O recado alemão

Encaradas, por alguns setores, apenas como uma espécie de "chilique" da Presidente Dilma, as reações do governo brasileiro às ações de espionagem levadas a cabo pela NSA, dos Estados Unidos, têm sido até brandas quando comparadas às de outras nações



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Encaradas, por alguns setores, apenas como uma espécie de "chilique" da Presidente Dilma, as reações do governo brasileiro às ações de espionagem levadas a cabo pela NSA, dos Estados Unidos, têm sido até brandas quando comparadas às de outras nações.

Ontem, a Alemanha mandou duro recado a Washington, com a suspensão de vultoso contrato com a norte-americana Verizon.

"Há indicações de que a Verizon é legalmente obrigada as fornecer informações à NSA, e essa é uma das razões pelas quais a cooperação com a Verizon não continuará" - afirmou Tobias Plate, porta-voz do Ministério do Interior do governo alemão.

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Com a decisão, os contratos, relativos à prestação de serviços de internet a vários órgãos governamentais, deverão ser repassados para a Deutsche Telekom, que tem participação do governo, e administra as comunicações de alguns ministérios e dos órgãos de inteligência do país.

Enquanto isso ocorre na Alemanha - tradicional aliada dos Estados Unidos e maior economia do continente europeu - no Brasil o governo insiste em continuar contratando serviços de empresas estrangeiras para setores estratégicos sensíveis.

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Esse é o caso da INDRA, empresa espanhola de telecomunicações, que conta, atualmente, com importantes contratos na área de defesa concedidos pelo governo brasileiro, nas áreas de comunicações militares via satélite (é fornecedora das estações terrestres do exército), de sistemas de vigilância por radar, e - pasmem os leitores - de nossos sistemas de guerra eletrônica, que estão voltados justamente para enfrentar ameaças a ameaça de inimigos externos.

E isso, apesar de ter um governo estrangeiro, membro da OTAN, como um de seus principais acionistas. O governo espanhol, que detêm mais de 20% de suas ações, é um dos mais abjetamente subalternos aos Estados Unidos, não apenas do ponto de vista de sua política externa, mas também no campo militar, como mostra sua atuação como linha auxiliar das forças armadas dos EUA em lugares como a Líbia e o Afeganistão. Nos EUA, a INDRA coopera diretamente com o governo, e possui uma subsidiária, instalada na cidade de Orlando.

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O governo brasileiro precisa entender que existem limites no que pode ser contratado a uma empresa estrangeira. Comprar, ou desenvolver, ou copiar, por engenharia reversa, uma determinada peça, de uma empresa de outro país, é uma coisa. Outra, muito diferente, é encomendar lá fora sistemas fechados, que podem ser anulados ou sabotados facilmente em caso de conflito. O que precisamos é desenvolver, aqui dentro, mesmo, nossos projetos de defesa, e, quando não pudermos fazer isso, contratar técnicos e cientistas, no exterior, para trabalhar dentro de nossas fronteiras. Foi isso que os norte-americanos e os russos sempre fizeram. E nunca se arrependeram.

Publicado no site de Mauro Santayana

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