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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Nem precisou de tanques para Toffoli tremer: bastou um soco na mesa

"O soco que o general Heleno deu na mesa pela irritação com Lula "revelou o seu surpreendente desequilíbrio, até então bem disfarçado por uma aparente serenidade", diz o colunista Ribamar Fonseca. "Vergonha de quê, general? Só se for da farsa montada pela gang da Lava-Jato para impedi-lo de voltar ao Palácio do Planalto"

(Foto: Reprodução | Ricardo Stuckert)
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O soco que o general Heleno deu na mesa durante um café da manhã de Bolsonaro com jornalistas, que deixou amedrontados os profissionais da imprensa presentes e fez tremer o ministro Dias Toffoli – que até mudou a pauta do STF – revelou  o seu surpreendente desequilíbrio, até então bem disfarçado por uma aparente serenidade. E deixou bastante claro o seu ódio a Lula que, a exemplo do capitão-presidente, gostaria que fosse condenado à prisão perpétua. Felizmente essa pena não existe na legislação brasileira, para desespero do general, que vai ter de curtir o seu ódio ao ex-presidente até descobrir que esse sentimento faz muito mais mal a si do que ao líder petista, que pode deixar a prisão a qualquer momento. Afinal, depois das revelações do site The Intercept sobre as ações políticas criminosas da gang da Lava-Jato para impedir Lula de voltar ao Poder, facilitando a eleição de Bolsonaro, além da nulidade do processo que o condenou os fatos denunciados também podem provocar a anulação do pleito. E o general pode perder a boquinha. Para isso basta que os membros do Tribunal Superior Eleitoral tenham aquilo roxo, como diria Collor, para tomar a decisão.

A verdade é que a explosão de fúria do general aconteceu na hora errada e na direção também errada. Um café da manhã com a imprensa, que se pressupõe uma reunião destinada a oferecer ao presidente uma oportunidade para se confraternizar com os jornalistas, certamente não é o momento mais adequado para semelhante demonstração de desequilíbrio. Em segundo lugar, ele deveria ter demonstrado essa indignação pública não contra Lula, que está preso e não tem como se defender, mas contra Bolsonaro, quando demitiu o seu colega general Santos Cruz, da Secretaria de Governo, por ter contrariado o desejo do seu guru, o astrólogo Olavo de Carvalho, de receber R$ 400 mil para ter um programa de televisão na EBC. O indignado general, no entanto, ficou quieto, sem um gesto em defesa do seu companheiro de farda, preferindo não colocar o seu emprego em risco. O general, ao que parece, teve medo do capitão, numa inversão da pirâmide da hierarquia militar. Aliás, não apenas ele, mas todos os generais que integram o primeiro escalão do governo parecem que estão mais preocupados em manter os seus cargos do que com o país, uma vez que aceitam sem um gemido sequer a entrega de nossas riquezas aos americanos, inclusive a Embraer e a base espacial de Alcântara. Em recente entrevista à TVT Lula, que não esconde sua preocupação com a destruição da nossa soberania, chegou a dizer: “General que não é nacionalista não merece ser general”. 

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Além da explosão de fúria, acompanhada de um soco na mesa, o general Heleno ainda disse que “tinha vergonha de Lula ter sido presidente do Brasil”. Vergonha de quê, general? A esmagadora maioria do povo brasileiro se orgulha de Lula e inclusive queria que ele voltasse à Presidência da República, conforme pesquisa de intenção de votos às vésperas das últimas eleições presidenciais, o que só não aconteceu por causa da manobra de Moro. E sabe, por que, general? Simplesmente porque o líder petista foi o melhor presidente que este país já teve, tirou mais de 40 milhões de brasileiros da linha de pobreza; tirou o Brasil do mapa da fome, conforme certificado pela própria ONU; abriu as portas das universidades para pobres e negros; criou o Bolsa-Família de importância vital para a sobrevivência de muitas famílias; colocou o país  entre as grandes nações do planeta; tornou o nosso país uma importante peça no tabuleiro mundial. E nunca humilhou nenhum militar, muito menos general. Muito pelo contrário, teve um excelente relacionamento com os militares, inclusive investindo na modernização das Forças Armadas, entre outras coisas viabilizando a construção de um submarino nuclear. Vergonha de quê, general? Só se for da farsa montada pela gang da Lava-Jato para impedi-lo de voltar ao Palácio do Planalto. 

