Luis Felipe Miguel: é comovente ver o movimento das universidades
"Para mim, é comovente ver que centenas de colegas, muitos dos quais nem me conhecem, se levantam para dividir o ônus de receber as pressões, as tentativas de intimidação, as agressões, as ofensivas de desqualificação pessoal e profissional", comenta o professor da UnB, autor da iniciativa de criar uma disciplina para debater o Golpe de 2016, que depois de uma tentativa de censura pelo governo, já existe em 34 universidades
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Por Luis Felipe Miguel, em seu Facebook - Tem sido bonito acompanhar o movimento das universidades brasileiras em defesa de sua autonomia e da liberdade de cátedra. São dezenas de instituições abrigando cursos que, em primeiro lugar, reafirmam nossa resistência contra ingerências autoritárias e nossa missão de fazer frente aos desafios do tempo presente.
Para mim, é comovente ver que centenas de colegas, muitos dos quais nem me conhecem, se levantam para dividir o ônus de receber as pressões, as tentativas de intimidação, as agressões, as ofensivas de desqualificação pessoal e profissional. Como na UFBA, em que o professor Carlos Zacarias e o reitor João Carlos Salles foram intimados a depor na polícia, em mais um sobrelanço do ataque contra a liberdade de ensinar e pesquisar. A solidariedade a eles é urgente e indispensável.
É fácil dizer que eu sou a "nulidade que se infiltrou na Universidade de Brasília", o "professor doidão", o "zé ninguém", o "marketeiro", o "ferrenho militante do PT", o "esquerdopata", o "vigarista" e outras palavras gentis que me dedicaram, nos maiores órgãos de imprensa do país, os animadores de torcida da direita. Mas agora, quando os novos cursos sobre o golpe pelo país afora congregam um verdadeiro dream team da academia brasileira, fica bem mais difícil sustentar que eles são propaganda política ou que não há "base científica" para a discussão (rememorando o que disse o famoso epistemólogo recifense).
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