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Brasília

Exposição resgata início da implantação da CLT

Em 1º de maio de 1943, a Consolidação das Leis do Trabalho entrava em vigor no País, obrigando todos os brasileiros a ter a Carteira de Trabalho como documento exigido para o exercício da profissão; foi a partir dessa necessidade que o mineiro Assis Horta, de 95 anos, passou a fotografar operários e pessoas à procura de emprego em Diamantina e região; parte desse acervo pode ser vista no Palácio do Planalto, na exposição A Democratização do Retrato Fotográfico Através da CLT

Em 1º de maio de 1943, a Consolidação das Leis do Trabalho entrava em vigor no País, obrigando todos os brasileiros a ter a Carteira de Trabalho como documento exigido para o exercício da profissão; foi a partir dessa necessidade que o mineiro Assis Horta, de 95 anos, passou a fotografar operários e pessoas à procura de emprego em Diamantina e região; parte desse acervo pode ser vista no Palácio do Planalto, na exposição A Democratização do Retrato Fotográfico Através da CLT (Foto: Leonardo Lucena)
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Paulo Victor Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Em 1º de maio de 1943, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que regulamentou as normas trabalhistas, entrava em vigor no país, obrigando todos os brasileiros a ter a Carteira de Trabalho como documento exigido para o exercício da profissão.
Foi a partir dessa necessidade que o mineiro Assis Horta, hoje com 95 anos, passou a fotografar operários e pessoas à procura de emprego em Diamantina e região. Seu Assis faz questão de dizer que, entre retratos e outras fotografias, tem mais de 47 mil registros.

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"Tenho guardado o nome de todos [os fotografados], nunca joguei nenhum negativo fora", diz sobre as fotografias 3x4 que se orgulha de ter tirado.

Parte desse acervo pode ser vista no Palácio do Planalto, na exposição A Democratização do Retrato Fotográfico Através da CLT. Horta declarou ainda que começou a fotografar a partir dos 9 anos de idade. A longa trajetória envolve registros de paisagens mineiras, quando colaborador do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e de políticos como Tancredo Neves e Juscelino Kubitschek.

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"Quando o Juscelino ia lá, dizia 'Ah, um udenista [integrante da UDN, partido político que foi extinto pela ditadura militar], tá aqui'", lembra. JK era do PSD e seu Assis presidia, em Diamantina, o partido da oposição na época, a UDN. "Ele gostava tanto dos meus retratos. Toda época em que foi a Diamantina eu tenho fotos dele", disse, acrescentando que guarda os cerca de 200 retratos que tem do ex-presidente, mas que nunca fez cópia. "Está lá, o negativo, na gaveta, o nome e a data de todo retrato que eu tirei", ressaltou.

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O interesse pela exposição é resultado da pesquisa de Guilherme Horta, curador da mostra, que fazia uma retrospectiva sobre a vida de seu Assis. "O que me despertou foi tentar entender aquele volume todo de retratos 3x4 feitos todos com a mesma data, eram milhares. E aí que virou esse link entre o uso do retrato depois da CLT, quando todo trabalhador teve que sentar obrigatoriamente de frente para uma câmera fotográfica para tirar o seu retrato", disse.

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"Ele foi não apenas um fotógrafo que trabalhava tirando fotos para a Carteira de Trabalho, mas também fazendo um retrato posado de pessoas e famílias que queriam ter também um retrato para álbum de família ou para pendurar na parede", declarou Ângelo Oswaldo de Araújo, presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

Quando passou a fotografar os trabalhadores, seu Assis os recebia no Photo Assis. Ele também era convidado para trabalhar nas fábricas e comércios, e chegava a emprestar peças como paletó, gravata e chapéu aos clientes. Às vezes, porém, o vestuário mudava: seu Assis aponta para uma foto em que um professor de ginástica fez questão de tirar foto com uma camiseta cavada.

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"Eu chamava a atenção deles, ia acertando o rosto. Depois, falava que era só um clique, e quando eles olhavam, ficavam quietos, eu batia a foto", disse seu Assis. "Muitos voltavam. Quando iam sozinhos, levavam [depois] a família. O pai levava a mulher e os filhos", completou.

De acordo com o presidente do Ibram, Assis Horta soube fazer seu trabalho "com um olhar extremamente sensível, porque acabou captando a própria alma do próprio povo brasileiro. Ele faz um registro do olhar do brasileiro de 70 anos, 80 anos atrás. Com isso, ele criou não só um documento extraordinário sobre o povo brasileiro, mas também uma obra de arte", ressaltou.

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Segundo o fotógrafo, além de fotografar os amigos, também registrou a atividade dos trabalhadores em Diamantina. "Um garimpeiro me deu a aliança de casamento, o ouro para fazer a aliança. É esta aqui", mostrou, explicando que são sete anéis juntos, representando os 71 anos de casamento com a esposa Maria, falecida há um ano.

"É muito bom expor aqui. Eu acho isso um valor muito grande que estão dando à minha fotografia. Tem muito valor isso", declarou Assis Horta. Os cerca de 200 retratos feitos por ele podem ser vistos no Palácio do Planalto de segunda-feira a sexta-feira, das 9h às 18h, e aos domingos das 9h às 14h. A mostra fica aberta à visitação pública até 8 de janeiro de 2014.

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