José Dirceu, José Genoino e a rede hoteleira de Brasília

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Soube que o José Dirceu já entregou sua carteira profissional no Hotel Saint Peter e vai trabalhar lá como gerente administrativo. 

E espero, com plenos poderes que todo gerente deve ter, inclusive o de estabelecer as tarifas de hospedagem. 

Estive em Brasilia recente, e para diversificar, fiquei no Aracoara, o hotel onde o João Baptista Figueiredo, então candidato a presidente, instalou sua base de campanha. 

Prezado José Dirceu, fiquei num apartamento “single”. Os móveis deviam ser do tempo do Figueiredo. O carpete, surrado idem. 

Ah sim, o colchão, na hora em que eu sentei, afundou até o estrado.

Pois o pessoal do Aracoara teve a coragem de me cobrar R$ 403 por uma noite pessimamente dormida. 

Mais. Tentei tomar uma Coca-Cola e descobri que não havia frigobar no quarto.

Você, que é uma homem viajado, sabe melhor que eu que, por esse preço, eu teria acolhimento muito mais satisfatório em qualquer hospedaria padrão três estrelas na Europa ou nos EUA. 

Na hora do jantar, o restaurante vazio, comentei com os meus botões, como costuma fazer o Mino Carta: acho que nós somos os únicos hóspedes desta espelunca. Nada disso. 

Pela manhã, dezenas de rapazes e moças disputavam um suco de laranja ou uma fatia de abacaxi (havia tambem ovos mexidos, mas eu não curto ovos no breakfast). 

Os jovens que estavam ali tinham cara de concurseiros. Alguma instituição deve ter arcado com as despesas de hospedagem da moçada.

Dirceu, pemita, trata-lo assim. Nem que fosse jogo do Brasil x Alemanha, na final da Copa, o preço do Aracoara não deveria ser tão alto.

Agora que você está dedicado ao ramo, avise seus colegas que R$ 402 por uma noite num pardieiro é muito acinte. Neguinho que virá para o Mundial terá de armar barraca na Esplanada. 

E olhe que eu não sou nada exigente em material de hotel. Quer prova disso? Pergunta pro Genoino. Nós sempre nos encontrávamos no café da manhã no bom e velho Hotel Torre. Acho que o Genoino até morava lá. 

Eu lembro que, no tempo em que ele trabalhava com o Jobim e o Jobim foi defenestrado (termo muito usado pela Veja) cheguei a comentar com ele se não poderia substituir o Ministro da Defesa. Afinal tinha bons contatos na área militar. Ele respondeu apenas: “Nenhuma chance”. 

Pediu licença, pegou a pastinha surrada, da porta do hotel fez sinal para o ponto de taxi que fica em frente, entrou e se mandou. Olhei o relógio. Não eram ainda oito horas.  

Outra vez comentei com os meus botões (como faz o Mino): esse cara pode ter feito o diabo no mensalão, mas não ficou com a grana. Tudo o que entrava era para o partido.

Dessa vez um botão respondeu: Pode ser…pode ser…

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