Boulos: “é muito difícil derrotar o PSDB sem unidade progressista”
O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e dirigente do PSOL, que na última semana se disse “disposto a assumir o desafio de disputar o governo de São Paulo em 2022”, destacou na TV 247 a importância de uma aliança para superar a “capitania hereditária do PSDB” no estado. Assista
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Guilherme Levorato, 247 - Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), dirigente do PSOL e ex-candidato à prefeitura de São Paulo e ao Palácio do Planalto, Guilherme Boulos revelou na última semana estar “disposto a assumir o desafio de disputar o governo de São Paulo em 2022”. À TV 247, em entrevista aos jornalistas Alex Solnik, Joaquim de Carvalho, Paulo Moreira Leite e Tereza Cruvinel, Boulos destacou que será muito difícil superar o que ele chamou de “capitania hereditária do PSDB” no estado sem a aliança do campo progressista.
“O estado de São Paulo é praticamente uma capitania hereditária do PSDB. É impressionante. Esse grupo está há 30 anos no poder, há 30 já afundando o estado de São Paulo. Qual é o legado de 30 anos do PSDB em São Paulo? O que eles deixaram? Saiu uma matéria: 620 obras inacabadas em São Paulo, eles que se dizem bons gestores, eles se vendem a cada eleição como gestores. Pega os prazos das estações de metrô, é impressionante. Se o PSDB anuncia a inauguração de uma estação em 2025, se prepara para 2050. É assim sempre”, disse Boulos. Ele lembrou, no entanto, que o partido tem “uma máquina muito forte”. “Eu acredito que o caminho para a gente derrotar essa máquina e apresentar um projeto popular para o estado de São Paulo, um projeto que, com unidade da esquerda em nível nacional derrote o bolsonarismo e aqui em São Paulo possa derrotar os tucanos, eu acredito que é preciso unidade do campo progressista. É muito difícil derrotar o PSDB sem unidade do campo progressista”.
Pandemia de Covid-19 em São Paulo
O psolista criticou a gestão do atual governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que, apesar de reconhecer a necessidade das medidas de isolamento social para a contenção do coronavírus, não dá ao povo, segundo Boulos, as condições para ficar em casa e, assim, se proteger da doença. “Na pandemia você tem o Doria dizendo para as pessoas ficarem em casa, o que é correto, mas o papel de um governador, ainda mais de um estado como São Paulo, não é só dizer ‘fique em casa’, é dar as condições para as pessoas ficarem em casa. Seria uma política de auxílio emergencial próprio, seria um apoio para pequenos comerciantes, para empreendedores, para microempresários”.
Segundo Boulos, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), é um bom exemplo de como um gestor consciente administra um estado durante a pandemia. “O Flávio Dino está fazendo um trabalho brilhante à frente do governo do Maranhão. Com orçamento muito menor, criou vale-gás, auxílio para categorias atingidas. Isso o Doria não faz, e é tradição do PSDB fazer governos elitistas, e com roubalheira”.
Aliança progressista
Para Boulos, a unidade do campo progressista precisa ir além de São Paulo. O líder do MTST destacou que tal aliança se faz necessária para derrotar tanto Jair Bolsonaro como o “Bolsodoria”. Ele lembrou que já em 2020, logo após perder a eleição para a prefeitura de São Paulo para Bruno Covas (PSDB), se comprometeu a atuar pela construção de uma unidade nacional progressista.
O futuro candidato ao governo de São Paulo contou estar conversando com o ex-presidente Lula, o ex-ministro Fernando Haddad, a ex-ministra Marina Silva, com o presidente do PDT, Carlos Lupi, entre outros, para articular uma aliança. “No dia seguinte do segundo turno aqui em São paulo eu disse que ia trabalhar pela unidade da esquerda e do campo progressista a nível nacional. Eu acho que o grande desafio que a gente tem nesse momento é derrotar o bolsonarismo, o grande desafio que a gente tem nesse momento é tirar o Brasil desse pesadelo. Trabalhar pela unidade é trabalhar a sério, de verdade, não é só gogó. É conversar com as pessoas, e eu tenho feito isso nos últimos meses. Tenho conversado com o Lula, tenho conversado com o Haddad, tenho conversado com o Flávio Dino, tenho conversado com o Orlando, com a Luciana do PCdoB, com o Siqueira no PSB, com o Lupi do PDT, com a Marina Silva. Eu tenho conversado com uma série de lideranças do nosso campo político para buscar criar condições e pontes para essa unidade”.
