Petróleo e eleições

Ter a Petrobras no centro da disputa presidencial é algo que, no longo prazo, fará bem à companhia



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Que ninguém se engane: um dos principais temas da disputa presidencial de 2014 será a Petrobras. Quem é capaz de administrá-la melhor: Dilma Rousseff, Aécio Neves ou Eduardo Campos? Um ensaio dessa mistura entre petróleo e eleições aconteceu nesta semana, quando as ações da Petrobras dispararam a partir de um rumor – não confirmado, diga-se de passagem – sobre uma possível queda de Dilma no Ibope. Como se sabe, Dilma manteve-se firme e forte na liderança, continua vencendo em primeiro turno, mas foi sintomático perceber que investidores e também especuladores torcem por sua queda.

Para a empresa, que, desde a descoberta do pré-sal, é o carro-chefe da economia brasileira, a influência eleitoral poderá ser positiva, trazendo ganhos de curto, médio e longo prazos. Ao PT e à candidata Dilma, naturalmente, não interessa que prospere o discurso oposicionista – e também catastrofista – de que o governo atual "quebrou a Petrobras". Portanto, não seria surpresa se, em algum momento, num cenário de maior calmaria inflacionária, as defasagens nos preços dos combustíveis forem corrigidas. É o que basta para que não apenas a Petrobras como também a própria Bovespa disparem, eliminando a percepção de desconfiança de parte do mercado financeiro em relação a Dilma.

Outra discussão tão importante quanto a política de preços diz respeito ao chamado presidencialismo de coalizão e o aparelhamento do Estado. O uso das estatais como moeda de troca ficou explícito em 2005 quando o então presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, reivindicou uma diretoria da Petrobras. Mas não qualquer uma. Ele queria uma daquelas que "furam poço". Severino não venceu a parada, mas o seu PP levou a diretoria de Abastecimento e Refino da Petrobras, ocupada por Paulo Roberto Costa, preso na quinta-feira pela Polícia Federal.

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Indicado pelo já falecido ex-deputado José Janene, Costa tinha quase tanto poder na Petrobras quanto o então presidente José Sergio Gabrielli. E foi nessa condição que ajudou a elaborar o contrato da compra da refinaria de Pasadena, no Texas, classificado como "omisso" e "falho" numa nota do Palácio do Planalto. A aquisição, que se mostrou problemática, pode causar danos à candidata Dilma, mas o próprio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pisou no freio de uma CPI no Congresso Nacional. Outro negócio polêmico, feito pelos tucanos em 2001, já está no Superior Tribunal de Justiça, onde se contesta uma troca de ativos entre Petrobras e a espanhola Repsol, que teria causado um prejuízo também bilionário.

A lição a se extrair desses episódios é a necessidade de que a Petrobras seja blindada e protegida de quaisquer interesses ou barganhas políticas, seja com Dilma Rousseff, Aécio Neves ou Eduardo Campos. E este deveria ser o compromisso firmado de todos os candidatos, para que eles discutam apenas a grande questão de fundo, que é o modelo de exploração do pré-sal no Brasil, com maior ou menor participação da Petrobras e de investidores internacionais.

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