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Brasília

Aras tenta tumultuar julgamento sobre suspeição de Moro, aponta defesa de Lula

Na petição enviada ao Supremo nesta sexta, os advogados dizem que o procurador mente ao dizer que o MPF não teve tempo de se manifestar sobre as mensagens. Elas foram anexadas ao processo no dia 13 de junho deste ano. E a ex-PGR Raquel Dodge se manifestou sobre elas no dia 21 do mesmo mês. Para a defesa de Lula, a manifestação de Dodge foi desconsiderada pela equipe do atual PGR, Augusto Aras, “por erro ou má-fé”

(Foto: Reprodução/TV Record)
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Por Pedro Canário, no Conjur – A Procuradoria-Geral da República quer “tumultuar o bom andamento” do Habeas Corpus em que o ex-presidente Lula alega a suspeição do ex-juiz Sergio Moro para julgá-lo, afirmam seus advogados. Em petição enviada ao Supremo Tribunal Federal nesta sexta-feira (6/12), a defesa do ex-presidente afirma que a manifestação enviada pela PGR ao tribunal na quinta-feira (5/12) quer apenas “postergar indevidamente a continuidade do julgamento de mérito”.

Os advogados de Lula, Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins, se referem à manifestação do subprocurador-geral José Adonis de Araújo Sá. Em documento de mais de 30 páginas, ele afirma que o HC do ex-presidente não deve ser julgado agora porque o Ministério Público não teve tempo de se manifestar sobre “fatos novos” apresentados pela defesa. O procurador também diz que, como Lula não está mais preso, seu pedido não tem mais “densidade jurídica” para ser julgado com pressa.

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Esses “fatos novos” são as mensagens de Telegram trocadas entre os procuradores da “lava jato” e Moro divulgadas pelo site The Intercept Brasil a partir de junho. De acordo com a defesa de Lula, as mensagens comprovam a suspeição de Moro e dão força à tese de que ele não poderia julgá-lo.

Na petição enviada ao Supremo nesta sexta, os advogados dizem que o procurador mente ao dizer que o MPF não teve tempo de se manifestar sobre as mensagens. Elas foram anexadas ao processo no dia 13 de junho deste ano. E a ex-PGR Raquel Dodge se manifestou sobre elas no dia 21 do mesmo mês. E opinou pelo desentranhamento delas, já que, segundo ela, foram obtidas de maneira ilegal e não houve perícia que atestasse sua veracidade.

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Para a defesa de Lula, a manifestação de Dodge foi desconsiderada pela equipe do atual PGR, Augusto Aras, “por erro ou má-fé”. “O conteúdo da extemporânea manifestação ministerial não se sustenta: a suspeição do então juiz federal Sergio Moro é de clareza solar diante dos inúmeros fatos apresentados e comprovados pela Defesa do Impetrante no momento da impetração deste habeas corpus, que foram ulteriormente reforçados pelas mensagens divulgadas pelo portal The Intercept e por diversos outros veículos de imprensa”, diz a petição.

“Densidade jurídica”
O julgamento do Habeas Corpus pela 2ª Turma do Supremo já começou. Em dezembro de 2018, o ministro Luiz Edson Fachin, relator, e a ministra Cármen Lúcia votaram pela rejeição do pedido, já que não há provas da parcialidade de Moro. O ministro Gilmar pediu vista, interrompendo o julgamento.

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As mensagens de Telegram ainda não tinham sido divulgadas. A primeira reportagem do Intercept com elas foi publicada no dia 9 de junho deste ano.

Lula ainda estava preso na época. Por isso, no dia 25 do mesmo mês, o ministro Gilmar levou ao colegiado uma proposta: como as mensagens do Intercept podem dar mais complexidade a um caso já complicado, que se concedesse uma liminar para Lula responder em liberdade. A proposta foi rejeitada e o processo não voltou mais à pauta da 2ª Turma.

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O ex-presidente, no entanto, foi solto no dia 8 de novembro, com a decisão do Supremo de declarar inconstitucional a execução da pena antes do trânsito em julgado. Mas, segundo a defesa de Lula, isso não tira a “densidade jurídica” do pedido, já que Habeas Corpus, como cansa de repetir o Supremo, também serve para o controle da legalidade de decisões com potencial de interferir na liberdade.

Grampos
A defesa do ex-presidente também reclama que a manifestação de José Adonis Sá não menciona o fato de o escritório Teixeira Martins Advogados ter sido grampeado por 23 dias ininterruptos — e as gravações terem sido usadas para pautar a atuação do Ministério Público Federal.

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Os grampos aconteceram em um dos momentos que os procuradores consideram chaves para a “lava jato”: a discussão sobre a competência para julgar a acusação de corrupção de Lula envolvendo o apartamento no Guarujá (SP). O Ministério Público de São Paulo também apurava o caso, já que investigava a presença de dinheiro público na construção do prédio, que era de propriedade da Bancoop, a cooperativa de bancários.

De acordo com os advogados de Lula, os grampos foram usados pelos procuradores para antecipar a estratégia da defesa. Segundo a petição, os procuradores faziam planilhas com resumos dos assuntos discutidos pelos advogados nas ligações grampeadas e apresentavam esse material a Moro diariamente, com observações do que seria útil ou não para a discussão sobre a competência.

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Na época, a “lava jato” estava sob relatoria do ministro Teori Zavascki, que pediu informações a Moro sobre o grampo no escritório. O então juiz disse que não sabia que aquele telefone era o ramal central da banca que patrocina a defesa de Lula, o que não é verdade. Dias depois, Moro pediu “escusas” ao ministro.

“Estranhamente”, diz a defesa do ex-presidente na petição desta sexta, nada disso é mencionado na “manifestação extemporânea” da PGR no caso.

HC 164.493
Clique aqui para ler a petição da defesa de Lula
Clique aqui para ler a manifestação da PGR do dia 5 de dezembro
Clique aqui para ler a manifestação de Raquel Dodge sobre as mensagens dos procuradores da "lava jato"

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