Frei Betto ao 247: “que a tragédia não se repita”

Em entrevista à jornalista Marilza de Melo Foucher, cedida ao 247, Frei Betto, preso duas vezes durante a ditadura militar e autor de livros sobre o tema, afirma que "é preciso comemorar, no sentido etimológico de fazer memória, os 50 anos da implantação da ditadura no Brasil"; segundo ele, "para que a história, uma tragédia, não se repita como farsa, como diria Marx"; militante dos direitos humanos avalia que "nossa democracia ainda é meramente 'delegativa' e não participativa", e admite: "há muito a fazer e lutar"

Em entrevista à jornalista Marilza de Melo Foucher, cedida ao 247, Frei Betto, preso duas vezes durante a ditadura militar e autor de livros sobre o tema, afirma que "é preciso comemorar, no sentido etimológico de fazer memória, os 50 anos da implantação da ditadura no Brasil"; segundo ele, "para que a história, uma tragédia, não se repita como farsa, como diria Marx"; militante dos direitos humanos avalia que "nossa democracia ainda é meramente 'delegativa' e não participativa", e admite: "há muito a fazer e lutar"
Em entrevista à jornalista Marilza de Melo Foucher, cedida ao 247, Frei Betto, preso duas vezes durante a ditadura militar e autor de livros sobre o tema, afirma que "é preciso comemorar, no sentido etimológico de fazer memória, os 50 anos da implantação da ditadura no Brasil"; segundo ele, "para que a história, uma tragédia, não se repita como farsa, como diria Marx"; militante dos direitos humanos avalia que "nossa democracia ainda é meramente 'delegativa' e não participativa", e admite: "há muito a fazer e lutar" (Foto: Gisele Federicce)


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Por Marilza de Melo Foucher, especial para o 247

Carlos Alberto Libânio Christo, conhecido como Frei Betto, (Belo Horizonte, 25 de agosto de 1944) é um escritor e religioso dominicano brasileiro. Adepto da Teologia da Libertação, foi militante engajado em movimentos pastorais e sociais, tendo ocupado a função de assessor especial do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva entre 2003 e 2004. Foi coordenador de Mobilização Social do programa Fome Zero.

Frei Betto esteve preso por duas vezes sob a ditadura militar: em 1964, por 15 dias; e entre 1969-1973. Após cumprir quatro anos de prisão, teve sua sentença reduzida pelo STF para dois anos. Sua experiência na prisão está relatada nos livros "Cartas da Prisão" (Agir), "Dário de Fernando - nos cárceres da ditadura militar brasileira" (Rocco) e Batismo de Sangue (Rocco). Premiado com o Jabuti de 1983, traduzido na França e na Itália, Batismo de Sangue descreve os bastidores do regime militar, a participação dos frades dominicanos na resistência à ditadura, a morte de Carlos Marighella e as torturas sofridas por Frei Tito. Baseado no livro, o diretor mineiro Helvécio Ratton produziu o filme Batismo de Sangue, lançado em 2007.

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Frei Betto recebeu vários prêmios por sua atuação em prol dos direitos humanos e a favor dos movimentos populares.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

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247 – Frei Betto, você que foi preso, torturado durante a ditadura, como analisa esta data de 50 anos de golpe militar?

Frei Betto: É preciso comemorar, no sentido etimológico de fazer memória, os 50 anos da implantação da ditadura no Brasil. Como diria Marx, para que a história, uma tragédia, não se repita como farsa. As novas gerações precisam saber como foi, o que foi e o que fez a ditadura ao longo de 21 anos governando o Brasil. Ainda temos, em nosso país, "viúvas" da ditadura e quem apregoa que a volta dos militares haverá de melhorar o país...

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247 – Como você analisa hoje o processo de redemocratização do Brasil? Quais os maiores avanços desta conquista?

FB: A ditadura foi derrubada pelo acúmulo político provocado pelas mobilizações dos movimentos sociais: CEBs, associações de bairros, luta pela terra, sindicatos, grupos de arte e cultura etc. Conseguimos eleger um metalúrgico - Lula - presidente da República, consolidando processo democrático. Grandes avanços ocorreram ao longo dos 11 anos de governo do PT: controle da inflação, elevação do salário mínimo, inclusão econômica de 55 milhões de pessoas etc. Porém, os arquivos da ditadura de posse das Forças Armadas não foram abertos até hoje e a Comissão da Verdade, que apura os crimes do regime militar, não tem poder de punir. Além disso, nenhuma reforma de estrutura foi implementada nesses 11 anos de governo, nem a agrária, nem a política, nem a tributária etc.

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247 – O processo de democratização no Brasil forjou ao longo desses anos um Estado de direito?

FB: Sim, mas falta muito para aperfeiçoá-lo. Precisamos de uma nova carta constitucional, e esperamos que o povo brasileiro vote a favor disso no plebiscito que ocorrerá em 7 de setembro. Precisamos, após a inclusão econômica de inclusão política, pela qual os jovens se mobilizam nas ruas. Nossa democracia ainda é meramente "delegativa" e não participativa. Há muito a fazer e lutar!

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