De saída da PGR sob críticas, Dodge diz que exerceu 'autocontenção' e não comenta Vaza Jato
“Em todo mandato eu exerci a autocontenção, fui eloquentemente silenciosa em tudo aquilo que exigia talvez uma percepção, parecer, algo fora dos autos”, disse, após ser questionada sobre o vazamento de mensagens do The Intercept Brasil. Ela disse ainda que não comentaria os vazamentos, uma vez que esses fatos "não estão no momento na minha mesa"
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247 - A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse nesta terça-feira 17, em entrevista coletiva na despedida de seu cargo, que nos dois anos em que esteve à frente do Ministério Público Federal tentou difundir um estilo de "autocontenção" que considera "adequado" para todo membro da instituição.
“Em todo mandato eu exerci a autocontenção, fui eloquentemente silenciosa em tudo aquilo que exigia talvez uma percepção, parecer, algo fora dos autos”, disse, após ser questionada sobre o vazamento de mensagens do The Intercept Brasil. Ela disse ainda que não comentaria os vazamentos, uma vez que esses fatos "não estão no momento na minha mesa".
Leia mais na reportagem da Reuters:
De saída, Dodge faz denúncia em caso Marielle e defende legado na PGR apesar de críticas
Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, anunciou ter apresentado denúncia ao STJ contra o conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro Domingos Brazão e outros envolvidos por suspeita de terem atuado para desviar o rumo das investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e, apesar das críticas, defendeu seu legado no cargo em entrevista coletiva no último dia à frente da PGR.
“Estou denunciando Domingos Brazão... um funcionário dele chamado Gilberto Ferreira, Rodrigo Ferreira, e Camila, uma advogada e o delegado da Polícia Federal Hélio Kristian. Eles todos participaram de uma encenação, que conduziu ao desvirtuamento das investigações”, disse Dodge.
Ela também pediu a abertura de um novo inquérito para apurar os mandantes do assassinato de Marielle e que o caso seja investigado a partir de agora pela Justiça Federal —e não estadual.
Após uma série de atritos nos seus dois anos de mandato com a força-tarefa da operação Lava Jato, a procuradora-geral disse que sempre atuou para fortalecer os trabalhos do grupo, destinando recursos e deslocando inclusive cargos comissionados do seu gabinete para a equipe.
Dodge disse não acredita que a Lava Jato está em risco com a esperada confirmação do subprocurador-geral da República Augusto Aras —indicado pelo presidente Jair Bolsonaro— no cargo. Aras tem feito, em seus périplos ao Senado, onde será sabatina, comentários críticos sobre a atuação de procuradores da operação.
“Não vejo a Lava Jato sob risco nenhum”, disse ela, ao destacar que os membros do MP gozam de independência, autonomia e garantias para atuar. Em rápido comentário, Dodge desejou sucesso a Aras à frente do MP.
PROVAS
A procuradora-geral foi questionado pelo fato de ter pedido o arquivamento da abertura de investigação contra um irmão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), baseados na delação premiada do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro. Essa colaboração foi recém-homologada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo.
Na entrevista, Dodge defendeu sua decisão. “O acordo de colaboração premiada, esse especificamente, tinha 109 anexos. Pedi o arquivamento de 4 por absoluta falta de provas”, disse, sem mencionar nominalmente as autoridades e negando que tenha demorado a agir nesses casos por Maia e Toffoli terem apoiado nos bastidores sua recondução ao cargo.
Segundo Dodge, o colaborador não cumpriu o que havia se comprometido, isto é, não apresentou provas das acusações. “Não havendo isso, não posso coonestar a promessa”, reforçou.
A chefe do MPF apresentou um balanço dos dois anos de gestão, relatando que denunciou 65 pessoas com foro privilegiado no STF e no Superior Tribunal de Justiça, um recorde em relação a antecessores, segundo ela.
Numa crítica indireta a antecessores e rebatendo críticas de lentidão, Dodge disse que houve diminuição de “vazamentos” porque não houve exploração pública do gabinete dela.
“Estou muito tranquila e acho que esses números contradizem a percepção de que houve redução de ritmo, posso afiançar que houve aumento”, disse.
A chefe do MPF afirmou que só apresentou denúncias quando havia provas e não as apresentou quando não tinha, pedindo dessa forma o arquivamento de apurações. Em referência ao ex-presidente Michel Temer e ao ex-governador do Rio de Janeiro Luiz Fernando Pezão, respectivamente, ela lembrou ter denunciado o presidente que a indicou e um governador no exercício do cargo.
Dodge não quis dizer se está preocupada com um eventual alinhamento do novo PGR com o governo Bolsonaro, ao sustentar que isso não está no seu ofício.
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