Sob intensa pressão, Cardozo muda sua versão

Na primeira vez em que falou sobre a Operação Porto Seguro, o titular da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que "o ministro não pode e não deve ter ciência de uma ação sob sigilo que só o delegado, promotor ou juiz pode saber". Numa nova entrevista, disse que foi avisado na véspera pelo diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra, e que também alertou a presidente Dilma. "Não dormi naquela noite". Afinal, ele sabia ou não sabia de uma operação que pode até ter captado conversas do ex-presidente Lula?

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247 - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, está sob intensa pressão. Segundo reportagem publicada no fim de semana, a presidente Dilma Rousseff cogitou demiti-lo porque, na sexta-feira 23, data em que foi deflagrada a Operação Porto Seguro, ele demorou duas horas para responder a um telefonema e porque também teria demorado três dias para certificar o Palácio do Planalto da inexistência de telefonemas relacionados ao ex-presidente Lula (leia mais aqui).

Na primeira vez em que falou sobre a Operação Porto Seguro, numa entrevista ao jornal Valor Econômico, Cardozo disse que não sabia de sua existência – e nem poderia saber. "Qualquer interferência mesmo da direção geral da PF numa operação é crime", diz ele. "O ministro não pode e não deve ter ciência de uma ação sob sigilo que só o delegado, promotor ou juiz pode saber" (leia mais aqui). Cardozo vinha sendo criticado justamente por não saber do que se passa dentro da Polícia Federal, que é submetida ao Ministério da Justiça.

Agora, numa nova entrevista, à Folha de S. Paulo, ele muda sua versão. Diz ele que foi avisado pelo próprio diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra, na noite da quinta-feira 22, véspera da operação. "Não dormi naquela noite", disse ele aos repórteres Natuza Nery e Fernando Mello.

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No telefonema, o delegado Coimbra teria sido sintético. "Ministro, é melhor o senhor não viajar". E Cardozo teria, então, alertado a presidente Dilma Rousseff sobre operação que ocorreria no dia seguinte dentro do próprio escritório da presidência da República em São Paulo.

Cardozo conta que a decisão de ir a Fortaleza no dia da operação foi tomada em consenso com a presidente Dilma Rousseff. Por volta das 5h30 da manhã de sexta-feira, Daiello teria chegado ao apartamento do ministro e contado sobre um "elemento complicador": a existência de um mandado de busca e apreensão no escritório regional da Presidência da República em São Paulo.

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"O mandado era muito bem feito, específico para a mesa de Rosemary Noronha", relatou o ministro à Folha. E o relato sobre o "elemento complicador" teria sido feito, por ele, Cardozo, ao chefe de gabinete de Dilma, Giles Azevedo.

"Não é verdade que eu estava tomando água de coco na praia nem que a presidente queria me exonerar", disse o ministro da Justiça. Hoje, ele presta esclarecimentos no Congresso. E sua nova versão é: não apenas sabia, como também avisou a presidente Dilma.

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Ou seja: se cair, terá caído atirando.

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