiva deve ser feita gradualmente. Com uma alimentação mais equilibrada, a reabilitação física reduz o risco de recorrência pela metade.

 

15 - Levantar pesos e halteres promove a hipertensão

Bem praticada, a musculação ou qualquer outra atividade física de resistência reduz a tensão em indivíduos hipertensos. Claro, como em qualquer prática de exercício físico, a tensão aumenta quando se levanta pesos, mas essa atividade não pode ser a causa de uma hipertensão a longo prazo. No entanto, em pacientes hipertensos, esse tipo de atividade deve ser moderado e controlado. Assim, é aconselhável não levantar o equivalente a mais de 50% do peso máximo, fazer movimentos completos (sem marcar a parada) e não bloquear a respiração. Finalmente, é melhor associar ao levantamento de pesos uma atividade física de resistência (ciclismo, natação, corrida, caminhada, etc).

 

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