Espigão de Geddel foi questionado por moradores e urbanistas

Empreendimento La Vue, de 107 metros, em Salvador, que provocou a queda do ministro da Cultura, Marcelo Calero, já foi questionado por associações de moradores e arquitetos, por agredir a paisagem e o patrimônio histórico da capital baiana; Calero se demitiu porque não aceitou se sujeitar às pressões de Geddel Vieira Lima, dono de um imóvel no empreendimento, para liberar a obra

Geddel Vieira Lima La Vue
Geddel Vieira Lima La Vue (Foto: Leonardo Attuch)


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Bahia 247 – O empreendimento La Vue, de 107 metros, em Salvador, que provocou a queda do ministro da Cultura, Marcelo Calero, já foi questionado por associações de moradores e arquitetos, por agredir a paisagem e o patrimônio histórico da capital baiana.

Calero se demitiu porque não aceitou se sujeitar às pressões de Geddel Vieira Lima, dono de um imóvel no empreendimento, para liberar a obra (leia aqui).

Abaixo, reportagem de abril de 2015 do jornal A Tarde sobre a polêmica:

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Moradores e IAB questionam torre a ser erguida na Barra

Anderson Sotero, do jornal A Tarde

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Uma polêmica tem envolvido a construção do empreendimento La Vue, na Ladeira da Barra, questionada pela  Associação de Amigos e Moradores do bairro (Amabarra), que critica a construção da torre residencial de 107 metros de altura.

A direção da associação teme "danos à paisagem urbanística do local e possíveis agressões aos imóveis tombados na região".

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Presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, departamento Bahia (IAB-BA), Solange Araújo afirmou que "estranha" que a poligonal da área de proteção ambiental de borda marítima que se estende da ladeira ao Farol da Barra não inclua o lote do empreendimento.

"Estranhamos que a poligonal só deixe livre este terreno que, do ponto de vista natural, faria parte. Queremos entender por que este lote está de fora", disse ela. Solange frisou que, caso fizesse parte, haveria restrições à altura do prédio. Na região, o edifícios têm em média 40 metros de altura.

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A arquiteta disse que o assunto será tema de uma reunião do conselho diretor do IAB-BA na próxima segunda-feira, 17. "Em princípio, somos contra  esse empreendimento. O impacto paisagístico e da infraestrutura será enorme com um prédio de 30 andares no lugar de um imóvel de apenas uma família", acrescentou.

Simulação de como ficará nova paisagem da ladeira

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Patrimônio 

Por meio de nota, a assessoria do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informou que não é da responsabilidade da superintendência do órgão na Bahia a emissão de licenças: "Licença para construção é de competência municipal, respeitadas as autorizações respectivas de órgãos competentes. O empreendimento La Vue se encontra fora da poligonal de entorno dos bens tombados da Barra".

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O Iphan informou, ainda, que a proximidade do arranha-céu em relação aos imóveis tombados "não é determinante para a aprovação ou reprovação pelo Iphan de uma intervenção".

Em um texto publicado em 29 de junho no blog do Iphan, consta que a obra "está em área com ocupação bastante heterogênea e com a presença de grandes edifícios no mesmo lado da ladeira da Barra e na avenida Princesa Isabel".

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No dia 2 de junho, a Amabarra enviou ofício ao Centro de Apoio às Promotorias de Meio Ambiente e Urbanismo,  do Ministério Público baiano (Cema/MP-BA).

"Um prédio tão alto como esse vai atrair outros empreendimentos muito altos para a região. Assim, vai se perdendo a cara do bairro", reclamou a presidente da Amabarra, Regina Serra.

No ofício, a associação pede ao MP-BA que apure informações "mais completas acerca do projeto", cujo alvará foi liberado pela Secretaria Municipal de Urbanismo (Sucom).

A Amabarra alega que a licença teria sido concedida com base "em um parecer técnico unilateral" do Iphan. Além disto, o parecer do Iphan viria a contrariar um parecer de duas arquitetas integrantes do Escritório Técnico de Licenciamento e Fiscalização (Etefel), que foi extinto ano passado e congregava integrantes do Iphan, Ipac e Sucom.

No parecer das arquitetas  (uma fotocópia foi mostrada à equipe de reportagem por um morador, que não quis ser identificado) consta o seguinte: "Concluímos que a intervenção pretendida, ao nosso ver, irá agredir a visibilidade e a ambiência do Outeiro e Igreja de Santo Antônio da Barra e residência anexa, bem como ao Cemitério dos Ingleses, monumentos protegidos por legislação em vigor".

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