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Paulo Emilio

Jornalista com atuação em alguns dos principais veículos comunicação de Pernambuco e do país. Atualmente é editor e comentarista do Brasil 247

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O samba enredo que levou Bolsonaro a buscar refúgio na embaixada da Hungria

'Busca por asilo em território estrangeiro teve início após Bolsonaro perceber que a trama golpista corria sério risco de não dar certo', diz Paulo Emílio

Embaixador da Hungria e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução/X)
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A estadia de dois dias que Jair Bolsonaro desfrutou na embaixada da Hungria, em Brasília, durante o Carnaval, por temer ser preso pela Polícia Federal  (PF) devido às investigações das quais é alvo, foi apenas o desfecho de um roteiro elaborado logo após ele ser derrotado nas eleições presidenciais de 2022 pelo presidente luiz Inácio Lula da Silva. 

O samba enredo da busca por asilo em território estrangeiro - embaixadas são consideradas invioláveis - teve início após Bolsonaro perceber que a trama golpista para impedir a posse de Lula corria sério risco de não dar certo. Uma das primeiras atitudes do então mandatário foi ordenar ao tenente-coronel Mauro Cid, então seu ajudante de ordens, que vendesse as joias sauditas que haviam sido presenteadas ao Estado brasileiro, avaliadas por peritos da PF em cerca de R$ 5,1 milhões.

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A tentativa de venda aconteceu nos últimos dias de seu governo, pouco antes de viajar aos Estados Unidos e permanecer por lá durante pelo menos dois meses. A suspeita é que o dinheiro obtido com a comercialização dos itens fosse utilizado para custear as despesas dele e da família, caso a trama golpista não desse certo. 

Nesta mesma linha, se descobriu que o advogado Frederick Wassef viajou para os Estados Unidos para recomprar um relógio Rolex, dado de presente a Jair Bolsonaro por autoridades sauditas durante uma viagem oficial do então presidente da República em 2019 à Arábia Saudita e ao Catar, e devolver o mimo ao patrimônio da União.“O meu objetivo quando comprei esse relógio era devolver à União, ao governo federal do Brasil, à Presidência da República”, disse Wassef na ocasião. O “contador de tempo” foi avaliado em cerca de R$ 600 mil. 

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Além desta pequena fortuna, em meio ao avanço das investigações, foi deflagrada uma campanha para supostamente ajudar Bolsonaro a pagar multas judiciais que resultou na arrecadação de cerca de R$ 17, 2 milhões por meio de quase 770 mil depósitos via Pix feitos por seus apoiadores, entre 1 de janeiro e 4 de julho de 2023. Dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviados à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas apontam que R$ 17 milhões foram investidos em renda fixa por meio da conta pessoal do ex-mandatário. 

Nesta semana, o jornal estadunidense The New York Times revelou que Bolsonaro passou dois dias “hospedado” na embaixada da Hungria, em Brasília, justificada por ele como sendo para “manter contatos com autoridades do país amigo”. A “hospedagem” aconteceu entre os dias  12 e 14 de fevereiro, quando o Carnaval corria solto pelo Brasil. Em pleno Carnaval e apenas quatro dias após a PF deflagrar a Operação “Tempus Veritatis”, que apreendeu o passaporte de Bolsonaro e levou alguns de seus ex-auxiliares à prisão devido ao suposto envolvimento no planejamento da intentona golpista. 

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Alguns detalhes chamam a atenção: Bolsonaro chegou ao prédio da embaixada no início da noite e as imagens das câmaras de vigilância dão conta de que ele não era esperado. Não havia sequer um ambiente reservado para que ele pudesse permanecer por lá. Integrantes do corpo diplomático foram filmados levando roupas de cama e travesseiros às pressas para o visitante inesperado. A refeição providenciada? Uma pizza…

A escolha da embaixada da Hungria para buscar refúgio não foi feita por acaso. O primeiro-ministro do país do leste europeu, Viktor Orbán, é um populista de extrema direita que dobrou a constituição húngara para firmar-se no poder, algo semelhante ao idealizado por Bolsonaro. A diferença, neste caso, é que Bolsonaro buscava o apoio dos militares para consumar o seu plano golpista. 

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Em um lugar considerado seguro, como a embaixada de um “país amigo”, nada impediria que o capitão pedisse asilo alegando ser alvo de perseguição política, algo que vem ganhando corpo em seus discursos e entre seus apoiadores, caso sua prisão preventiva fosse decretada. 

Nesta linha, se conseguisse chegar à Hungria, Bolsonaro estaria livre de pagar suas contas com a Justiça, amplificar seu discurso contra a democracia e às instituições, além de estar com dinheiro o bastante para brincar diversos carnavais nas terras frias do leste europeu. 

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