O galo e a malandragem da raposa: Cuba e Estados Unidos

A reaproximação entre os dois países tem que ser a partir dos interesses verdadeiros do galo e não das falácias da raposa, sempre abundantes em mentiras e preconceitos

A reaproximação entre os dois países tem que ser a partir dos interesses verdadeiros do galo e não das falácias da raposa, sempre abundantes em mentiras e preconceitos
A reaproximação entre os dois países tem que ser a partir dos interesses verdadeiros do galo e não das falácias da raposa, sempre abundantes em mentiras e preconceitos (Foto: Dom Orvandil)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Uma fábula popular ajuda a entender os movimentos de reaproximação entre Cuba e Estados Unidos.

O galo cacarejava em cima de uma árvore. Vendo-o ali, a raposa tratou de bolar uma estratégia para que ele descesse e fosse o prato principal de seu almoço.

continua após o anúncio

-Tu já soubeste da grande novidade, galo? – perguntou a raposa.

-Não. Que novidade é essa?

continua após o anúncio

-Acaba de ser assinada uma proclamação de paz entre todos os bichos da terra, da água e do ar. De hoje em diante, ninguém persegue mais ninguém. No reino animal haverá apenas paz, harmonia e amor.

-Isso parece inacreditável! – comentou o galo.

continua após o anúncio

-Vamos, desce da árvore que eu te darei mais detalhes sobre o assunto – disse a raposa.

O galo, que de bobo não tinha nada, desconfiou que tudo não passava de um estratagema da raposa. Então, fingiu estar vendo alguém se aproximando.

continua após o anúncio

-Quem vem lá? Quem vem lá? – perguntou a raposa curiosa.

-Uma matilha de cães de caça – respondeu o galo.

continua após o anúncio

-Bem... nesse caso é melhor eu me apressar – desculpou-se a raposa.

-O que é isso, raposa? Tu estás com medo? Se a tal proclamação está mesmo em vigor, não há nada a temer. Os cães de caça não vão atacar-te como costumavam fazer.

continua após o anúncio

-Talvez eles ainda não saibam da proclamação. Adeusinho!

E lá se foi a raposa, com toda a pressa, em busca de uma outra presa para o seu almoço.

continua após o anúncio

– Confia no tratado de paz, comadre, e não foge dos cães, que também são teus amigos!

Ao deparar-se com os cães vindos em direção contrária ao olhar prevenido do amigo, a raposa passou em desabalada corrida sob o galho onde se encontrava o galo batendo asas de alegria, divertindo-se com a amiga que pensou enganá-lo.

Pois é, casualmente me sentei com minha cuia de chimarrão à frente da TV nesse domingo pela manhã e vi parte do programa "Globo Esporte". A pauta me chamou a atenção quando indicou o jogo entre o time estadunidense New York Cosmos e um time de futebol de Cuba.

A Globo, em sua postura a favor da enganosa raposa, exaltou o jogo em Cuba ocorrido na terça feira, dia 02 de junho, mas não deixou de mostrar o que classificou de pobreza dos cubanos, dos carros velhos e da economia da Ilha com consumo racionado, sem mencionar o golpe maroto modelo raposa do governo americano de bloquear o comércio do País caribenho com o mundo.

A matéria do programa chegou a mostrar cubanos e cubanas usando camisetas com as cores da bandeira dos Estados Unidos. Uma bandeira chegava a ser hilária: de um lado, a cubana, e do outro, a americana.

A matéria não deixou de mostrar entrevista do sempre oportunista Pelé, ex-jogador do Cosmos, exaltando a paz que o futebol cria, como se isso fosse verdade, bem ao estilo do acordo da raposa.

Quer dizer: sempre que a Globo exalta um fato é preciso ver quem participa da matéria, quem são as pessoas entrevistadas, que símbolos são valorizados e qual a pauta. Tudo o que vi referia-se ao discurso da raposa, dos Estados Unidos, a Meca da Globo, e nada do galo, isto é, do socialismo, do governo e do povo cubano.

Cabe-nos valorizar a reaproximação dos povos estadunidense e cubano com tudo o que isso significa: troca de embaixadores, retirada de Cuba da lista dos Países terroristas, desbloqueio econômico e político em respeito à soberania e ao destino que queira seguir aquele povo.

Mas a reaproximação tem que ser a partir dos interesses verdadeiros do galo e não das falácias da raposa, sempre abundantes em mentiras e preconceitos.

Falando na VII Cúpula das Américas, de 10 a 15 de abril de 2015, participando pela primeira vez, o presidente de Cuba, Raúl Castro, em seu discurso propôs convivência civilizada no hemisfério.

