Brasileiro não sabe votar
Dirigentes partidários que vão decidir quem concorre. Na maioria das vezes, essas decisões são tomadas sem levar em consideração os interesses do eleitor
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Além de estarmos vivendo um momento político conturbado, uma crise econômica de efeitos assoladores atinge a grande maioria da população, que sem saber o que fazer, espera por oportunidades que possam ajudar na resolução de seus problemas.
Vivemos um período de desesperança, mas a proximidade das eleições sempre nos traz um alento, pois, em tese, a escolha de gente honesta, bem-intencionada e sobretudo capaz para ocupar os cargos em disputa, aumentaria sobremaneira a nossa capacidade de superação.
Por outro lado, contrariando nossas esperanças, existe um senso-comum que afirma que o brasileiro não sabe votar.
Antes de nos aprofundarmos nessa questão podemos ainda acrescentar mais uma pergunta que julgamos, também seja pertinente:
- O voto realmente tem esse poder transformador que lhe é atribuído?
Acreditamos que essas questões são complexas, interligadas e merecedoras de uma profunda reflexão a respeito e, certamente, este pequeno texto não será capaz de esgotá-las completamente.
Para começar, podemos fazer mais uma pergunta:
- Como são construídas as candidaturas?
- Será que todas as candidaturas têm as mesmas oportunidades e capacidade de se apresentarem em igualdade de condições aos olhos dos eleitores?
Achamos importante essa pergunta porque os eleitores escolhem seus representantes a partir de uma lista de candidatos visível aos seus olhos, ou mais especificamente pelo que a mídia lhe apresenta.
Muito bem, vamos então começar analisando como são construídas as candidaturas.
Primeiramente, é necessário não deixarmos de considerar que existe uma seleção natural. Nem todos querem concorrer.
Pior ainda, nem sempre os mais preparados e adequados para os cargos em disputa, estão dispostos a enfrentar uma eleição e até mesmo os sacrifícios que um político bem-intencionado tem que se submeter.
Suponha que mesmo com essas barreiras surjam candidatos realmente preparados e dispostos a lutar pelas demandas dos eleitores.
Pois bem, esses candidatos ainda terão de enfrentar a fase de escolha dos partidos.
Nesse momento, são os dirigentes partidários que vão decidir quem concorre e quem não concorre através de sua agremiação.
Na maioria das vezes, essas decisões são tomadas sem levar em consideração os interesses do eleitor e muito menos do candidato, visam tão somente as vantagens eleitorais do próprio dirigente ou seu grupo de interesse.
Isso sem levar em consideração que o candidato ideal pode ingressar em um partido desprovido de potencial para levá-lo a uma vitória eleitoral.
Falo de partidos que apresentam grandes dificuldades para atingirem o quociente eleitoral e elegerem seus candidatos.
Se analisarmos eleições passadas veremos que a maioria dos partidos que disputam as eleições elegem pouquíssimos candidatos, isso para não dizer nenhum.
Outro problema que o candidato tem que enfrentar é a interferência do poder econômico na visibilidade das candidaturas. Quanto mais dinheiro, mais fácil se torna a eleição.
As empresas financiam somente alguns candidatos, e os escolhidos serão definidos em comum acordo com os dirigentes partidários que assumem compromissos com quem financia a campanha, compromissos que invariavelmente não estão alinhados com as necessidades da população.
Ao eleitor somente serão apresentados candidatos que passaram por todos os filtros aqui citados, e no final quem fica com a fama de não saber votar é o “pobre coitado” do eleitor.
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