Um bufão barulhento; um criminoso reincidente
O discurso de Jair Bolsonaro não é feito à toa. Tem como alvo um público sedento de radicalismo de extrema direita. Mas, inegavelmente, faz barulho
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Não foi a primeira vez que o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) agrediu a colega Maria do Rosário (PT-RS). Em 2003, durante uma entrevista à RedeTV!, o parlamentar fulminou a petista com a mesma ofensa machista. "O senhor promove a violência", disse Maria do Rosário na ocasião. "Eu sou estuprador agora? Jamais iria estuprar você, porque você não merece", rebateu o deputado.
A postura desagradável, desrespeitosa, deselegante e violenta se repetiu esta semana, só que desta vez na tribuna da Câmara dos Deputados e às vésperas da divulgação do relatório da Comissão Nacional da Verdade. Viúvo da ditadura militar, na terça-feira (9) o parlamentar protagonizou mais uma diabrura, bem ao seu estilo truculento e fascista. Ao responder uma fala anterior da ex-ministra dos Direitos Humanos, ele gritou: "Não saia não, Maria do Rosário, fica aí! Fica aí, Maria do Rosário, fica! Há poucos dias, 'tu' me chamou de estuprador no Salão Verde, e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece. Fica aqui para ouvir!", bradou Bolsonaro no plenário.
Não satisfeito com a violência a Maria do Rosário, Bolsonaro partiu para atacar o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Na visão dele, no Brasil, a data celebra a "vagabundagem" e os direitos humanos só defendem bandidos, estupradores, marginais, sequestradores e corruptos.
Bolsonaro estava com o "capeta". Entusiasmou-se com a plateia e partiu para ofender a presidente Dilma Rousseff. Disse que o primeiro marido da chefe de Estado e do governo brasileiro sequestrou um avião e foi para Cuba, além de ter participado da execução de um major alemão. O segundo marido, disse Bolsonaro, confessou publicamente que roubava bancos, pegava armas em quarteis e assaltava caminhões na Baixada Fluminense.
O discurso de Jair Bolsonaro não é feito à toa. Tem como alvo um público sedento de radicalismo de extrema direita. Mas, inegavelmente, faz barulho. Bolsonaro atira e sabe que, em segundos, suas diatribes explodirão nas redes sociais. Sua reeleição com mais de 464 mil votos mostra que a estratégia está no prumo.
Bolsonaro é um fascista declarado. Um bufão barulhento e um criminoso reincidente. Os crimes anunciados de viva voz na interpelação do deputado são gritantes e o colocariam no centro de uma ação penal, isso sem falar na perda do mandato por falta de decoro parlamentar. O deputado, em público, anuncia sua disposição para estuprar uma mulher, uma colega de Parlamento.
Como desabafou uma colega, em um Congresso sério, Jair Bolsonaro já estaria cassado. Em um país escolarizado, ele nem mesmo seria eleito. Em uma sociedade responsável, estaria com a carreira política encerrada. Nada disso aconteceu até agora, e talvez jamais aconteça.
O crime de estupro é tipificado no artigo 213 do Código Penal. Segundo a lei, o delito consiste no fato de o agente constranger alguém, mediante violenta ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
Os meios de execução o crime são a violência ou a grave ameaça. Sendo esta última é a promessa da prática de um mal, de acordo com a vontade do sujeito. Vale acrescentar que além de defender abertamente o estupro, o deputado costuma declarar defensor do crime de tortura. Já é hora do Congresso Nacional mandar para o lugar devido um defensor de práticas criminosas.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247