O roteiro de um golpe?

Ontem assistimos o remake de um roteiro sobejamente conhecido, o roteiro do golpe de 1964, com os requintes do século XXI

Ontem assistimos o remake de um roteiro sobejamente conhecido, o roteiro do golpe de 1964, com os requintes do século XXI
Ontem assistimos o remake de um roteiro sobejamente conhecido, o roteiro do golpe de 1964, com os requintes do século XXI (Foto: Pedro Benedito Maciel Neto)


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"Sem o trabalho da imprensa, não haveria legitimidade para a derrubada do presidente João Goulart."
Juremir Machado

Há um livro interessante de Juremir Machado chamado "1964 golpe midiático-civil-militar". Todos deveriam ler para compreender o que está acontecendo novamente.

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Ontem, assistindo às manifestações, verdadeiro reality show, pela Globo News, eu achei que estivesse vendo um filme ou uma peça de teatro.

Por que? Ora, porque uma peça de teatro é estruturada em "atos" e esses em "cenas". E os Atos se constituem de uma série de cenas interligadas por uma subdivisão temática. As cenas, por seu turno, se dividem conforme as alterações no número de personagens em ação: quando entra ou sai do palco um ator. O cerne ou medula de uma peça são os diálogos entre os personagens. Tudo contido num roteiro bem escrito e planejado, pois como todo bom roteiro através das Rubricas e das Indicações ele trouxe as determinações indispensáveis para a realização do drama e assim orienta os atores e a equipe técnica sobre cada cena da representação e envolve o público de forma eficiente.

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Ontem assistimos o remake de um roteiro sobejamente conhecido, o roteiro do golpe de 1964, com os requintes do século XXI. O golpe que se apresenta próximo?

Passados mais de 51 anos, mais uma vez a classe média serve de massa de manobra dos interesses que um governo progressista contraria. Foi assim em 1964, basta recuperar os fatos, fotos, estudar a História ou comparar as manchetes dos jornais da época com os de hoje.

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Penso que as manifestações de ontem são contra a democracia e atendem interesses que não são do país e do nosso projeto constitucional de nação. Manifestações amplamente apoiadas pelo GLOBO, pela GLOBO NEWS, pela FOLHA e pelos Mesquita do ESTADÃO, os mesmos veículos de comunicação que apoiaram o golpe em 1964. E tudo isso está a desconstruir 30 anos de democracia. Vamos ver aonde isso vai nos levar.

É curioso que sempre que um governo contrariou os interesses dos banqueiros, rentistas e grandes industriais o "método" foi o mesmo. Basta estudar o que ocorreu com Getúlio, JK, Jango e agora com Dilma Rousseff.

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Todos deveriam estudar História. Repito: o método de hoje é reprodução do que ocorreu com Getúlio em 1954, com JK durante todo o seu governo e com Jango.

Coincidentemente, as três derrotas da UDN (para Getúlio, JK, Jânio/Jango) desencadearam uma campanha midiática que levou ao golpe de 1964.

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Espero estar errado. Mas me parece que a quarta derrota da neo-UDN representantes fieis da FEBRABAN e do FIESP (PSDB, DEM) é a causa da indignação seletiva e do caos artificialmente criado e inflado.

Sigo perplexo com a capacidade que os meios de comunicação têm em potencializar momentos de tensão institucional e instabilidade política em favor de suas posições e a serviço de seus senhores.

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Não há duvida que falta "tarimba" política a Dilma, que até ser ungida por Lula foi uma tecnocrata do setor público, desde a eleição de Alceu Colares no Rio Grande do Sul em 1985.

Mas o método de construção do caos, de manipulação da classe média através da mídia e dos "especialistas" é o mesmo do cenário pré-golpe de 1964. Repito: espero estar errado, mas em 1964 interesses internacionais, apoiados pelas oligarquias nacionais e pelos senhores da mídia depuseram João Goulart, um presidente eleito democrática e constitucionalmente, e o Brasil seguiu a agenda de todos os países do então terceiro e o povo viveu sem democracia por 21 anos.

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Hoje me parece que o pré-golpe segue o mesmo método: criminalização da Política, criminalização da esquerda, espetaculização disso tudo. A novidade é a judicialização da política ou, noutras palavras, a transferência para um Poder "confiável" as decisões que são originariamente da sociedade, da seara política.

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