Greves: qual o real papel dos sindicatos hoje?

Em meio às tentativas de negociações com o Governo Federal por parte das organizações sindicais, surge a reflexão sobre a relação dessas entidades com a esfera política e o papel que tais instituições ocupam nos tempos atuais

Greves: qual o real papel dos sindicatos hoje?
Greves: qual o real papel dos sindicatos hoje? (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)


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Leonardo Lucena _PE247 – Diante de um país tomado pelas greves em diversas categorias, os sindicatos exercem papel de protagonistas neste processo. Em meio às tentativas de negociações com o Governo Federal por parte das organizações sindicais, surge a reflexão sobre a relação dessas entidades com a esfera política e o papel que tais instituições ocupam nos tempos atuais.

Não é de se estranhar o fato de haver dirigentes de sindicatos que ao mesmo tempo ocupam cargos políticos. De acordo com o cientista político da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ernani Carvalho, muitos dos presidentes deste tipo de organização fazem do sindicato um meio para entrar na vida política.

“Nas sociedades plurais, percebe-se que, em muitos casos, os sindicatos são uma porta para a vida pública, um canal de inspeção política, no qual se entra com uma ‘bandeira corporativista’”, afirma.

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Além disso, o modo de atuação dos sindicatos no século 21 não é o mesmo do século passado, mais precisamente após a década de 30, quando foi criada a Constituição de 1934, no Governo Getúlio Vargas (1930-45 e 51-54). A partir de então, com a consolidação de leis trabalhistas que favoreciam a classe trabalhadora, ao menos na teoria, tais organizações passaram a exercer um papel mais incisivo.

“Mas, hoje, a atuação dos sindicatos ocorre de forma bem mais diversificada e massificada. E dentro das próprias organizações, há divergências, conflitos de interesses, o que justifica a forma como elas atuam no século 21”, acrescenta Carvalho.

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De fato, as organizações sindicais não eram tão atreladas ao Estado como são hoje. “Com o ‘novo sindicalismo’, no final dos anos 1970, os sindicatos ampliaram muito sua plataforma, passando do pleito salarial das categorias que representavam para exigir liberdade e a volta da democracia no país, já nos anteriores ao Regime Militar”, explica o cientista política da Fundação Joaquim Nabuco, José Luiz da Silva.

Mas também é sabido que, ao decorrer da concretização do modelo neoliberal, muitos agentes das sindicâncias foram cooptados pela elite político-econômica – e ainda são. Para Luiz da Silva, a corrupção também explica uma atuação não muito contundente das instituições sindicais.

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“A corrupção em ambas as plataformas (sindical e política) é muito motivada pela confusão dessas esferas, ou seja, onde termina as funções específicas do sindicato da categoria e se inicia os negócios do Estado “, explica Silva.

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