Meirelles: Didi em 1958 fez o lance que mudou o Brasil

Naquele ano, traumatizado pela derrota do Maracanazo, o Brasil ainda era uma nação questionada pela sua fragilidade emocional e os fantasmas da derrota ressurgiram quando, na final daquela Copa, a Suécia abriu o placar na final; "Didi, com determinação e frieza peculiares, caminhou devagar até o gol, pegou a bola do fundo da rede, botou embaixo do braço e andou calmamente ao meio de campo exortando o time a se posicionar e virar o jogo", relembra Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, em sua recordação inesquecível das Copas

Naquele ano, traumatizado pela derrota do Maracanazo, o Brasil ainda era uma nação questionada pela sua fragilidade emocional e os fantasmas da derrota ressurgiram quando, na final daquela Copa, a Suécia abriu o placar na final; "Didi, com determinação e frieza peculiares, caminhou devagar até o gol, pegou a bola do fundo da rede, botou embaixo do braço e andou calmamente ao meio de campo exortando o time a se posicionar e virar o jogo", relembra Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, em sua recordação inesquecível das Copas
Naquele ano, traumatizado pela derrota do Maracanazo, o Brasil ainda era uma nação questionada pela sua fragilidade emocional e os fantasmas da derrota ressurgiram quando, na final daquela Copa, a Suécia abriu o placar na final; "Didi, com determinação e frieza peculiares, caminhou devagar até o gol, pegou a bola do fundo da rede, botou embaixo do braço e andou calmamente ao meio de campo exortando o time a se posicionar e virar o jogo", relembra Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, em sua recordação inesquecível das Copas (Foto: Leonardo Attuch)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 - O lance decisivo, que fez com que o Brasil deixasse de ser uma nação derrotada para se tornar o grande campeão do futebol, foi responsabilidade de Didi, na Copa de 1958, quando, na final, os suecos abriram o placar. "Didi, com determinação e frieza peculiares, caminhou devagar até o gol, pegou a bola do fundo da rede, botou embaixo do braço e andou calmamente ao meio de campo exortando o time a se posicionar e virar o jogo", diz Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, em sua recordação inesquecível sobre a história das Copas. Assista a final na íntegra (lance de Didi aos 6m30) e leia abaixo o texto de Meirelles:

 

O lance que mudou o Brasil

continua após o anúncio

Henrique Meirelles

A projeção do esporte extrapola a disputa esportiva nas grandes competições mundiais. Os exemplos vão das Olimpíadas gregas aos Jogos na Alemanha nazista, o Mundial na Itália de Mussolini, as Olimpíada de Moscou e Pequim.

continua após o anúncio

Por aqui, o governo Vargas fez planejamento de grande porte para sediar a Copa de 1942 e projetar a trajetória de país pobre no início do século em direção a país industrializado e urbanizado.

O projeto foi frustrado pela Segunda Guerra, mas sediamos a primeira Copa do pós-Guerra, como favoritos, em 1950. Na semifinal, goleamos a Espanha, um rival difícil na época, por 6 a 1. Mas subestimamos o Uruguai, ex-campeão mundial, e a derrota no novo Maracanã causou trauma nacional profundo.

continua após o anúncio

O Brasil entrou na Copa de 1954 ainda emocionalmente enfraquecido pelo Maracanazo, com complexo de inferioridade e a impressão de que os jogadores não aguentavam pressão, principalmente ao começar perdendo. Paramos na favorita Hungria, que acabou derrotada por uma Alemanha de menor brilho, mas mais disciplinada.

Chegamos à Copa de 1958 sem grandes pretensões no campo, mas com grande dinamismo fora dele. O Brasil se industrializava. Havia otimismo sob a liderança de Juscelino Kubitschek, que prometia 50 anos em 5. E a grande urbanização fez explodir a prática de futebol, aprimorando e ampliando a oferta de jogadores.

continua após o anúncio

Os primeiro jogos do Mundial da Suécia foram difíceis. Mas a despretensão e o surgimento de jogadores de grande talento permitiram ao técnico Feola lançar na Copa craques como Garrincha, Pelé, Didi, Zagallo, Zito, Djalma Santos etc.

Na final, contra os anfitriões, tivemos momento decisivo para o futebol brasileiro e para o amadurecimento do Brasil como nação da primeira divisão. A Suécia marcou no início, o que era sinal de pânico e desequilíbrio emocional na nossa seleção. Naquele momento, Didi, com determinação e frieza peculiares, caminhou devagar até o gol, pegou a bola do fundo da rede, botou embaixo do braço e andou calmamente ao meio de campo exortando o time a se posicionar e virar o jogo. Zagallo ainda pediu a Didi que se apressasse, mas ele seguiu inabalável. O Brasil não só virou, como aplicou goleada de 5 a 2 --dois gols de Pelé.

continua após o anúncio

Aquilo mudou o futebol brasileiro e o Brasil. Viramos o país do futebol e ganhamos grande lição da seleção.

Quando encaramos os desafios atuais da economia brasileira, é preciso determinação, coragem, confiança e serenidade. Botar a bola no chão, enfrentar os problemas com coragem, tomar as medidas necessárias e mostrar de novo que o Brasil pode não só dar a virada no futebol, como temos feito tantas vezes, mas também voltar a crescer como antes.

continua após o anúncio
continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247