A Marcha murchou, porém...
É nítida a guinada que o mundo dá à direita. O radicalismo ganha terreno. Podemos citar, como exemplo, o atual governo ucraniano de caráter neonazista. O Brasil não foge ao contexto
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Que alívio ver que a Marcha murchou! A democracia e o bom senso venceram.
Minha comemoração, porém, é contida. É nítida a guinada que o mundo dá à direita. O radicalismo ganha terreno. Podemos citar, como exemplo, o atual governo ucraniano de caráter neonazista, que conta com o explícito apoio dos Estados Unidos e Europa.
O Brasil não foge ao contexto. O que antes era camuflado, ou por vergonha ou por receio do politicamente correto, agora, despe-se, sem a menor cerimônia. Há um orgulho escancarado, agressivo e altivo em apresentar-se como sendo de direita.
Se não, como explicar o sucesso da jornalista(?) Rachel Sheherazade e o cúmulo de todos os absurdos: a 'Marcha pela Família 2'; tentando reviver 50 anos depois àquela acontecida em São Paulo – que deu o suporte civil para que os militares, apoiados pelo governo norte-americano, instaurassem uma das mais sanguinárias e longevas ditaduras da América do Sul -, um clima de confrontação terrivelmente perigoso?
O escárnio é enorme: 'Família', 'com Deus', 'Defesa da Vida', 'Liberdade', 'Democracia'; justamente tudo que o golpe militar destruiu.
Não se trata de demonizar um lado e relativizar o outro. Nada contra a direita, já que vivemos numa democracia. O problema é o extremismo a que estão sendo levados pela nossa insana mídia e pela total ausência da mínima avaliação do que representa a reedição desse emblemático acontecimento – um enorme erro histórico da sociedade brasileira que nos levou a um governo de exceção, que, simplesmente, decidia se a pessoa (brasileiro ou brasileira), dependendo de sua opção política, mesmo dentro do jogo democrático, deveria viver e não ser incomodada ou sofrer cruéis atrocidades para, então, morrer.
Pausa para registro. A quase totalidade de meus amigos eu coloco no campo da direita. Excelentes pessoas, de nobres sentimentos humanísticos, mas que estão se deixando levar por um ódio que nada poderá construir.
Falhamos em algum ponto quando não aprendemos com nosso passado. E um passado que está tão perto, com cicatrizes que nunca irão se fechar!
Filmes, documentários, especiais, relatos; o que mais seria preciso mostrar para que jamais retornemos a um período de monstruosa desumanidade vivido em nosso país?
Quem for contra o PT, Lula, Dilma, mesmo sendo radicalmente contra, lembre-se que a democracia que vivemos hoje custou muitos sacrifícios.
Então, façamos o jogo dentro das regras e com respeito aos opostos (ambos os lados). A democracia está acima.
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