É o que explica o sucesso do cartão pré-pago em moeda estrangeira, versão mais prática do que o velho cheque de viagem (ainda em uso). Além de escapar da variação cambial (ultimamente desfavorável ao real), ambos recolhiam o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pela civilizada alíquota de 0,38%. Sem mais nem menos, o governo turbinou o imposto sobre essas modalidades, subindo a alíquota para 6,35% - aumento de escandalosos 1.579%, que entrou em vigor no dia seguinte.
É improvável que turistas cancelem viagens contratadas. Mas é certo que a tributação vai ajudar a reduzir os embarques que ocorreriam nos próximos meses, principalmente de famílias de menor renda, recém-incluídas nesse mercado. Isso pode comprometer a expectativa do governo de arrecadar R$ 552 milhões por ano só com essa garfada.
Malvadeza à parte, não falta entre os economistas do governo quem considera a medida oportuna para refrear o deficit na balança do turismo verde-amarelo. O que ganha este país de povo receptivo e incontestáveis belezas naturais com a visita de estrangeiros é quase quatro vezes menos do que gastam os brasileiros no exterior.
De janeiro a novembro, a relação era de US$ 6,1 bilhões para US$ 23,1 bilhões. A diferença (US$ 17 bilhões) pesa no deficit de US$ 72,7 bilhões das transações correntes do país com o exterior. Mas não parece adequado combatê-la com medidas típicas do malogrado kirchnerismo argentino - fechar a saída de brasileiros em vez de promover o aumento da entrada de estrangeiros.
Mais inteligente será completar o trabalho da natureza oferecendo segurança e transporte público eficientes, preparação do pessoal receptivo, serviço decente de telecomunicações, controle de endemias, limpeza das cidades, pronto-atendimento de saúde, preços honestos e boa qualidade em hotéis e restaurantes, além, é claro, de carga tributária que não espante o freguês.