Fotografia oficial dos presidentes dos países da América do Sul no palácio do Itamaraty

Lula dissemina cultura de paz no continente com visita de Maduro e recriação da Unasul

A atitude proativa do Brasil demonstra seu compromisso com a altivez no plano das relações externas também no âmbito continental

Dentre os movimentos do governo brasileiro do presidente Lula (PT) submetidos ao rotineiro menoscabo da chamada mídia tradicional, a reunião de presidentes sul-americanos, realizada em Brasília nesta semana, merece atenção. 

Compareceram os presidentes de onze dos doze países da região. A exceção foi o Peru, que vive as consequências de  mais um golpe de Estado, nódoa infelizmente constante no continente.

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Durante a reunião, evidenciaram-se diversas intenções. 

O Brasil claramente ambicionava a retomada integral da Unasul como entidade capaz de coordenar esforços destinados à criação de um bloco autônomo, especialmente em relação à tradicional tutela estadunidense sobre a região. Como pano de fundo,  claro, está a preparação da região, associando forças e interesses, para ocupar espaços de influência num mundo cada vez mais multipolar.

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Nessa lógica, caberia a uma entidade como a Unasul caminhar para a criação de instrumentos que genericamente correspondessem ao que veio acontecendo na Europa após os horrores da Segunda Guerra Mundial e do holocausto.

Coordenações comerciais, aduaneiras, diplomáticas e políticas acabaram redundando numa moeda única e na União Europeia.

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Diferentemente desta, porém, Lula pretende alicerçar a Unasul justamente sobre ideias que não vicejaram no projeto europeu: a paz, o multilateralismo e a tolerância com as diferenças. 

Como é evidente,  a Europa está mergulhada no conflito russo-ucraniano, já participou de outras intervenções e mostra-se cada vez mais caudatária do unilateralismo de Washington. 

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A reincorporação da Venezuela ao grupo sul-americano demonstra  o compromisso do grupo de países com a tolerância. 

Enquanto a superpotência do Norte convoca bloqueios e impõe sanções comerciais ao vizinho, o Brasil, com a visita de Estado do presidente Nicolás Maduro, patrocina a plena reinserção da Venezuela no concerto regional.

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Washington e seus aliados demandam intervenção nos assuntos internos da Venezuela com base na instrumentalização de temas como democracia (ou "ditadura") e direitos humanos.

Já o Brasil e outros países instam a Venezuela a se defender, a mostrar sua versão. Em coerência, Brasília estimula que as eleições do ano que vem sejam livres, com ampla supervisão internacional. 

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Não houve adesões definitivas à recriação da Unasul. As chancelarias dos países foram encarregadas de estudar o que fazer da entidade, de maneira a evitar sua sobreposição com outros organismos de coordenação regional.

Que tenha sido o Brasil de Lula a provocar a maior e mais ideologicamente variada reunião de presidentes sul-americanos mostra muito sobre as potencialidades existentes. 

As diferenças ideológicas poderão ser aparadas a partir dessa inédita aproximação presencial das altas lideranças. 

A despeito de naturais resistências, que poderão ser dissipadas, reafirmou-se a viabilidade de alguma coordenação regional autônoma como instância para a vigência de novos valores. A atitude proativa do Brasil demonstra seu compromisso com a altivez no plano das relações externas também no plano continental.