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Sul

Gleisi: 'dinheiro chegou, mas crise continua no PR'

Diante de algumas polêmicas antes e depois da campanha eleitoral envolvendo Executivo paranaense, que acusou o governo federal de reter recursos para o Paraná, do governador Beto Richa (PSDB), a senadora Gleisi Hoffman (PT) disse que "tudo o que foi solicitado pelo Governo do Estado, saiu"; "Tivemos uma decisão judicial baseada em um segundo relatório do Tribunal de Contas, já que o primeiro relatório do TC que chegou ao Tesouro dizia que o Paraná não estava cumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal", disse; "Mas é interessante notar que o dinheiro chegou, mas continua a crise", disparou

gleisi (Foto: Leonardo Lucena)
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Notícias Paraná - Curitibana, Gleisi viveu sua infância e adolescência no bairro Vila Lindóia. Estudou nos colégios Nossa Senhora da Esperança e Nossa Senhora Medianeira. Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Curitiba e é pós-graduada em Gestão de Organizações Públicas e Administração Financeira.

Em 2010 foi a primeira mulher eleita senadora e a mais votada no Paraná com mais de três milhões de votos. Em junho de 2011, Gleisi foi indicada ministra-chefe da Casa Civil, onde conheceu a estrutura do Governo Federal e ajudou a estruturar e definir programas de desenvolvimento econômico, inclusão social e melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. Em 2014 concorreu, pela primeira vez, ao governo do Estado.

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No final da última semana, a senadora recebeu a equipe do Notícias Paraná em seu novo escritório na capital paranaense. Lá, falou sobre sua relação com o estado, atuação como ministra e traçou um panorama sobre o momento político nacional, além de refletir sobre seu futuro no senado. Confira:

Quem será o próximo ministro da Fazenda? O Paraná terá algum ministro?

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Não faço ideia. Também não sei. Posso dizer, com certeza, que eu não serei. Isso posso garantir.

Então o Paraná tinha três ministros e ficará sem nenhum?

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Mas disseram que não ajudavam mesmo, que só atrapalhavam. Fica sem nenhum, quem sabe ajuda. Bem, tudo depende da presidenta. Ela é muito ciosa na questão de cargos; primeiro firma uma convicção, estuda os nomes. Mas acredito que ela deixou para depois do G20 essa decisão, afinal, é uma das nomeações mais importantes que ela fará, que terá mais impacto, não só econômico, mas também político. Muito provavelmente ela ainda não definiu ou não comunicou a ninguém.

Qual o seu próximo passo?

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Permaneço no Senado. Vou fazer a representação do Paraná; quero visitar muito esse estado, andar muito, falar do que nós fizemos. Tive uma experiência na Casa Civil de quase três anos, que posso dizer que foi uma das mais desafiadoras da minha vida. Foi uma honra, um privilégio aceitar o convite da presidenta, ter essa convivência e poder exercer o cargo. Espero ter ajudado em tudo o que ela queria.

Então, quando entrei lá, entrei com compromisso. Cuidei de diversos programas, os monitoramos e ajudamos a estruturá-los. Mas isso fez com que me afastasse bastante da relação política, principalmente aqui, no Paraná.

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Não houve uma determinação para eu me afastar do estado, mas cada entrevista que eu dava ou cada visita que fazíamos, tinha uma repercussão nacional. De qualquer forma, algumas pessoas sempre fizeram ilações de que eu estava usando a máquina, que a presidenta estava me dando guarida, que o que eu falava em relação ao Paraná virava uma fala da presidenta. Então não me senti no direito de, estando na Casa Civil, fazer a política como eu sempre fiz, de articulação, de presença.

Do ponto de vista político local, isso teve um impacto grande na minha caminhada Na política não existe espaço vazio; se você não ocupar, alguém ocupa. E o meu adversário, que era o governador, achava que eu seria a grande adversária dele, então iniciou-se um processo de desconstrução. E não só minha, mas também de todo o partido. Acho que não consideramos a extensão disso como, por exemplo, dessa mentira dita várias vezes que se tornou uma verdade popular, de que nós não ajudamos o Paraná, que o Governo Federal não ajudou o estado.

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Nós não tínhamos consciência da dimensão disso e não fizemos um contra-argumento quando devíamos fazer. Isto é algo que agora me proponho a desmistificar e mostrar o que fizemos.

A senhora admite que esse afastamento quando ocupou a Casa Civil foi seu principal erro?

Sim. Claro que, junto a isso, há todo o peso da máquina do estado, uma política muito forte na área de publicidade e propaganda… Tudo colaborou para que tivéssemos esse resultado. E obviamente se soma a isso todo o movimento que foi feito contra o PT nacionalmente, muito intenso no Paraná. Ou seja, alem da desconstrução da candidatura, da candidata, havia uma desconstrução nacional e local em relação ao PT, ligando o PT a escândalos, a incompetência, a incapacidade.

Aproveitando o gancho, o que a senhora tem a dizer sobre as acusações que envolvem seu nome ao doleiro Alberto Youssef?

Nunca falei com ele por telefone, e-mail ou pessoalmente. Não o conheço. É muito fácil acusar sem provas. Tenho minha consciência tranquila quanto a isso. E todas as doações para minha campanha estão na prestação de contas fornecidas ao Tribunal Superior Eleitoral.

Em Curitiba, a senhora ajudou a construir a aliança do PT com o PDT. E essa aliança parece estar perdendo força, com setores do PT atacando o prefeito e diversas outras polêmicas.

