Vazou o vazamento

Um texto de ficção que revela como funcionam os vazamentos seletivos da imprensa brasileira

Um texto de ficção que revela como funcionam os vazamentos seletivos da imprensa brasileira
Um texto de ficção que revela como funcionam os vazamentos seletivos da imprensa brasileira (Foto: Washington Luiz de Araújo)


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Conversa vazada  numa redação de um veículo de comunicação: 

- Alô, é o meu suposto amigo?

 - Sim! Diga, meu suposto vazador preferido!

- Você fala isso para todos. Não me ama mais.

 -O que é isso? Sabe que trato com imenso carinho todos os seus vazamentos, não sabe?

- Sei não. Você sabe como sou ciumento. Tenho visto alguns vazamentos,  que  não são de minha lavra, com  maior destaque que  os meus.

- Não fale isso. Assim você me magoa.  Você é que, desconfio, não vaza só para mim. Está me traindo!

- Eu, nada! Sou fiel a você. Por falar nisso, “bombou” aquele último  vazamento que eu lhe passei, hein?!

- É, foi bom. Mas preciso de mais. Sabe como é, tenho concorrentes – e muitos. Alguns trabalham ao meu lado e vivem espichando os olhos para ver o que estou escrevendo e os ouvidos para descobrirem o que estou falando.

- Você, sempre querendo mais! Nunca está contente?

-Quem não se satisfaz é o meu editor. Depois da repercussão desse último vazamento, que,  aliás, não se comprovou nada a respeito, mas isso é o de menos,  ele veio com o papo de que  precisa de mais coisa e coisa melhor, pois os concorrentes estão apelando. Até um boato de que o Lula teria gastado uma “baba” numa suposta festa infantil de um imaginário sobrinho já rolou...

- É verdade, o pessoal está trabalhando. Até o pobre do Jack Nicholson entrou na história como portador de Alzheimer. Bota amor à verdade nisso, é ou não é?

- Não muda de assunto, cadê os novos vazamentos?

- Calma, tenho que ir devagar. Pensa que é fácil? Ainda mais que  agora vocês exigem vazamentos editados, com texto jornalístico. O que é isso?
 
- Meu amigo, como eu lhe disse a coisa aqui é linha de produção. O vazador que nos envia texto pronto tem preferência. Fazer o quê? É o capitalismo selvagem. Menos custo aqui para a empresa. E fechamento de edição não é moleza, não. Está cada vez pior, é pressa e pressa e pressa. Você já esteve aqui e viu como é um fechamento de edição! Lembra?  

- Sei, sei, tudo bem, mas esta vida de vazador anônimo me enche o saco. Eu vazo e você leva a fama.

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- Calma, calminha, um dia você receberá o merecido reconhecimento pelos inúmeros serviços prestados a nós.

- Pô, coloque-se no meu lugar. Não tenho nem como me “pavonear” com os amigos da cerveja, contando e que tal manchete foi resultado de uma vazamento meu! Nem pegar uma “periguete” com meus vazamentos eu posso. É triste, muito triste.

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- É, mas a sua instituição está nas manchetes, com isso você ganha pontos.

- Sei disso, por isso me esforço. Por falar nisso, você sabe que um delator citou políticos da alta cúpula tucana?

- Nem que quero saber. Isso não rende aqui na redação. Manda mais coisa do PT, meu amigo. Vazamento, vazamento! Mas manda a jato!

- Yes, sir!!!!!

Obs.: Este é um texto de ficção. Não tente encontrar nenhum tipo de veracidade nesse diálogo. Aliás, isso serve para muitos vazamentos  que têm feito a alegria de muitos veículos de comunicação tradicionais por aí.
 

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