Trabalhador grisalho. Como sobreviver após superar a barreira dos 50 anos

Se ela é sinônimo de experiência, a idade também costuma ser acompanhada por uma maior vulnerabilidade em relação a certos riscos. Daí a necessidade de se organizar e se poupar para enfrentar com sucesso a fronteira da terceira idade.

Trabalhador grisalho. Como sobreviver após superar a barreira dos 50 anos
Trabalhador grisalho. Como sobreviver após superar a barreira dos 50 anos (Foto: BBC)


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Por: Anne Lefèvre-Balleydier – Le Figaro Santé 

 

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“O envelhecimento não acontece subitamente, de um momento para outro. Ele é um processo contínuo inerente ao próprio transcorrer da vida, durante o qual as capacidades se transformam e as competências evoluem. Quando o envelhecimento se apoia em condições de trabalho de boa qualidade, isso pode ser uma grande oportunidade não apenas para o trabalhador mas também para todos aqueles que fazem parte do seu grupo”, explica Catherine Delgoulet,  professora e pesquisadora no Laboratório do Trabalho da Universidade Paris-Descartes.

A fronteira dos 50 anos é, em toda a parte, um desafio no mundo profissional. Isso é ainda mais verdadeira quando nos encontramos submetidos a pressões temporais, físicas, psíquicas ou ligadas à organização: cadeia de montagem, carregamento de cargas pesadas, posturas penosas e desconfortáveis, horários atípicos, mudanças brutais de métodos e plannings de trabalho, etc. Nessas condições, o declínio associado ao envelhecimento pode se amplificar, e nossa saúde pode ficar ameaçada. Claro, as estatísticas mostram que os acidentes de trabalho são menos frequentes com os seniors do que com o resto dos trabalhadores. Mas, quando acontecem, costumam ser mais graves. Daí a importância de se precaver...

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Acidentes mais raros, porém mais graves

Baseando-se em relatos de acidentes, dois especialistas do Instituto Nacional de Pesquisa de Segurança (INRS, França) ressaltam: “Fala-se com frequência de um comportamento mais responsável dos seniors em relação aos mais jovens em relação à segurança”. Mas em sua análise, Claude Tissot e Jean-Claude Bastide também notam que “certos relatos mostram casos de subestimação do risco malgrado uma experiência profissional confirmada”. Os dois pesquisadores detectam, além disso, que “a gravidade do acidente é o primeiro critério que caracteriza os trabalhadores em processo de envelhecimento”, com 72% de acidentes mortais entre os que têm mais de 45 anos, contra 56% para os que têm menos dessa idade.

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Trata-se de uma tendência que acaba de ser confirmada por uma pesquisa publicada em abril último pela Saúde Pública Francesa, da qual um relatório aponta para o período 2011/2012 um índice de acidentes graves duas vezes mais elevado para os que têm mais de 50 anos (ou seja 12% contra 6%) para os trabalhadores de regime geral e também para os que estão no regime agrícola. Como deixa claro Julien Brière, epidemiologista da Agência Nacional de Saúde Pública (França), “o fenômeno é ainda mais marcante para as mulheres, com uma frequência de acidentes mais elevada que para o conjunto de trabalhadores no que diz respeito a quedas de lugares altos e também para tombos por escorregões na superfície do terreno, causadas por passos em falso ou por perda do equilíbrio. Partindo de constatações do gênero, existe realmente a necessidade de campanhas de prevenção. Mas concretamente, o que se deve fazer para possibilitar a todos um bom envelhecimento sem deixar de trabalhar?

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Necessidade de quatro vezes mais claridade

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Os especialistas do INRS possuem muitas propostas nesse sentido. Em se tratando de trabalho físico, eles recomendam suprimir o mais possível as tarefas mais penosas para os seniors, lançando-se mão de alguma ajuda mecânica (por exemplo, as máquinas que servem para se levantar objetos pesados). Ou ainda, usar o recurso do trabalho coletivo, em equipe, de modo que os esforços violentos não sejam desempenhados pelos mais idosos. Ao mesmo tempo, preconiza-se a rotatividade das pessoas empenhadas em alguma tarefa, para se evitar a fadiga e o desgaste representados pelos gestos e movimentos repetitivos e por períodos demasiado longos.

De modo paralelo, aconselha-se também a otimização da organização entre os trabalhadores, para evitar que os seniors atuem em horários atípicos, e para impedir que o ritmo do trabalho seja ditado por máquinas ou por jovens inexperientes. Por fim, o INRS preconiza a redução dos níveis de ruído, da quantidade de mensagens sonoras e visuais, bem como a adaptação da iluminação ao ambiente de trabalho: aos 60 anos, uma pessoa precisa de quatro vezes mais claridade do que aos 20 anos para conseguir ver bem.

Facilitar o teletrabalho

Tais recomendações coincidem em boa parte com aquelas que são preconizadas pelo Top Employers Institute. Especializado na certificação da qualidade das condições de trabalho – sem levar em conta as diferentes idades dos trabalhadores -, esse organismo ressalta vários pontos: a necessidade de espaços de trabalho mais silenciosos e tranquilos, a existência de equipamentos esportivos, a possibilidade de teletrabalho, ouvir os trabalhadores, ou ainda a colocação à disposição de ferramentas destinadas a pilotar a sua formação e o seu bem-estar. Tais providências parecem ser um dos principais favores que favorecem o grande progresso da Finlândia, por exemplo, um país no qual, hoje, a média  de seniors que permanecem trabalhando até uma idade bem avançada é de 63%. Quanto à França, certas grandes empresas assinaram acordos coletivos, por exemplo, para facilitar a passagem ao tempo parcial (part-time) ou ao teletrabalho (homework) a partir da idade de 54 anos.

Deve-se dizer ainda que, de maneira geral, a idade é muito frequentemente percebida de forma negativa no mundo do trabalho: ela é o primeiro item na lista dos motivos de discriminação. É preciso encontrar rapidamente uma solução para isso, tendo-se em vista o envelhecimento geral da população. Manter ativos os mais idosos que desejam permanecer trabalhando é uma evolução sociocultural que, em nossos países, precisa ser considerada.

 

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