Vote nas lágrimas de Marina e quem vai chorar por último será você

A capa da Veja desta semana e as da Folha de São Paulo dos últimos dias inventaram uma santinha esmagada pela truculência de uma Dilma mostrada como destemperada

A capa da Veja desta semana e as da Folha de São Paulo dos últimos dias inventaram uma santinha esmagada pela truculência de uma Dilma mostrada como destemperada
A capa da Veja desta semana e as da Folha de São Paulo dos últimos dias inventaram uma santinha esmagada pela truculência de uma Dilma mostrada como destemperada (Foto: Eduardo Guimarães)


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A eleição presidencial começou mesmo em 13 de agosto último, nem duas horas após o anúncio da morte de Eduardo Campos – o irmão dele já se oferecia para ser vice na chapa de Marina Silva, quem, no mesmo dia, já começava a fazer seus cálculos políticos.

A partir dali, a mídia transformou Marina em viúva-honorária do falecido. Durante mais de uma semana, TV, internet, rádio, revistas, jornais e o que mais se puder imaginar inundaram a sua vida, leitor, com imagens da viúva política de campos ostentando expressão de dor que só ela sabe afetar.

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E, de quebra, vestindo preto.

Por alguma razão que este que escreve jamais compreendeu, Globo, Folha, Veja e Estadão acreditaram que a disparada de Marina se daria às custas dos votos de Dilma e não dos de Aécio, porque a pessebista seria “de esquerda” como a petista.

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Tolinhos…

Marina, porém, como foi previsto aqui tantas vezes, tornou-se problema imediato de Aécio, não de Dilma. Assim, tal qual vampira sugou os votos do tucano até deixa-lo literalmente exangue, eleitoralmente.

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Fico só imaginando a cara desses apalermados da mídia corporativa ao perceberem o tiro de bazuca que haviam dado no próprio pé.

Eis, então, que, confiante na estupidez do eleitorado, a mídia desanda a espancar aquela em quem ainda não confiava – justamente por caírem na dela e acreditarem-na “de esquerda” –, na esperança de ressuscitar o tucano abatido em voo baixo.

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Volto a ver, em pensamento, a expressão abobalhada que se estampou nas fuças dos “doutores” em tudo que infestam a imprensa brasileira.

Agora, os “geniais” apalermados e abobalhados barões da mídia tiveram mais um plano infalível: transformar em agressão torpe, baixaria, golpe abaixo da cintura Dilma meramente travar o debate político sobre as propostas vacilantes da adversária.

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Querem impedir que Dilma reaja ao que fez Marina no debate da Band, que aconteceu não faz nem um mês, quando a verdinha espancou os dois principais adversários enquanto estes se encolhiam ante a agressão de alguém recém-canonizada.

Apesar dos fatos sobre quem começou a troca de críticas, a capa da Veja desta semana e as da Folha de São Paulo dos últimos dias inventaram uma santinha esmagada pela truculência de uma Dilma mostrada como destemperada, covarde e todos os outros adjetivos necessários à caricatura.

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Será que vou precisar resgatar a montanha de matérias da própria grande mídia reconhecendo que quem começou a pancadaria foi Marina no debate da Band ou a mídia golpista de direita prefere reconhecer já que Marina chorar agora por simplesmente ser criticada, logo após ter partido para cima dos que só revidam, não passa da mais pura vigarice?

Quão trouxa é o eleitorado brasileiro? Já se viu que não tanto quanto pareceu no momentum da passagem de Eduardo Campos.

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Aos poucos, as pessoas foram se posicionando – mais rapidamente no lado de Marina e mais lentamente no lado de Dilma –, e o país se dividiu em igualdade de partes. Como se disse aqui tantas vezes, esta eleição será decidida por margem exígua, talvez por uma casa decimal.

Nesse quadro, a eleição pode caminhar para uma loteria. Afinal, há muito trouxa no Brasil capaz de votar em lágrimas ou em viúvas de araque que chegam a fazer “selfie” sobre o caixão do “cônjuge” recém-saído desta para melhor.

Se o pior suceder, se ficar provado que a maioria do povo brasileiro é composta por trouxas e se, assim, os trouxas vencerem a eleição presidencial, quem irá chorar por último serão eles. Muito poucos irão ganhar em um governo de banqueiros e barões da mídia.

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