Às vésperas da Copa, clima é de greve geral no país

Professores, motoristas de ônibus e metroviários, em São Paulo; profissionais da saúde, no Rio de Janeiro; no plano nacional, agentes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária; dez dias atrás, saques e vandalismo no entorno de Recife, quando a Polícia Militar cruzou os braços; antes, depredação de mais de 300 ônibus no Rio; categorias de servidores públicos federais mobilizadas agora para fazer seus próprios movimentos; às portas da abertura da Copa do Mundo, País entra no clima da agitação sindical, no embalo de greves de oportunidade; recrudescimento é esperado à medida em que o Mundial se aproxima; onde isso vai parar?

Professores, motoristas de ônibus e metroviários, em São Paulo; profissionais da saúde, no Rio de Janeiro; no plano nacional, agentes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária; dez dias atrás, saques e vandalismo no entorno de Recife, quando a Polícia Militar cruzou os braços; antes, depredação de mais de 300 ônibus no Rio; categorias de servidores públicos federais mobilizadas agora para fazer seus próprios movimentos; às portas da abertura da Copa do Mundo, País entra no clima da agitação sindical, no embalo de greves de oportunidade; recrudescimento é esperado à medida em que o Mundial se aproxima; onde isso vai parar?
Professores, motoristas de ônibus e metroviários, em São Paulo; profissionais da saúde, no Rio de Janeiro; no plano nacional, agentes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária; dez dias atrás, saques e vandalismo no entorno de Recife, quando a Polícia Militar cruzou os braços; antes, depredação de mais de 300 ônibus no Rio; categorias de servidores públicos federais mobilizadas agora para fazer seus próprios movimentos; às portas da abertura da Copa do Mundo, País entra no clima da agitação sindical, no embalo de greves de oportunidade; recrudescimento é esperado à medida em que o Mundial se aproxima; onde isso vai parar? (Foto: Ana Pupulin)


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247 – Uma nova safra de greves está despontando às vésperas do início da Copa do Mundo. São movimentos de oportunidade, deflagrados em praça pública para, deliberadamente, causar transtornos reais e ganhar manchetes. Foi assim, na primeira semana de maio, com os motoristas de ônibus do Rio de Janeiro. Um pequeno grupo de sindicalistas depredou contados 385 coletivos dentro das garagens das companhias, provocando o caos na cidade que tem a primazia de ser palco do jogo final do Mundial. Imagens do vandalismo correram o mundo. Menos de uma semana depois, em novo movimento que despertou atenções até mesmo fora do País, policiais militares de Pernambuco cruzaram os braços, abrindo caminho para uma onda de saques jamais vista na Grande Recife.

O caos, agora, se deslocou para a maior metrópole brasileira. Entre a terça-feira 20 e a quarta-feira 21, outro punhado de ativistas sindicais optou pela força para, aparentemente, divergir da aceitação, pelo sindicato da categoria, de uma proposta de reajuste salarial de 10% oferecida pela entidade patronal. Nada menos que 3 mil trabalhadores do setor, reunidos em assembleia, aprovaram a proposta, mas quem não gostou saiu, até mesmo com revólveres nas mãos, para esvaziar coletivos em pleno curso, atravessar ônibus em grandes avenidas e atear fogo em pelo menos uma dezena deles. Outra vez pânico, medo e uma situação caótica.

Mas isso não é tudo. Mesmo com uma proposta de reajuste salarial de 15,38% para o piso profissional, que chega, assim, a R$ 3 mil, e outros 13,43% sobre os salários maiores, os professores da rede municipal e ensino iniciaram a sua temporada de passeatas. A primeira ocorreu na semana passada, outra se deu na terça-feira 21 e a próxima já está marcada para a sexta-feira 23.

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PARAR SÃO PAULO OUTRA VEZ - Cruzando a cidade no asfalto de grandes avenidas em direção ao centro da capital, onde fica a sede da Prefeitura, os professores interromperam o trânsito por horas a fio, causando engarrafamentos gigantescos mesmo para uma cidade acostumada ao trânsito parado na hora do rush. Eles pedem que os aumentos sejam incorporados aos salários, em lugar de serem um abono agora, como oferece a Prefeitura, e só entrem nos vencimentos regulares no próximo ano. "Na sexta, vamos parar São Paulo outra vez", determina o sindicalista Cláudio Fonseca, presidente da entidade da categoria.