Essa aliança nunca foi tranquila. Desde que iniciamos um processo de aliança com o Gustavo, existiram resistências internas no partido pelo posicionamento do Gustavo durante o período em que ele foi deputado federal e o nosso posicionamento em relação aos embates com o PSDB, partido que ele pertencia na época. Então sabíamos que não ia ser uma aliança fácil de consolidar. E, obviamente, você não constrói uma relação tranquila quando você tem um histórico polêmico ou uma relação mais crítica com determinada pessoa, partido ou grupo político.

Enfim, é natural que tivéssemos na formação da aliança e na continuidade dela esta tensão. Isso temos também na base aliada, no Governo Federal, não é novidade nenhuma: é normal em qualquer base aliada, em qualquer aliança. São questões que precisam localmente amparadas. Não vejo motivo para um rompimento de aliança, acredito que são momentos conjunturais.

Pessoalmente, não posso reclamar do Gustavo, ele esteve presente na minha campanha, declarou apoio, mas como disse, vivíamos uma situação conjuntural muito difícil para o PT e também para mim, por esse processo de desconstrução e pelo período em que fiquei ausente das relações políticas do estado.

A senhora enxerga seu atual momento político como um recomeço? De até então recordista de votos no Estado para após as últimas eleições enfrentar uma redução de mais de 70% em seu eleitorado.

É um processo da política. A política também não é um caminho reto e sempre de ascensão. Ulysses Guimarães dizia que a política é como um céu cheio de nuvens, que muda a todo instante. Então você trabalha com questões objetivas que estão na governabilidade. Fiz a minha auto crítica da ausência, de não ter uma presença mais forte, pelo momento que vivi no Brasil.

Não me arrependo disso e faria de novo, porque pude colaborar com a presidenta, trabalhei com uma mulher extraordinária, aprendi muito e isso pode ajudar muito a quem eu represento e o meu estado. Mas há consequências.

Há também o momento conjuntural, com a oposição se fortalecendo, a questão da economia, as críticas ao PT… Ter um governo de 12 anos também traz desgastes e questionamentos. Não é só uma função minha, mas também do partido, dos dirigentes: precisamos retomar esse diálogo com a sociedade, fazer o debate, enfrentar as críticas. Estamos em uma sociedade democrática, apresentar as nossas propostas, o que estamos fazendo pelo Brasil e o que queremos fazer.

Dilma teve uma rejeição grande no Paraná?

Tinha rejeição, mas dizer que é um estado contra a Dilma, não concordo. Enfim, cheguei a ouvir que quem estava comemorando a eleição da Dilma não devia comemorar aqui, devia comemorar no Nordeste. Isso é de um equivoco, de um preconceito, sem tamanho.

Dilma teve 40% dos votos aqui. Isso não é pouco. 40% da população paranaense optou que continuasse a política econômica, os programas sociais. E ela fez mais votos nominais no Sul e no Sudeste do que fez no Norte e no Nordeste. Então, o fato de ter uma preferência maior pelo Senador Aécio Neves, não quer dizer que as pessoas foram totalmente contra.

A mídia, de uma forma geral, influenciou nesse processo?

Com certeza. Nós tivemos um setor da imprensa que definiu um lado. O Estadão e a Veja, por exemplo, editorialmente, disseram isso. Disseram que estavam apoiando o candidato Aécio.

Então não estamos aqui fazendo alguma acusação para desmerecer a mídia, não é isso. Mas foram dois veículos que disseram estavam apoiando determinado candidato e utilizaram o espaço para fazer uma desconstrução da presidenta e de todos aqueles que a apoiavam. Neste ponto, não vejo problema, afinal, é algo claro, assumido, sabemos onde estamos pisando. O que é inaceitável é fingir neutralidade e induzir.

A senhora pretende disputar o Governo do Estado de novo?

Não estou pensando em eleição agora. Quero reorganizar o meu mandato, visitar o Paraná, mostrar o que fizemos inclusive, dentro da Casa Civil, mostrar o que a presidenta Dilma fez pelo Paraná. Vou exercer meu direito e dever constitucional de cobrar do governador aquilo que ele prometeu, tanto na eleição de 2010 quanto na eleição de 2014. Aliás, grande parte das promessas de 2010 ele não cumpriu.

Ainda sobre a questão do empréstimos, qual o panorama atual?

Tudo o que foi solicitado pelo Governo do Estado, saiu. Principalmente o Proinveste, que era o mais “solicitado”, já que é de aplicação livre no caixa. Tivemos uma decisão judicial baseada em um segundo relatório do Tribunal de Contas, já que o primeiro relatório do TC que chegou ao Tesouro dizia que o Paraná não estava cumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Fizeram um segundo relatório e o Tesouro pediu novamente para o Tribunal se reposicionar. Em vez de se reposicionar, o estado entrou com uma ação e o Supremo autorizou o empréstimo. Depois, quando o Tesouro estava para liberar o empréstimo após os procedimentos administrativos, era final do ano e o Paraná ainda não tinha cumprido LRF. Novamente o Tesouro disse que não poderia liberar, já que ele não liberou para ninguém que não cumpriu os investimentos mínimos em saúde. O Supremo afirmou que para o Tesouro liberar, o estado precisava se comprometer que aplicaria na saúde em 2014 o que não aplicou em 2013.

A senhora falou que tiveram outros estados em que esses empréstimos não foram liberados. Quais são esses estados?

Alguns estados que tiveram problemas e buscaram solucionar. O Rio Grande do Sul, que é administrado pelo PT, precisou resolver diversas situações. Creio que Minas Gerais e Bahia também. Ou seja, ninguém resolveu automaticamente. Eles foram atrás. De qualquer forma, liberaram todos. Mas é interessante notar que o dinheiro chegou, mas continua a crise.

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