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Para Vladimir Safatle, Boulos tem força porque é alguém de fora da classe política tradicional

“Nunca poderia ser alguém da classe política tradicional, e acho engraçado que a esquerda tenha tido tanta dificuldade de entender isso, a direita entendeu antes”, disse à TV 247 o filósofo. Assista

Vladimir Safatle e Guilherme Boulos (Foto: Divulgação)
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247 - O filósofo Vladimir Safatle explicou à TV 247 o caminho pelo qual o candidato a prefeito de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos, se tornou um grande fenômeno das eleições municipais de 2020 e conseguiu chegar até o posto de nova liderança da esquerda brasileira.

De acordo com Safatle, Boulos entendeu e soube articular sua campanha no fato de que sua figura é alheia ao mundo político tradicional, assim como era Jair Bolsonaro em 2018. Ainda segundo o filósofo, a esquerda necessita entender que a institucionalidade brasileira é vista como fracassada aos olhos do povo, e daí nasce o desejo de fugir do personagens políticos já tão conhecidos. “Nunca poderia ser alguém da classe política tradicional, e acho engraçado que a esquerda tenha tido tanta dificuldade de entender isso, a direita entendeu antes. O Bolsonaro não era alguém da classe política tradicional, mesmo que ele tivesse lá 27 anos no Congresso, mas ele era um pária, era alguém de fora completamente. No resto do mundo foi isso que aconteceu. Você pega o Bernie Sanders e o [Jeremy] Corbyn, mesmo que fossem políticos com mandato há muito tempo, eles estavam completamente fora de decisão. No caso do Boulos, ele não era alguém com mandato, era alguém vinculado a movimentos sociais, era por aí que a coisa ia acontecer e ele entendeu e soube operar essa articulação. Não poderia ser o Flávio Dino, ser o Lula porque são figuras tradicionais. Para a esquerda conseguir recuperar sua força, ela precisa saber lidar com essa demanda anti-institucional e compreender que a institucionalidade brasileira fracassou na sua tentativa de realizar uma democracia efetiva. É necessário uma refundação, no sentido mais forte do termo”.

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Como exemplo a ser seguido para uma reestruturação institucional no Brasil, Safatle citou o Chile, onde a população local pressionou o governo e conquistou o direito de realizar uma Assembleia Constituinte para reescrever a Constituição de Pinochet. “Aparece um modelo para essas lutas, que pode ser bastante profícuo, que é o modelo chileno. O modelo chileno foi mais ou menos isso: você tem todas essas lutas com sua força máxima, lutas feministas, lutas dos povos originários, e eles se organizaram a partir de uma demanda substancial de quebra da ordem neoliberal, o que os levou a um processo constitucional que é único na história da galáxia, em que você tem um povo insurreto que ganha um embate contra o governo e exige que o governo assente uma reescritura da Constituição em uma Assembleia Constituinte que você vai ter paridade entre homens e mulheres e cadeiras específicas para os povos originários. O que permitiu a constelação? O desejo da quebra de uma ordem econômica”.

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