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Sudeste

Desemprego acirra crise na saúde pública do Rio

O colapso da saúde pública no Rio pode se agravar ainda mais neste novo ano; aumento do desemprego com a crise econômica tirou milhares de pessoas dos planos de saúde, aumentando significativamente a demanda dos hospitais públicos que já vinham trabalhando no limite; no Rio, enquanto em 2011 o saldo de empregos formais havia sido de 168 mil, em 2015 (até novembro), o saldo foi negativo em 138 mil; no terceiro trimestre do ano passado registrou 120 mil beneficiários a menos que no mesmo período do ano anterior; em cenário de crise, também preocupa a judicialização da saúde - a obrigatoriedade via Justiça de a rede pública assumir exames e procedimentos 

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), realiza em frente à Secretaria Estadual de Saúde ato público para denunciar a situação crítica da saúde pública no estado (Tânia Rêgo/Agência Brasil) (Foto: Leonardo Lucena)
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Jornal do Brasil - O colapso da saúde pública no Rio de Janeiro, que veio à tona no final do ano passado, pode se agravar ainda mais neste novo ano. O aumento do desemprego com a crise econômica - que promete atravessar 2016 - tirou milhares de pessoas dos planos de saúde, aumentando significativamente a demanda dos hospitais públicos que já vinham trabalhando no limite. Levantamento feito pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) ao Jornal do Brasil ajuda a traçar a situação da saúde fluminense e aponta que as projeções para o setor são preocupantes. 

O colapso da rede pública de saúde do Estado do Rio fez com que, em dezembro, o governo federal criasse um gabinete com a participação de representantes dos governos federal, estadual e municipal para lidar com um cenário de hospitais fechados, médicos e enfermeiros sem salários, falta de remédios e equipamentos básicos.

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Um dos motores foi justamente o grande número de desempregados no Estado, que agora estão sem acesso à saúde privada. Outra questão é relacionada ao que se convencionou chamar de judicialização da saúde - a obrigatoriedade via Justiça de a rede pública assumir exames e procedimentos - que cresceu muito nos últimos anos. Aumentou ainda a exigência de exames que o SUS precisa garantir à população. Na prática, já havia todo um movimento que ajudou a sobrecarregar e inviabilizar o SUS.

O número de beneficiários dos planos de saúde, que vinha crescendo desde 2005, passou a registrar queda em 2015. No Rio de Janeiro, o terceiro trimestre do ano passado registrou 120 mil beneficiários a menos que no mesmo período do ano anterior. Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS, em conversa com o Jornal do Brasil por telefone, destacou a redução do emprego como principal influência. 

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O Rio de Janeiro possui 11,3% dos beneficiários de planos médico hospitalares do Brasil e o total de beneficiários desse estado cresceu 7,3% entre 2011 e 2015. Assim como aconteceu no Brasil como um todo, no Rio de Janeiro o tipo de contratação que teve maior aumento nos últimos cinco anos foi o Coletivo Empresarial (18%). Mas o tipo de contratação que apresentou variação negativa foi o de planos Individuais, que caiu 10,8% no período. Os planos coletivos por adesão, por sua vez, apresentaram crescimento de 8,4%.

O saldo de criação de vagas formais havia sido de 1,6 milhão e, em 2015, (até novembro) o saldo foi negativo em 1 milhão. No Rio de Janeiro, enquanto em 2011 o saldo de empregos formais havia sido de 168 mil, em 2015 (até novembro) o saldo foi negativo em 138 mil.

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Da mesma forma que houve crescimento deste mercado nos últimos cinco anos, quando houve fortalecimento do mercado de trabalho, agora o contrário acontece e se nota uma diminuição dos beneficiários que tinham o plano de saúde por conta do desemprego, destaca Carneiro. Os números de 2015 ainda não estão fechados, mas a tendência é o ano fechar com queda significativa no número de clientes de planos de saúde.

"A gente percebe que, em 2016, a tendência dessa redução dos beneficiários dos planos de saúde, em função do aumento do desemprego, vai ser pior do que 2015", comenta Carneiro. O Rio de Janeiro possui uma maior proporção de beneficiários de planos coletivos por adesão do que o Brasil como um todo, o que mostra a importância do mercado de trabalho para a Saúde Suplementar, pois 66,6% dos beneficiários brasileiros possuem seus planos por meio de empresas empregadoras. No Rio de Janeiro, esse número é de 62,8%.

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A maior parte (70%) dos beneficiários de planos de saúde estão em cinco estados da federação -- Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. A forma como a saúde pública vai lidar com a crise vai depender da situação do SUS em cada um desses estados.

Para Carneiro, o cenário é preocupante por causa da combinação de redução do número de beneficiários e a inflação médica. O custo médico hospitalar, com terapias e exames, por exemplo, tem estado muito alto há quatro anos, conforme tem acompanhado uma consultoria internacional que calcula o índice do custo médico hospitalar a pedido do IESS desde 2007. Nos últimos cinco anos, enquanto a inflação geral ficou entre 7% e 8%, a inflação médica ficou entre 14% e 18%.

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"A discrepância é muito grande", alerta Carneiro. O IESS tem acompanhado o cenário e sugerido políticas e medidas para conter isso no longo prazo mas, olhando no curto prazo, essa inflação médica é um complicador. As operadoras de saúde, inclusive, esperam que os reajustes sejam maiores em 2016 do que em 2015. As pequenas e médias operadoras não tiveram lucro, o mercado não cresce e os custos crescem. "É preocupante, porque isso pode agravar a situação de algumas operadoras. As que mais sofrem são as pequenas e médias."

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