Questionado sobre uma possível candidatura de Haddad ao governo de São Paulo, Boulos disse que “não dá para construir aliança se você quer ter a cabeça de chapa em todos os lugares, se você quer ter a cabeça de chapa federal, quer ter a cabeça de chapa no estado, quer ter a cabeça de chapa no município, quer ter a cabeça de chapa para síndico de prédio, quer ter a cabeça de chapa para presidente da associação de moradores; aí não dá, aí você não constrói aliança, aí você constrói imposição”. “A gente tem que compreender que ninguém sozinho vai ser capaz de derrotar o Bolsonaro. Ninguém sozinho vai ter condições de apresentar um projeto de reconstrução do país. Você precisa fazer isso com um gesto político”. O psolista reconheceu que o principal nome do campo progressista para enfrentar Bolsonaro no âmbito nacional em 2022 é o do ex-presidente Lula e afirmou que, em sua visão, Haddad está mais focado em ajudar Lula a construir sua candidatura. “Em relação ao Fernando Haddad particularmente, eu sou amigo do Haddad. Conversei com o Haddad há duas semanas, fui na casa dele e batemos um papo. Eu tenho o maior respeito pelo Fernando Haddad, acho que é um grande quadro, mas o que eu vejo: acho que o próprio Haddad, até onde eu sei, o objetivo dele nesse momento é estar no cenário nacional ajudando a construção da candidatura do Lula, estar no processo de construção dessa candidatura. O Haddad tem direito e legitimidade de se apresentar para o que quer que seja, assim como eu também tenho. O PT tem o direito e a legitimidade de reivindicar a disputa de qualquer cargo, assim como o PSOL também tem. Agora, se a gente ficar apenas no direito e legitimidade de cada um, todo mundo tem o seu e nós vamos sair com três ou quatro candidaturas no campo progressista. Eu não acho que isso acumule. Acho que nós temos maturidade, condições políticas de aprender com os erros que nos trouxeram até aqui, aprender com os acertos que nos trouxeram até aqui, e buscar uma unidade que tenha generosidade, que tenha projeto e que a gente possa estar junto em nível federal e que possa estar junto aqui também no estado de São Paulo”.
Impeachment
Sobre o impeachment de Jair Bolsonaro, objeto de mais de 100 pedidos apresentados ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), Boulos afirmou que esta é “uma urgência política, uma urgência sanitária e uma urgência social no Brasil”, ressaltando que “nós estamos vivendo uma pandemia de fome no nosso país”. “Está mais do que claro que não existe saída para essa crise, para a crise econômica e para a crise de saúde pública, com o Bolsonaro no governo. Não é porque a gente não quer, é pela postura dele. Ele deixou claro que vai continuar trabalhando para boicotar as medidas sanitárias de isolamento, que ele não faz nenhum esforço relevante para a aquisição de vacinas, que ele não vai aumentar o auxílio emergencial. Então com ele não tem saída. Acho que nós temos sim que elevar o tom”.
Para o psolista, a CPI da Covid, criada na última semana no Senado, pode aumentar a pressão sobre o Congresso para abrir o processo de impeachment. “Acredito que nós temos que olhar com atenção para a CPI. Se a gente olhar o histórico do Brasil, as CPIs criam uma temperatura política que facilita a pressão sobre o parlamento para a abertura do processo de impeachment. Qual é o nosso problema hoje? O nosso problema é que nós não temos rua. Esse papel que a CPI pode cumprir, as ruas estariam cumprindo se a gente não estivesse no meio de uma pandemia em que a gente não pode fazer grandes aglomerações, não pode juntar centenas de milhares de pessoas para exigir a saída do Bolsonaro”.
O papel da oposição, segundo ele, é continuar pressionando. “Tem muita gente que diz: ‘a gente trabalha a bandeira do impeachment mas não é possível fazer impeachment porque o Bolsonaro elegeu a mesa da Câmara, a mesa do Senado, elegeu o Arthur Lira’. Não é assim não. O Centrão está no time que está ganhando. Se o Bolsonaro se desgasta drasticamente, como já está se desgastando, cada deputado do Centrão vai olhar sua perspectiva de reeleição no ano que vem. Se ele ver que o Bolsonaro virou tóxico, ninguém vai querer estar na foto do lado do Bolsonaro. Isso pode gerar um deslocamento para abertura do processo de impeachment. Eu acredito verdadeiramente que existem condições políticas [para o impeachment]. Cabe a nós, da oposição, pressionar, entrar com pedidos, pressionar pela CPI, quando for possível, ir para a rua, usar as redes sociais, usar todas as ferramentas que a gente tem para que o pedido seja aberto e seja consumado e que a gente não precise esperar até 2022 para acabar com esse pesadelo”.
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