Todo mundo – todo o mundo mesmo – já sabe que o ex-juiz Sergio Moro e sua turma da Lava-Jato atuaram como uma organização política criminosa, inclusive manipulando as informações vazadas à imprensa, para impedir Lula de concorrer às últimas eleições presidenciais porque sabiam que ele seria eleito no primeiro turno. Usaram de todas as artimanhas, inclusive com a participação da mídia, que se tornou cúmplice das suas ações criminosas, para anular qualquer possibilidade do ex-presidente se defender, chegando até à crueldade de usar a morte da sua mulher, dona Marisa Letícia, para atingi-lo. Por tudo isso, os Advogados pela Democracia já pediram a prisão de Moro, Dallagnol e todos os que participaram da farsa, acusando-os dos crimes de formação de organização criminosa, corrupção passiva, prevaricação e violação do sigilo funcional. Diante disso, pergunta-se: por que até agora ninguém tomou nenhuma providência para punir os criminosos? Estão esperando o quê? O CNJ e o Supremo se mantêm em silêncio, acovardados, sobretudo depois do soco na mesa do general Heleno e até mesmo no Congresso Nacional não se fala mais na CPI para apurar as denúncias. Enquanto isso a Globo e as milícias virtuais de Bolsonaro estão empenhadas na tarefa de desqualificar as revelações do The Intercept, tentando convencer os parvos de que os criminosos não são os atores da Lava-Jato, mas os supostos hackers que teriam invadido os celulares do ex-juiz e procuradores. 

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O que mais surpreende é a postura de homens maduros, grisalhos, de formação jurídica e ocupando altos cargos defenderem Moro sob a alegação de que ele trouxe “novo padrão jurídico e ético” para o combate à corrupção. Para eles, infringir as leis, em especial a Constituição, é um “novo padrão jurídico e ético”. O ministro Edson Fachin e o ex-presidente do STF, Carlos Velloso, por exemplo, pensam assim, conforme suas próprias declarações, o que nos leva a concluir que se todo o pessoal do Judiciário tiver o mesmo pensamento então a Justiça está mesmo perdida e só resta apoiar o filho do presidente Bolsonaro, que ameaçou fechar a Corte Suprema apenas com um cabo e um soldado, certamente porque aquela Corte não está cumprindo o seu papel de guardiã da Constituição. Percebe-se que a paixão política, o inexplicável ódio a Lula embotou o raciocínio desse pessoal. Para eles, afora Moro, ninguém mais neste país combateu a corrupção. Todos os outros magistrados seriam, então, negligentes? Ou cúmplices? Um absurdo. Ao que parece eles estão com a cabeça cheia das manchetes da grande mídia, que transformou Moro em super-herói e condenou Lula por antecipação. E não conseguem ver nada além dessas manchetes, o que depõe contra a sua inteligência. 

O jornalista Glenn Greenwald deve publicar logo o seu material mais explosivo, de modo a obrigar a quem de direito tomar as providências necessárias para punir os crimes praticados pelo pessoal da Lava-Jato. Se demorar muito eles vão acabar encontrando um meio de impedir a divulgação do restante do material sobre os bastidores da força-tarefa, para alivio de todos os envolvidos, inclusive dos membros do TRF-4 e dos tribunais superiores, que endossaram todas as ações do ex-juiz, numa ação coordenada. Sequer leram as centenas de páginas do processo e a argumentação da defesa do ex-presidente, já comparecendo aos julgamentos com os votos prontos, aparentemente combinados. Tudo, portanto, não passou de um teatrinho para enganar os trouxas. Em recente entrevista Lula disse que deseja apenas que os juízes leiam o processo e apontem qual o crime que cometeu, pois em mais de dois anos de rigorosa investigação os policiais não encontraram o desvio sequer de dez centavos. Precisamente por isso, por absoluta falta de provas, foi que Moro e sua turma inventaram aquela história do triplex, pois era fundamental tirar o petista das eleições. Na verdade, a decisão sobre a condenação de Lula já estava tomado no Departamento de Justiça norte-americano, antes mesmo da instalação da Lava-Jato. Enquanto isso, os verdadeiros ladrões, aqueles que confessaram o roubo, estão soltos, desfrutando do dinheiro roubado. 

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