Entre o vandalismo da greve dos motoristas e o oportunismo do movimento dos professores São Paulo terá de conviver, na quinta-feira 22, com uma possível greve de metroviários. Com os terminas de ônibus fechados nos últimos dois dias pela ação dos ativistas sindicais que agem em nome dos motoristas, tudo o que faltava para a população sofrer ainda mais era mesmo uma paralisação no metrô. E isso é o que está para ocorrer.

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No plano nacional, agentes da Polícia Federal e da Polícia Federal Rodoviária insistem que cruzarão os braços nos próximos dias. Apesar da garantia das autoridades de que o movimento não ocorrerá em grande escala, trata-se de mais uma ameaça não apenas para a segurança da população, como também para o esquema de segurança montado para a Copa. O governo centrou seu plano de ação sobre a Polícia Federal, e até já promoveu o pagamento de metade do bônus estabelecido para esse trabalho extra. Mas, diante da rápida evolução do quadro de agitação sindical, também esta certeza ganhou uma interrogação.

A quinta-feira 22 pode ser marcada, ainda, por uma greve de servidores da área de Saúde no Rio de Janeiro. O movimento pode suspender o atendimento em postos de saúde e hospitais públicos. Outra vez, se isso acontecer, haverá repercussão nas manchetes e, assim, mais combustível para a proliferação de novas paralisações. Vale lembrar que diferentes categorias de servidores públicos federais também aceleram seu ritmo de reuniões de mobilização para tomar partido do momento em que, no plano ideal, nada disso poderia estar acontecendo em nome do clima de paz e alegria que deve se estabelecer em torno do Mundial.

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A seguir no desenho atual, a Copa do Mundo no Brasil vai ganhando uma moldura de agitações que certamente não estava nos planos dos organizadores. Com isso, até onde se pode ver, todos correm o risco de saírem perdendo – a começar pela população dos grandes centros.

Abaixo, notícias sobre o movimento dos motoristas de ônibus de São Paulo e dos profissionais da saúde no Rio:

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Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil 
 
Após quase três horas de reunião, o grupo de motoristas e cobradores de ônibus que liderou a paralisação na cidade decidiu voltar ao trabalho a partir da meia-noite de hoje (21). O encontro ocorreu na Superintendência Regional do Ministério do Trabalho, com a presença dos advogados dos sindicatos patronais e representantes da prefeitura e dos trabalhadores.

Segundo o superintendente do ministéri, Luiz Antônio Medeiros, ele irá amanhã (22), junto com os trabalhadores, pedir ao prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que converse com os empresários para que reabram as negociações salariais. “A nossa ideia é buscar uma solução rápida para a greve, levando em conta os interesses dos trabalhadores”, disse o superintendente, acrescentando que as empresas deveriam retomar as negociações com a categoria.

O advogado dos sindicatos patronais, Antônio Roberto Pavani Junior, disse que uma liminar, conseguida pelas empresas, garante o funcionamento de 65% das linhas de ônibus da cidade.  De acordo com ele, uma audiência foi agendada para o início da tarde de amanhã no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para julgar o movimento grevista.

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“Nós entendemos que as negociações já ocorreram. Foram aprovadas em assembleia. Em virtude disso, não aceitamos esse tipo de movimento, senão você não tem segurança nenhuma. Você aprova uma assembleia do sindicato e amanhã outra facção vem com outro entendimento”, disse o advogado.

Os representantes dos grevistas disseram que não há divergências com o sindicato. Segundo eles, grande parte da categoria não pôde comparecer à assembleia para apreciar a proposta aprovada.

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O motorista da Viação Gato Preto, Paulo Martins do Santos, um dos representantes dos trabalhadores, disse que a categoria pode voltar a parar. “O que ofereceram para gente é muito pouco e não sou eu que estou dizendo. É o povo lá fora. Se não reabrirem as negociações, nós voltamos a parar”.

O cobrador Valtércio da Silva, da Viação Sambaíba, reiterou o apoio ao sindicato e disposição para buscar melhor negociação. “Retornaremos ao serviço a partir de amanhã. Não estamos contra nosso sindicato. Nossa reivindicação é contra os empresários”.

