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Heraldo Campos

Graduado em geologia (1976) pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas (UNESP), mestre em Geologia Geral e de Aplicação (1987) e doutor em Ciências (1993) pela USP. Pós-doutor (2000) pela Universidad Politécnica de Cataluña - UPC e pós-doutorado (2010) pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP)

86 artigos

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As tragédias das enchentes

As tragédias das enchentes não são de agora, mas as atuais são mais graves, comprovadamente, por causa das mudanças climáticas que o Planeta Terra vem passando

Foto de cobertura asfáltica sobre via pública, originalmente revestida por paralelepípedos de granito, causando aumento da impermeabilização (Ubatuba/SP) (Foto: Heraldo Campos (registro fotográfico em 07/05/2024))
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Inicio escrevendo que também abalado com as graves consequências das fortes chuvas no Rio Grande do Sul, como disse um amigo, lembro de quatro situações em que vivi próximo de áreas alagadas por enchentes, por causa de chuvas excepcionais, em pelo menos quatro décadas. Entretanto, nenhuma delas é comparável com a tragédia das enchentes por que passam os gaúchos e gente que vive no Estado do Rio Grande do Sul, aos quais me solidarizo.

A primeira que passei foi em 1966. O Rio Tamanduateí transbordou e a água chegou perto das ruas Vasco da Gama e Piratininga, que desembocam na Avenida Rangel Pestana, no bairro do Brás, em São Paulo. Morávamos no 10º andar do Edifício Piratininga e houve corte de energia elétrica e de gás de rua (COMGAS) por umas duas semanas. Fiz o sobe e desce no prédio para comprar mantimentos e o cozimento dos alimentos foi na base da espiriteira a álcool. A "parte boa" foi que fiquei esse tempo sem ir ao Colégio Nossa Senhora do Carmo. Férias forçadas.

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A segunda foi por volta de 1970. O mesmo Rio Tamanduateí transbordou e fui com um primo mais velho, com água acima da cintura, ver como estava minha avó paterna que morava no primeiro andar de um pequeno prédio na Avenida do Estado, no bairro do Ypiranga. Ela estava relativamente segura, mas a água demorou para baixar. Sobreviveu,  assistida, também, nesse episódio por outros primos e filhos que lhe deram suporte para manter uma dignidade no momento difícil.

A terceira passagem, foi também em São Paulo, foi na Vila dos Remédios (Osasco), Zona Oeste da capital, nos anos 1980, onde houve transbordamento das águas do Rio Tietê. Trabalhava no DAEE, perto do Cebolão (complexo viário com pontes e viadutos) e sem poder voltar para casa no Cambuci, dormi quatro dias no alojamento do trabalho. 

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A quarta situação foi entre 1994 e 2002 e não sei precisar direito o ano. Foi uma enchente que ocorreu por transbordamento do Rio dos Sinos, que atingiu boa parte do centro da cidade de São Leopoldo (RS) onde morei e trabalhei na UNISINOS nesse período. São Leopoldo agora foi atingida também, mas parece que não com tanta gravidade como outros municípios gaúchos. Essa é uma primeira impressão.

Por outro lado, as tragédias das enchentes não são de agora, mas as atuais são mais graves, comprovadamente, por causa das mudanças climáticas que o Planeta Terra vem passando. Algumas das causas, principalmente as que provocam enchentes no meio urbano, são conhecidas como: o acúmulo de lixo em vias públicas, a impermebilização inadequada do solo, a deficiência do sistema de macro-drenagem, a duplicação oportunista de pavimentação asfática recobrindo a pré-existente (geralmente de paralelepípedos) e a ocupação desordeda do território municipal pela especulação imobiliária.

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Nesse relato pessoal, sem precisar os anos e as datas dos episódios das enchentes vividos, outras situações mais ou menos graves certamente aconteceram. Porém, se como diz o provérbio popular de que “é melhor prevenir do que remediar” é de causar espanto o que foi falado ontem, 06/05/2024, na TV, que somente três deputadas federais tiveram a sensibilidade de destinar verbas, antecipadamente, para a prevenção dos desastres naturais. E aqui cabe a pergunta: o que fizeram boa parte dos nobres deputados para esse tema específico, já que vivem às turras com o governo federal atrás de grana?

Assim nunca é demais lembrar que nesse cenário de catástrofe sob as águas todo cuidado é pouco e as moléstias de veiculação hídrica, como amebíase, hepatite, desinteria bacteriana, cólera, entre outras, podem se proliferar para os menos assistidos.

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“A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana”. (Franz Kafka).  

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