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Brasília

Após revelar detalhes de inquérito sobre Temer, Segovia culpa imprensa por vazamentos

O diretor-geral da PF atribuiu à imprensa a responsabilidade de expor investigados que, eventualmente, não tenham cometido crime, diz a jornalista Lilian Taha; segundo o diretor-gera da PF, Fernando Segovia, "a polícia, quando chega nas conclusões a que chega – e, de repente, não a uma que a imprensa goste, ou quando alguns setores da sociedade acham que aquela conclusão não foi a mais adequada –, ela [a imprensa] vem e ataca, dizendo que a polícia está protegendo fulano de tal ou ajudando o governo tal. Não é ajudando"

O diretor-geral da PF atribuiu à imprensa a responsabilidade de expor investigados que, eventualmente, não tenham cometido crime, diz a jornalista Lilian Taha; segundo o diretor-gera da PF, Fernando Segovia, "a polícia, quando chega nas conclusões a que chega – e, de repente, não a uma que a imprensa goste, ou quando alguns setores da sociedade acham que aquela conclusão não foi a mais adequada –, ela [a imprensa] vem e ataca, dizendo que a polícia está protegendo fulano de tal ou ajudando o governo tal. Não é ajudando" (Foto: Leonardo Lucena)
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Por Lilian Taha, Grande Angular, no Metrópoles - Minutos depois de revelar, em entrevista à Reuters, na sexta-feira (9/2), que inquérito envolvendo o presidente Michel Temer (MDB) poderia ser arquivado por falta de provas, o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, recebeu o Metrópoles em seu gabinete, na sede da PF. Na ocasião, fez críticas à imprensa por “vazamentos de investigações” correndo em sigilo.

Embora Fernando Segovia tivesse, momentos antes, comentado detalhes sobre o inquérito dos portos, indicando que Temer deve ser poupado, o diretor-geral da PF defendeu que a exposição de investigados e do conteúdo das apurações só ocorra depois de encerrado inquérito policial e após a Justiça decretar a quebra de sigilo. Mas, ao falar sobre um procedimento sigiloso cujo alvo é o presidente da República, o diretor da PF fez exatamente o contrário.

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“A investigação tem uma natureza sigilosa para que não se exponha as pessoas, porque, quando se chega à notícia de determinado crime, apontam-se determinadas pessoas, e pode ser que elas não tenham cometido aquele crime ou pode ser que o fato não tenha acontecido”, disse Segovia ao Metrópoles.

O diretor-geral da PF atribuiu à imprensa a responsabilidade de expor investigados que, eventualmente, não tenham cometido crime. “Quando há um vazamento de informações e a imprensa expõe esse vazamento, ela atinge algumas pessoas e, de repente, essas pessoas até não responderam por aquele crime, porque estava em fase de investigação”, afirmou o número um da PF.

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"Por isso a polícia, quando chega nas conclusões a que chega – e, de repente, não a uma que a imprensa goste, ou quando alguns setores da sociedade acham que aquela conclusão não foi a mais adequada –, ela [a imprensa] vem e ataca, dizendo que a polícia está protegendo fulano de tal ou ajudando o governo tal. Não é ajudando"

Para reforçar seu argumento de que a mídia erra ao precipitar a divulgação de investigações em curso, Segovia citou o caso da Escola Base, de 1994. O episódio ficou conhecido como um dos mais marcantes equívocos cometidos por veículos de comunicação. Na época, a mídia deu ampla cobertura a denúncias de que os donos da instituição teriam abusado de crianças da educação infantil. A escola foi depredada e acabou fechada. Dias depois, a polícia encerrou o inquérito por falta de provas e os envolvidos foram inocentados.

Vazamentos
Segovia ainda disse, em entrevista ao Metrópoles, ter convicção de que a gestão anterior à sua (Leandro Daiello) se excedeu em vazamentos de operações da PF.

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“Com certeza, os vazamentos que aconteceram nos últimos anos sempre foram prejudiciais, principalmente à própria sociedade. Quando há vazamento de informação sem conclusão do trabalho, pode haver radicalização. A população pode ser induzida a acreditar que as pessoas cometeram aqueles crimes, mas de repente nem cometeram. De repente, nem houve o crime”, afirmou.

Na entrevista à Reuters, ao revelar minúcias do teor das apurações sobre Temer e adiantar que a conclusão deve ser pelo arquivamento, Segovia deflagrou uma crise. No meio político, as declarações dele foram interpretadas como uma espécie de blindagem ao presidente da República. A indicação do delegado para o comando da Polícia Federal, em novembro do ano passado, já havia sido alvo de questionamentos, devido à suposta proximidade do policial com integrantes do MDB.

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Lava Jato

O diretor da PF ainda reforçou que as investigações da Lava Jato não terminaram e, nos próximos meses, podem ocorrer operações com prisão. “Ampliamos toda as equipes de investigação. O que a gente quer é mais operação, mais apuração, e que a Justiça seja feita. Se houver necessidade de prisão, muita gente ainda vai ser presa ou muita gente vai ser investigada, tanto em Brasília como no país”, destacou.

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Desgaste federal
A crise que atingiu o diretor-geral da Polícia Federal estourou com a publicação da entrevista concedida à Reuters, na qual o número um da corporação afirmou que a tendência da PF é recomendar o arquivamento da investigação contra o presidente Temer. Segundo a agência, Segovia revelou que, até o momento, as investigações não comprovaram pagamento de propina por parte de representantes da empresa Rodrimar, que opera áreas do Porto de Santos (SP), para a edição do decreto que prorrogava contratos de concessão e arrendamento portuários, assinado pelo emedebista em maio de 2017.

Essa é a única apuração formal contra o presidente ainda em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), requerida pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

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"O que a gente vê é que o próprio decreto, em tese, não ajudou a empresa. Em tese, se houve corrupção ou ato de corrupção, não se tem notícia do benefício. O benefício não existiu. Não se fala e não se tem notícia ainda de dinheiro de corrupção, qual foi a ordem monetária, se é que houve, até agora não apareceu absolutamente nada que desse base de ter uma corrupção", disse Segovia à Reuters.

 

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