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O presidente do sindicato da categoria, Valdevan de Jesus Santos, negou falha de comunicação com a categoria e nas negociações e disse que durante a conversa as divergências foram sanadas.

Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil

Os servidores estaduais da saúde do Rio de Janeiro entraram em greve hoje (21) por tempo indeterminado. A assembleia geral ocorreu ontem (21), no Largo do Machado, e deflagrou a greve. Os profissionais apontam que houve “recusa do governo em responder à pauta de reivindicações entregue pelos trabalhadores em setembro de 2013”, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Trabalho e Previdência Social (Sidsprev-RJ).

A pauta de reivindicações inclui: condições dignas de atendimento e trabalho; 100% de reajuste emergencial, devido aos 14 anos sem reposição salarial; incorporação de gratificações; fim do sucateamento dos hospitais e das privatizações feitas por meio "da entrega das unidades a grupos privados travestidos de organizações sociais, fundações e cooperativas", conforme o sindicato.

A diretora do Sindsprev, Denise Nascimento, explica que as mobilizações começaram no dia 28 de abril, com assembleias, atos e paralisações nos locais de trabalho. Ela aponta que a remuneração dos profissionais está muito defasa.

“O vencimento base, hoje, do nível superior da saúde estadual, é de R$208. O vencimento do nível médio e elementar é R$157,04. A gente tem uma gratificação muito irrisória, então a gente acaba tendo aí a remuneração total de um médico em torno de R$1.000, R$1.200. E nível médio e elementar na faixa do salário mínimo. E aí a gente tem um plano de carreiras e salários aprovado e o governo insiste em não pagar”, afirma.

Cada local de trabalho está fazendo a assembleia para decidir sobre a adesão à greve. Segundo Denise, a paralisação não prejudica serviços essenciais, como o atendimento de emergência e a distribuição de medicamentos. “É uma mobilização crescente, pois os servidores não aguentam mais esse arrocho”.

Os rumos do movimento serão debatidos amanhã (22), às 11h, em assembleia. Segundo a diretora sindical, o governo marcou para sexta-feira (23) uma reunião entre representantes dos trabalhadores com o secretário estadual de Saúde, Marcos Esner Musafir.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), o órgão recebeu, no dia 7 de maio, a notificação de estado de greve e, desde então, os trabalhadores foram recebidos duas vezes por representantes das secretarias de Saúde e de Planejamento, bem como uma vez por representante da Secretaria de Estado da Casa Civil. A SES alega que, por decisão judicial, não pode negociar com o Sindsprev, mas tem feito as reuniões com representantes do comando de greve formado pelos servidores da saúde.

A SES informa ainda que, até o momento, não houve alteração no atendimento à população em unidades estaduais de saúde. “Todos os hospitais gerais, Institutos e UPAs [unidades de Pronto-Atendimento] funcionam normalmente nesta quarta-feira. Apenas no Hospital Estadual Rocha Faria, em Campo Grande, há dez servidores em estado de greve”. A secretaria também esclarece que o modelo de administração de unidades adotado desde 2012 tem o objetivo de “melhorar a gestão e oferecer cada vez mais atendimento de qualidade à população”. Ela descarta que se trate de privatização.

Os servidores federais da saúde no Rio de Janeiro também anunciaram que vão entrar em greve por tempo indeterminado, a partir de segunda-feira (26). Eles reclamam do desrespeito à jornada de 30 horas semanais e da intenção de mudança na gestão dos hospitais federais, com a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), em 2011, empresa vinculada ao Ministério da Educação, que tem o objetivo de recuperar os hospitais vinculados às universidades federais.

Segundo o Sindsprev, o Instituto de Cardiologia de Laranjeiras e os hospitais federais Cardoso Fontes, dos servidores do Estado e Hospital Federal de Ipanema já aprovaram a adesão à paralisação. Assembleias ainda serão feitas nos hospitais federais do Andaraí, de Bonsucesso e da Lagoa. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) já estava em greve e continua parado, enquanto no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) a greve deve atingir os médicos da unidade.

O núcleo do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro informa que a pasta mantém uma mesa permanente de negociação e só poderá avaliar a situação na segunda-feira, diante da adesão e dos impactos que a greve venha a provocar.

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