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Sudeste

Especialista condena operações nos ônibus para evitar arrastões no Rio

Cientista político da Uerj, João Trajano, especialista em segurança pública, afirma haver "uma certa discriminação e um certo estigma, direcionados para um determinado segmento da sociedade"; para ele, as autoridades deveriam fazer um esforço de inteligência, de investigação e de verificação de quem são os entre os milhares de jovens, pobres, negros, moradores das periferias que querem legitimamente curtir o seu momento de lazer, quem são os poucos jovens, que estão cometendo ilícitos

Cientista político da Uerj, João Trajano, especialista em segurança pública, afirma haver "uma certa discriminação e um certo estigma, direcionados para um determinado segmento da sociedade"; para ele, as autoridades deveriam fazer um esforço de inteligência, de investigação e de verificação de quem são os entre os milhares de jovens, pobres, negros, moradores das periferias que querem legitimamente curtir o seu momento de lazer, quem são os poucos jovens, que estão cometendo ilícitos (Foto: Leonardo Lucena)
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Douglas Correa - Repórter da Agência Brasil

O problema dos arrastões nas praias do Rio está sendo tratado pela imprensa e pelas autoridades públicas de uma forma um pouco equivocada, disse hoje (24) o cientista político da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), João Trajano, especialista em segurança pública.

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Segundo ele, as pessoas têm o direito de curtir o seu lazer nas praias com segurança e tranquilidade, como também os comerciantes, que são obrigados a fechar as portas dos seus estabelecimentos, com medo de invasão e saques.

"A impressão é que esses episódios [arrastões], provocados por grupos muito reduzidos de jovens, meninos e garotos, acabam tendo uma abordagem muito maior do que deveria, com a dimensão que as autoridades dão aos fatos", afirmou.

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Ele disse ainda que essas abordagens em torno dos episódios de violência evidencia "uma certa discriminação e um certo estigma, direcionados para um determinado segmento da sociedade". "Então, o governador [Luiz Fernando Pezão] e o secretário de Segurança Pública [José Mariano Beltrame] têm defendido as blitzes nos ônibus que saem em direção às praias. Eu, pessoalmente, acho que essas blitzes são indefensáveis, indesejáveis e ineficazes".

O cientista político entende que as medidas são indefensáveis, porque de antemão está punindo quem se supõe que vai cometer crimes. "São jovens dos subúrbios, todos têm a mesma origem, são negros e pobres", afirmou. De acordo com o professor, existem situações que implicam em 20, 30 garotos, em que não sabe de onde são. "Serão eles que têm promovido arrastão e baderna? São necessariamente os garotos que vem nos coletivos, que você não consegue sequer dizer em que coletivos eles vêm?"

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Para João Trajano, as autoridades deveriam fazer um esforço de inteligência, de investigação e de verificação de quem são os entre os milhares de jovens, pobres, negros, moradores das periferias que querem legitimamente curtir o seu momento de lazer, quem são os poucos jovens, que estão cometendo ilícitos e tentar impedir que esses ilícitos ocorram sem precisar de usar recursos vexatórios, estigmatizantes, humilhantes contra pessoas que só têm contra si o fato de serem objeto de estigma".

Audiência Pública

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Também nesta quinta-feira a Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) fez uma audiência pública para debater o assunto e a implantação da Operação Verão, antecipada para este final de semana. O deputado estadual Jorge Felippe Neto (PSD-RJ) apresentou um projeto de lei que autoriza e regulamenta a abordagem e o acolhimento de crianças e adolescentes em situação de risco.

Ele destacou que uma das propostas do projeto é a de que, se a apreensão temporária para averiguação for feita pela polícia, os agentes deverão encaminhar imediatamente o adolescente para o órgão competente, para que os mesmos procedam à busca ativa da família nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente e que se identifique as situações de vulnerabilidade do menor.

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Para o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP-RJ), o projeto de lei não vai ajudar a conter os arrastões. "O que está faltando é segurança jurídica para que os policiais e a guarda municipal atuem. Como a polícia agora vai impedir os jovens que vão cometer esses crimes na praia? É preciso deixar um pouco a questão ideológica de lado e pensar na questão prática, e agir preventivamente", disse.

O chefe de gabinete do comando-geral da Polícia Militar, coronel Ibis Silva Ferreira, ao falar durante a audiência, entende que esses jovens querem "visibilidade" e que a polícia sozinha não faz prevenção de arrastão. Segundo ele, isso deve ser resolvido com ações tanto de curto, quanto de médio e longo prazo.

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"É óbvio que o fato delituoso, o crime em si, é um caso de polícia. Mas segurança pública, não. Ela é muito mais do que polícia. Esses jovens que cometeram esses crimes no final de semana são invisíveis. Se eles não tivessem feito o arrastão não estaríamos falando deles agora. O que está faltando não é só polícia, é política", afirmou. "Se não pensarmos na questão social, vamos voltar daqui a 30 anos para continuar falando de novos arrastões", acrescentou o coronel.

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