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Mario Vitor Santos

Mario Vitor Santos é jornalista. É colunista do 247 e apresentador da TV 247. Foi ombudsman da Folha e do portal iG, secretário de Redação e diretor da Sucursal de Brasilia da Folha.

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Com sua Nova Equação, Irã mostra que todo ataque terá resposta e pode atingir qualquer alvo em Israel

"Agora que sabe que pode penetrar as defesas de Israel facilmente, o Irã na verdade pode riscar o inimigo do mapa", escreve Mário Vitor Santos

Defesa antiaérea do Irã (Foto: Hispan TV)
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Há dez dias, o Irã penetrou todo escudo o antimíssil operado e tripulado pela própria OTAN, com as capacidades da aliança ocidental inteira, com equipamentos de despistes, domos, foguetes contra mísseis disparados de corvetas israelenses, caças F-35, Eurofighters, Typhoons e provavelmente muito mais.

Bem mais do que um ataque, a operação iraniana desmontou a supremacia israelense de forma inédita, o que a mídia ligada a Washington e ao sionismo evita registrar.

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Mísseis balísticos são o predador maior que os  sistemas de defesa avançada israelenses foram criados para enfrentar. No sábado do ataque iraniano, eles falharam espetacularmente, da mesma maneira que os Patriots haviam falhado antes deles na Operação Tempestade no Deserto. Isso passa o sinal de que o Irã agora é capaz de atingir qualquer alvo ocidental de maior relevância em todo o Oriente Médio, num raio de 2 mil a 4 mil quilômetros.

É uma capacidade significativa que ultrapassa até mesmo o que EUA e Rússia provaram ser hábeis para fazer com a mesma eficiência.

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Claro que a Rússia pode enviar seus Avangards (muito poucos e muito caros) e muito mais lentos mísseis de longo alcance mas, por causa do tratado de limitação desses mísseis entre as potencias, nenhuma das duas nações pode igualar o Irã com seus mísseis,  baratos e disponíveis imediatamente. Com munição lenta para atingir alvos a essa distância, os EUA teriam que enviar uma grande quantidade de aviões lentos e fazer ataque tradicional, de pouca precisão.

A visão de mísseis passando sobre o Knesset deve ter provocado arrepios na espinha dos israelenses. Uma cena para dar o recado iraniano: "Poderíamos ter destruído o seu Parlamento, mas nós decidimos não fazê-lo, por ora".

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Na contramão da propaganda que domina a mídia ocidental, o perfil sob pseudônimo Simplicius76, do Substack, deu bom serviço jornalístico. Com base em extenso levantamento de informações, anunciou que o Irã fez história com o ataque. Com o ataque, Teerã pode mapear radares e o sistema de defesa do inimigo. Os analistas militares estão revendo os seus cenários. Simplicius76 é provavelmente um analista russo, muito bem informado, talvez abastecido pela inteligência daquele país.

Amparado em exame das imagens dos mísseis e drones, e ao contrário dos comunicados militares israelenses seguidos caninamente pelos meios de comunicação consorciados, Simplicius76 afirma que o Irã furou os festejados sistemas de defesa de Israel, dotados de nomes propagandísticos, seja o Domo de Ferro ou o  Estilingue de David: seus mísseis atingiram os alvos com precisão, sucessão, dirigibilidade e velocidade provavelmente hipersônica. É a primeira vez na história militar que um ataque dessas dimensões ocorre com eficácia a uma distância tão grande. Além de uma virada de jogo no conflito com Israel, Irã realizou algo que nem China, Rússia ou EUA conseguiram exercitar em condições reais nesta escala.

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Os objetivos anunciados da Operação Promessa Verdadeira, do Irã, eram atingir de volta as bases de onde foi conduzido o ataque contra o consulado iraniano em Damasco em 1⁰ de abril. Ou seja, as bases aéreas israelenses de Ramon e Nevatim, o quartel-general da inteligência da força aérea (onde o ataque foi planejado) e o rebaixamento do sistema de radares e equipamentos da defesa aeronáutica.

O quartel-general da inteligência foi arrasado, diz Simplicius. A base aérea de Ramon foi severamente atingida. Nevatim, também localizada ao sul da Palestina ocupada, foi impactada por mais de sete mísseis. Outra base alvo foi o centro de espionagem de segurança máxima de Jabal al Sheikh, no Monte Hermon, no norte das ocupadas do Golan.

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Ainda de acordo com Simplicius76, há agora duas conclusões que competem entre si: uma diz que o Irã foi humilhado, pois Israel interceptou tudo e, pior, o Irã detonou sua única vantagem: a da surpresa e da incerteza. Perdeu sua ambiguidade estratégica ao mostrar seu jogo e não atingir tanto.

Dizem que a única vantagem real do Irã sobre Israel era a ameaça que poderia lançar seus temíveis mísseis balísticos arrasando extensas partes de Israel. Mas agora que o dano "percebido" do ataque foi pequeno, o Irã se mostrou mais fraco do que esperado, o que poderia insuflar Israel com ainda mais ânimo e coragem de continuar atacando e provocando o Irã ao ver que não há nada a temer dos mísseis iranianos tão alardeados.

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É dificil saber pois afinal não se conhece quanto estrago real causou o ataque iraniano em decorrência das evidentes mentiras israelenses de "100% de interceptações"  e outras notícias falsas insustentáveis. 

Não se sabe tampouco se não era intenção do Irã fazer um "ataque light", para assim evitar a escalada do conflito, enviando uma mensagem, evitando que Israel respondesse muito agressivamente, como de fato parece ter sido o caso.

Diz-se que o Irã dispõe de milhares de mísseis. Então ter lançado apenas uma fração (cerca de 300, dos quais um número de drones baratos e ultrapassados) é indicativo de que intencionalmente não foi realizado um ataque capaz de causar dano sério à infraestrutura israelense. Então, há a conclusão oposta: o Irã saiu como o grande vencedor por demonstrar sua capacidade de ultrapassar o mais denso escudo ocidental.

No longo prazo também relativizou um dos maiores lugares-comuns comuns, o de que Israel tem a bomba atômica. Ou seja, em última instância, massacra qualquer coisa que o Irã possa lançar contra eles.

Na verdade, agora que o Irã provou sua capacidade de penetrar Israel, pode também provocar devastação nuclear atacando a central nuclear de energia de Dimona, por exemplo. Usinas nucleares destruídas produziriam muito mais caos radioativo do que as relativamente mais "limpas" armas nucleares modernas.

Além disso, Israel é muito menor que o comparativamente gigantesco Irã. Este pode resistir a muitos ataques, enquanto um único evento nuclear  importante em Israel poderia irradiar todo o país, tornando-o inabitável.

Vale lembrar dos mísseis iraquianos Scud e Scarab lá atrás. Havia o temor de que carregavam armas químicas ou biológicas.

O Irã também pode carregar seus mísseis com todo tipo de itens agressivos, inclusive lixo nuclear, abundante, para criar uma "bomba suja".

Agora que sabe que pode penetrar as defesas de Israel facilmente, o Irã na verdade pode riscar o inimigo do mapa com suas armas hipersônicas ou quase hipersônicas.

Isso significa que qualquer ataque futuro nesta escala podera ser muito mais efetivo, pois o Irã pode agora calibrar de acordo com as insuficiências que identificou.

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