Singer: no tribunal, os pobres não votam

Rara vez o popular e o antipopular se confrontaram com tanta nitidez na história do país. A próxima batalha terá por cenário, em janeiro, o Tribunal Federal Regional da Quarta Região. Só que lá, os pobres não votam, aponta o colunista André Singer

Rara vez o popular e o antipopular se confrontaram com tanta nitidez na história do país. A próxima batalha terá por cenário, em janeiro, o Tribunal Federal Regional da Quarta Região. Só que lá, os pobres não votam, aponta o colunista André Singer
Rara vez o popular e o antipopular se confrontaram com tanta nitidez na história do país. A próxima batalha terá por cenário, em janeiro, o Tribunal Federal Regional da Quarta Região. Só que lá, os pobres não votam, aponta o colunista André Singer (Foto: Leonardo Attuch)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Fernando Brito, editor do Tijolaço

Ao escrever o post anterior, não tinha lido o excelente artigo de André Singer, hoje, na Folha. Com números, ele diz melhor do que eu dos sinais que vêm do povão, diante do embrulho em que as aventuras político-judiciais nos meteram e ameaçam nos envolver de vez, na sala de sessões do TRF-4, onde tr~es homens – bem-postos e com as vidas resolvidas – se substituirão a 120 milhões de eleitores brasileiros.

Lulismo e antilulismo

continua após o anúncio

André Singer, na Folha

crescimento da candidatura Lula recolocou a luta de classes, ainda que refratada pela forma “ricos versus pobres”, no centro da conjuntura. Em vinte meses de acusações, denúncias e condenação –multiplicada incessantemente pela mídia–, o ex-presidente duplicou as intenções de voto. Para desespero dos que planejavam sacá-lo de cena de uma vez por todas.

continua após o anúncio

Em março de 2016, no auge da campanha feita para tirar Dilma do Planalto, Lula alcançou o máximo de rejeição e o mínimo de adesão. Recusado, desde 2002, por cerca de um terço do eleitorado, o líder petista chegou, então, a ter 57% contra si. Era o momento em que as gravações divulgadas por Sergio Moro alcançavam o grande público e as manifestações pelo impeachment reuniam multidões.

De lá para cá, contudo, Lula começou, de novo, a crescer. É como se, lenta e continuamente, a insatisfação causada pelo governo Temer tivesse escoado em direção àquele que simboliza um período de melhora, sobretudo para os mais pobres. É deles que veio a ressurreição do lulismo.

continua após o anúncio

No ponto álgido do antilulismo, apenas 23% dos que estavam na base da pirâmide de renda continuavam fiéis ao criador da Bolsa Família. Agora, 45% dos que recebem até dois salários mínimos familiares mensais voltaram a depositar esperanças no ex-mandatário. O índice não está longe dos 55%, nessa faixa de renda, que optavam por Lula contra Alckmin às vésperas do primeiro turno de 2006, quando o realinhamento se fixou.

Em paralelo, a rejeição a Lula, que havia atingido 49% da população mais sofrida em março de 2016, mostrando que a onda antiDilma contaminara, também ali, a figura do antecessor, refluiu, agora, para 27%. Para que se tenha uma ideia da diferença, entre os mais ricos a rejeição é hoje de 63%!

continua após o anúncio

Isto é, se conversarmos com três pessoas da faixa de renda superior, duas dirão que não sufragam Lula em hipótese alguma. Se repetirmos a experiência com o escalão mais baixo, não é certo que encontremos um com a mesma certeza.

Devido à resistência lulista, Jair Bolsonaro, que se coloca como o campeão do antilulismo, tem crescido. Ao vocalizar o “Lula nunca mais”, o ex-militar radical atrai, neste momento, os dois sujeitos de renda mais alta que, na conversa fictícia acima, dizem as piores coisas do antigo presidente. Não significa que votarão no parlamentar carioca em 7 de outubro de 2018, mas dado o horror ao lulismo, prestam atenção às atrocidades que ele diz a cada dia.

continua após o anúncio

Rara vez o popular e o antipopular se confrontaram com tanta nitidez na história do país. A próxima batalha terá por cenário, em janeiro, o Tribunal Federal Regional da Quarta Região. Só que lá, os pobres não votam. 

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247