Liberdade de expressão ou prisão em conceitos
A narrativa dentro da “liberdade de expressão” muda conforme o gosto do freguês ou do político de plantão
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Hélio Schwartsman, sempre ele, é o preferido de minhas críticas, o dito filósofo, com seus sofismas explícitos ou proferidos nos interstícios das linhas que escreve. Dois exemplos dissecados aqui. Primeiramente, em “PSDB, o incrível partido que encolheu”, publicado na Folha de S. Paulo (1/5), Hélio fez um retrato atual da derrocada do PSDB, mas a trajetória decadente do partido começou com Aécio Neves em 2014, quando questionou o resultado das eleições e começou a fustigar o governo de Dilma Rousseff. A partir daí, alguns caciques tucanos tentaram isolar aquele fato, mas sucumbiram aos arroubos de João Dória e ao vai-e-vem de Eduardo Leite. Não teve jeito: o grupo de intelectuais bem intencionados criado no final da Constituinte foi suplantado pelo ovo da serpente da extrema direita. E o articulista continuou sua saga ou sina de criticar a ex-presidente e sua política econômica.
Antes disso, Hélio deu uma aula do que é sofisma (“O tamanho da liberdade”, 12/4). Ele usou uma expressão de Noam Chomsky para inverter a lógica entre liberdade de expressão e prática de crimes: “Se você é mesmo a favor da liberdade de expressão, então você é a favor da liberdade de exprimir justamente as opiniões que você odeia. Se não for assim, você não é a favor da liberdade de expressão”. A regulação social deve ser feita democraticamente, mas dentro dos limites do espaço e da segurança do outro. O que essa chamada “liberdade liberal” quer é o direito de propagar mentiras e discurso de ódio para alcançar um poder que jamais obteria por vias honestas.
Por fim, como mais um exemplo prático dessa prática nefasta de ficar preso em conceitos, “São Paulo vai na contramão do mundo se vender a Sabesp”, conforme denunciado pelo pré-candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos. Ele tem toda razão, mas a decisão foi a da política imediata e não a da lógica e da defesa de um patrimônio público que é a água. O rótulo dos governos pretende ser verde e azul, mas na hora da decisão é das “verdinhas” que se fala. A narrativa dentro da “liberdade de expressão” muda conforme o gosto do freguês ou do político de plantão. O curioso é que aqui em Campinas, cujo prefeito é bolsonarista raiz, é tabu sequer cogitar a privatização da Sanasa (Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A.), o equivalente municipal da Sabesp.
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