Luiz Inácio Lula da Silva, Benjamin Netanyahu e a Faixa de Gaza

Os fatos mostram que Lula tinha razão sobre o genocídio promovido por Netanyahu na Faixa de Gaza

O que se anseia agora é um imediato cessar-fogo e que se possam dar passos iniciais para a negociação de um Estado palestino livre e soberano

Bastaram alguns dias para que se confirmasse o corajoso diagnóstico do presidente Lula. "O que está acontecendo em Israel é um genocídio. "São milhares de crianças mortas, milhares desaparecidas. E não estão morrendo soldados, estão morrendo mulheres e crianças dentro do hospital. Se isso não é genocídio, eu não sei o que é genocídio", disse ele, no Rio, no lançamento da Seleção ds Petrobras Cultural.

A fala seguia na mesma linha de outra, numa visita à Etiópia, ainda mais enfática: "O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus”.

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A declaração, solidária aos judeus, que sofreram o holocausto sob os nazistas, teve seu sentido invertido pelos porta-vozes do regime sionista israelense no afã de usar o holocausto para justificar qualquer extermínio e afastar o foco para longe do que ocorre na Faixa de Gaza. O premiê extremista de direita Benjamin Netanyahu declarou que Lula cruzara "uma linha vermelha" pois nada se pode comparar ao holocausto, termo que Lula, aliás, não usou.

No mesmo tom encrespado, o chanceler Israel Katz declarou o chefe de governo brasileiro "persona non grata" em Israel, passando a humilhar, agredir e fustigar a autoridade brasileira em postagens dignas de flutuar em um desses esgotos bolsonaristas a quem, aliás a liderança sionista está intimamente ligada.

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De lá para cá, a sucessão de fatos veio a mostrar que Lula tem razão.

Em janeiro, a Corte Internacional de Justiça ordenara que Israel tomasse "medidas imediatas e efetivas" para proteger a população de Faixa de Gaza, ocupada, do risco de genocídio, o que enfureceu o governo de Telavive.

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Desde então, Israel nem sequer tomou providências mínimas indispensáveis para assegurar assistência humanitária e permitir serviços básicos.

Proibiu a atuação da UNRWA, que dava assistência e alimentação.

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Para cúmulo, o mundo presenciou nesta semana mais um capítulo trágico do suplício imposto aos palestinos. Durante uma distribuição de mantimentos na cidade de Gaza, no norte da região, forças israelenses dispararam a esmo e atropelaram, matando pelo menos 110 pessoas.

O resultado elevou o saldo de mortes palestinas desde outubro passado a 30.035 na Faixa de Gaza e 414 na Cisjordânia ocupada. Os feridos passam de 70 mil. Os desabrigados e tangidos para acampamentos são mais de um milhão e oitocentos de uma população de 2 milhões e 300 mil. A fome é generalizada.

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Nem mesmo essa última cena dantesca, porém, foi suficiente para impor contenção e reverência à liderança israelense. O ministro de Segurança Ben Gvir, sionista de extrema-direita, chamou a ação de "abençoada" e "heroica", dizendo que os soldados atuaram de "forma excelente ".

Pesquisa Genial/Quaest desta semana mostra que entre os brasileiros o apoio a Israel vem despencando. Não é, porém por apoio político que o presidente insiste em se manifestar.

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A prisão aprofundou seu compromisso com a verdade. Ele se recusa a minimizar ou virar a face diante do que está diante de todos: "Da mesma forma que eu disse quando estava preso que não aceitava acordo para sair da cadeia, porque eu não trocava minha dignidade pela minha liberdade, eu quero dizer para vocês agora, eu não troco minha dignidade pela falsidade”, expressou Lula recentemente ao repetir a constatação de que se trata de um genocídio o que ocorre na Faixa de Gaza. De fato, a motivação íntima de Lula parece ser antes de tudo humanitária.

Em todas as suas manifestações, o presidente tem feito questão de enfatizar seu repúdio aos atos terroristas realizados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, uma opinião defendida com igual ênfase por este Brasil247.

De prático, o que se anseia agora é um imediato cessar-fogo, articulado à devolução dos reféns sequestrados, na esperança de que a razão afinal prevaleça e se possam dar passos iniciais para a negociação de um Estado palestino livre e soberano que conviva em paz mútua com o vizinho israelense.