Quando o presidente Raul Castro propõe convivência civilizada não faz o discurso da raposa, de modo algum. O discurso do presidente cubano é a partir da sabedoria e perspicácia do galo, que olha longe e sabe de onde vêm os instintos da raposa do Norte.

Apontou sem rodeios o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto a Cuba pelos governos anteriores a Obama, de forma criminosa para destruir o socialismo na tentativa de afundar o povo na miséria e de revoltá-lo contra o regime, apesar da reação da União das Nações Unidas com apoio de todos os países que não concordavam com esse obstáculo danoso, menos os Estados Unidos e Israel, que sempre se uniram no reforço do bloqueio.

Raul mostrou francamente o quanto a raposa do norte se empenhou historicamente desde o século XVIII para fazer de Cuba um motel dos Estados Unidos e parte de seu território. Indicou que Cuba foi assediada pelos Estados Unidos no sentido de abortar sua revolução, quase provocando guerra atômica entre eles e a União Soviética, que eliminaria a Ilha do mapa. Mostrou que o governo Kennedy mandou militares, com apoio dos mercenários cubanos, invadirem aquele País em 1961 com o objetivo de levar ao poder a máfia derrubada pelos guerrilheiros comandados por Fidel Castro. O enfrentamento na Baia dos Porcos custou 3.478 mortos e 2.099 pessoas com deficiências para toda a vida; além de muitos outros que ficaram feridos. Tal número de pessoas atingidas pela violência da raposa do Norte causaram trauma enorme a um País pequeno e carente do sacrifico de seu povo.

O terrorismo dos Estados Unidos foi evidente e isso não pode ser desprezado nas intenções da raposa, que canta uma paz com interesses voltados aos apetites de quem se acostumou a devorar galos e a destruir povos.

Mesmo assim, como o galo vitorioso e heroico, Cuba construiu o melhor projeto de saúde do mundo, elogiado por todos os Países e pela União das Nações Unidas. Prosseguiu com o plano arrojado de alfabetização e educação de seu povo de modo que o analfabetismo é zero desde o início da revolução socialista. Nenhuma criança cubana mora nas ruas nem passa fome. O alcoolismo e problemas com as drogas inexistem. A criminalidade muito comum nos outros Países do Continente em Cuba não existe.

Ao terminar seu discurso, como participante da VII Cúpula das Américas ao lado de todos os presidentes do Continente, Raul Castro afirmou: "Cuba, país pequeno e desprovido de recursos naturais, que se tem desenvolvido em um contexto sumamente hostil, conseguiu atingir a plena participação de seus cidadãos na vida política e social da nação; uma cobertura de educação e saúde universais, de forma gratuita; um sistema de segurança social que garante que nenhum cubano fique desamparado; significativos progressos rumo à igualdade de oportunidades e no enfrentamento a toda forma de discriminação; o pleno exercício dos direitos da infância e da mulher; o acesso ao deporte e a cultura; o direito à vida e a segurança dos cidadãos. Apesar das carências e dificuldades, cumprimos o lema de compartilhar o que temos. Atualmente, 65 mil colaboradores cubanos trabalham em 89 países, sobretudo nas esferas da medicina e educação. Em nossa Ilha formaram-se 68 mil profissionais e técnicos, deles, 30 mil da saúde, de 157 países. Se com muito escassos recursos, Cuba pôde, o que é não poderia fazer o hemisfério com a vontade política de juntar esforços para contribuir com os países mais necessitados? Graças a Fidel é ao heróico povo cubano, temos vindo a esta Cúpula para cumprir o mandato de José Martí com a liberdade conquistada com nossas próprias mãos, "orgulhosos de nossa América, para servi-la e honrá-la... com a determinação e a capacidade de contribuir para que seja estimada por seus méritos, e seja respeitada por seus sacrifícios", como disse José Martí".

Esse é o discurso do galo, que a Globo não consegue perceber nem os de má vontade, que não enxergam e não sentem nada fora do figurino da raposa, malandra, mentirosa e oportunista.

No discurso do galo não há disposição de conivências nem o ato de se ajoelhar para mendigar favores da raposa, tremendo de medo. Não, o galo impõe-se, luta e compartilha a vida com seus semelhantes, ao contrário da raposa, que os devora.

Mas o galo sabe quando a hora da paz chega e ajuda a aprofundá-la, sem oportunismos e sem covardia. Por isso Raul Castro proclama paz civilizada, isto é, intencional, cultivada e cidadã no hemisfério.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247