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Brasília

Festival resgata autoestima de adolescentes infratores

Festival Elemento em Movimento realiza oficinas e palestras com internos de unidades socioeducativa, promove shows e atrações esportivas abertos ao público neste final de semana; evento é feito pelo Grupo Caixa Seguros em parceria com a Unesco no Brasil, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime e a Central Única das Favelas

Festival Elemento em Movimento realiza oficinas e palestras com internos de unidades socioeducativa, promove shows e atrações esportivas abertos ao público neste final de semana; evento é feito pelo Grupo Caixa Seguros em parceria com a Unesco no Brasil, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime e a Central Única das Favelas (Foto: Valter Lima)
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Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil

Brasília - "Quem pegou mais de um artigo aí?", pergunta o rapper Diey Pitalurgh a um grupo de adolescentes da Unidade de Internação de Planaltina (UIP), no Distrito Federal. A pergunta é respondida com risos. Todos ali cometeram pelo menos um ato infracional e cumprem medida socioeducativa. O bate-papo com o rapper, do grupo 3 um Só, faz parte do Festival Elemento em Movimento, que além de oficinas e palestras com os internos, promove shows e atrações esportivas abertos ao público neste final de semana.

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"O que eu quero trazer para esses jovens é o resgate da autoestima", diz o rapper Diey Pitalurgh. "Eu não confirmo a estatística, tenho 28 anos e sou de um bairro que tem fama de criminalidade há 15 anos. Sempre tive contato com a violência, com o tráfico e eu não fui por esse caminho". Ao mesmo tempo, o rapper diz se sentir próximo a esses adolescentes. "A mesma revolta que eles tiveram, eu também tive. As histórias são diferentes e são parecidas. As mesmas dificuldades para chegar em vários lugares, eu também tive".

Cerca de 80 dos 90 internos da UIP participaram da programação de sexta-feira (20). "A intenção é levar a cultura para esses jovens, coisa que eles não veem todos os dias", diz um dos organizadores, Yan Killian, da Central Única das Favelas do Distrito Federal (Cufa-DF). É a primeira vez que o grupo visita a unidade de Planaltina. "A gente percebe que eles querem participar".

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Mário*, de 17 anos, está na unidade há nove meses. Antes disso, passou seis vezes pela internação provisória (45 dias). Os crimes são: tráfico, roubo e tentativa de latrocínio - roubo seguido de morte. "Diey deu muitas ideias positivas para a gente. Para pensar no que estamos fazendo aqui hoje, no que vamos fazer quando sair. Só ideia positiva. Ele sabe o que nós passamos", disse.

O adolescente largou a escola com 12 anos. "Comecei a matar aula e gostei". Dentro da unidade de internação voltou a estudar, está no ensino médio. O plano para quando sair ainda é incerto, mas Mário diz que pretende se empenhar ainda durante a internação. Ele está em um dos melhores módulos da unidade, reservado aos internos que se destacam por bom comportamento.

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Na UIP, os jovens desempenham várias atividades. Além de frequentar aulas na escola básica, eles aprendem, em cursos profissionalizantes, informática, confeitaria, horticultura, teatro e a fazer cartazes. O tempo que passarão na unidade refere-se mais a como respondem à medida socioeducativa e apresentam bom comportamento do que ao número de artigos que "pegaram".

João*, de 20 anos, está contando os dias para deixar o local. Sairá na segunda-feira (23), depois de passar quase três anos (tempo máximo) na unidade. "Aprendi que o crime não compensa, me tirou muito tempo da minha liberdade e da convivência com a minha filha". E foi a filha, de quem só soube quando estava internado, que motivou o jovem a não querer mais cometer crimes. Ele começou a roubar quando tinha 10 anos. Aos 17 foi apreendido. "Rodei", diz. "Vou procurar emprego, não vai ser fácil, mas vou tentar como todo cidadão tenta".

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Já Vinícius*, de 20 anos, tem a previsão de sair em 30 dias. Ele vai conciliar o trabalho com o padrasto - que já lhe garantiu emprego - com os estudos. "Meu foco é estudar e recuperar o tempo que perdi". Assim como Mário, ele largou a escola cedo, com 11 anos. Começou roubando, depois entrou para o tráfico. Aos 14 matou pela primeira vez. Até os 16 foram quatro homicídios. "Hoje estou com a cabeça melhor, consigo pensar melhor na minha vida e nas minhas escolhas. Isso não é o que Deus quer para mim". Vinícius se diz evangélico, "mas não sigo muito não". Caso João e Vinícius voltem a cometer crimes não serão mais considerados menores infratores e irão para penitenciárias comuns. 

O evento é feito pelo Grupo Caixa Seguros em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc) e a Cufa-DF. Os shows, abertos ao público, ocorrem hoje (21) e amanhã em Ceilândia (DF). A programação completa pode ser conferida na página do Facebook: http://www.facebook.com/jovemdeexpressao

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