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Sudeste

"A que ponto chegamos", diz Haddad, sobre o desgoverno Bolsonaro

Ele lembra que governadores e até ministros já ignoram o que Bolsonaro recomenda

Fernando Haddad (Foto: Ricardo Stuckert)
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247 – O ex-prefeito Fernando Haddad traçou um retrato preciso do desgoverno de Jair Bolsonaro, que já vem sendo igorado por ministros, por governadores e, na prática, não governa mais o Brasil. 

BRASÍLIA (Reuters) - A redução do apoio às suas posições em meio à epidemia de coronavírus levou o presidente Jair Bolsonaro a voltar suas forças para um eleitorado que, em parte, tem se mantido fiel a seu governo, os evangélicos, e convocar um dia de “jejum e oração” a favor de seu governo e contra a epidemia.

A ideia foi levada ao presidente por um grupo de pastores de Minas Gerais que o esperava na tarde de quinta-feira em frente ao Alvorada. Um deles disse a Bolsonaro que ele, como “autoridade maior”, deveria proclamar um “jejum para toda a nação”.

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“Nós todos vamos jejuar, vamos orar”, diz o pastor, sem se identificar, em um vídeo que foi transmitido ao vivo pelo Facebook do presidente.

Mais tarde, em entrevista à rádio Jovem Pan, Bolsonaro consolidou a ideia: “A gente vai junto com pastores e religiosos anunciar para pedir um dia de jejum ao povo brasileiro em nome de que o Brasil fique livre desse mal o mais rápido possível”, disse.

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A ideia cresceu rapidamente nas redes sociais bolsonaristas e entre pastores evangélicos ligados a Bolsonaro. O deputado Marco Feliciano, pastor da igreja neopentecostal Catedral do Avivamento, foi um dos primeiros a publicar a conclamação em suas redes sociais.

“O Brasil passa por grave crise, e as forças do mal se levantam contra um presidente cristão, temente a Deus e defensor da família! Domingo é dia de jejum, clamor e glória!!! E toda terra saberá que há Deus nesta Nação!”, escreveu em sua conta no Twitter.

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Outro pastor ligado ao presidente, Silas Malafaia, da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, postou um vídeo em seus canais também defendendo a ação e propondo que o jejum fosse feito da meia-noite de sábado ao meio-dia de domingo.

“Vamos orar e jejuar pelo povo brasileiro e pela nossa nação porque eu creio que, depois que passar isso aí, vai vir um tempo de prosperidade para o Brasil que nunca houve”, diz o pastor.

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Pelo menos duas igrejas pentecostais criaram eventos no Facebook chamando para o jejum, mas sem muita resposta. No Twitter, o assunto chegou a estar entre os principais tópicos da rede, mas ao longo do dia desapareceu. A resposta, no entanto, havia sido majoritariamente negativa: havia mais pessoas criticando a ideia do que defendendo Bolsonaro.

A prática do jejum é comum a várias religiões, do islamismo ao cristianismo. De acordo com o infectologista Charbell Miguel Haddad Kury, a prática em si, com acompanhamento médico, não causa prejuízos e pode trazer benefícios, como mostram estudos recentes.

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“Dessa forma creio que fazer jejum só por fazer sem uma rotina de acompanhamento não é adequado”, disse à Reuters.

O público que respondeu majoritariamente ao chamado de Bolsonaro é das igrejas evangélicas neopentecostais brasileiras, ainda mais ligado ao presidente, que garante ainda uma parte da aprovação do presidente, especialmente o de fiéis ligados às igrejas de Malafaia, Feliciano e Edir Macedo, dono da Igreja Universal, e outros nomes fortes entre as neopentecostais.

Isolado dentro de seu próprio governo por ter ido constantemente contra as recomendações de isolamento de seu ministro da Saúde, Henrique Mandetta, e com a rejeição crescente a seu comportamento, como mostraram as pesquisas divulgadas nesta sexta-feira, Bolsonaro apela para um público aparentemente garantido.

Uma das pesquisas, do Datafolha, trouxe que o Ministério da Saúde, comandado por Mandetta, tem uma aprovação mais de duas vezes superior à atribuída a Bolsonaro em meio aos esforços de combate à pandemia de coronavírus que colocou presidente e ministro em campos opostos.

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