Morte de rapper alarga cinturão de ódio em SP

Grande São Paulo radicalizada; jovens morrem sob balas de bandidos que chegam gritando “é polícia!”; PMs são gravados matando a tiros; distinção entre trabalhadores, marginais, comerciantes, viciados, doentes, traficantes, artistas, estudantes e chefes de família acabou; basta estar de pé para se arriscar a tombar; ídolo dos racionais, Mano Brown (à esq.) quer impeachment do governador Geraldo Alckmin; seu parceiro DJ Lah não canta mais: “Você tem a Glock na mão, não tem a humildade de um sangue bom”; foi enterrado em Campo Limpo

Morte de rapper alarga cinturão de ódio em SP
Morte de rapper alarga cinturão de ódio em SP


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 – Na primeira chacina do ano, os bandidos encapuzados chegaram gritando: "É polícia!". Acabou tragicamente, ali, a distinção entre bandido e mocinho. Sete pessoas, sentadas à porta de um bar, morreram. Os bandidos falaram a verdade? Eram polícia mesmo? Ninguém sabe, até agora. Mas que a palavra polícia mete medo e pânico, isso é consenso. Mais de dois mil moradores da periferia foram mortos em assassinatos no último ano, nos bairros mais pobres de São Paulo. A maioria, jovens negros. Um morticínio que motivou o surgimento do Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra.

Entre o tráfico de drogas multiplicado pelas esquinas, as duplas assassinas que circulam em motocicletas atirando em aglomerações e as patrulhas mortíferas da Polícia Militar, saber quem é quem, hoje, na periferia de São Paulo, é uma missão impossível. Todos são suspeitos e são vítimas, todos podem abater e tombar nessa guerra aberta.

Mais de uma centena de jovens participaram, neste domingo 6, do enterro do rapper Laércio Grima, o DJ Lah, do grupo Conexão do Morro. Parceiro do famoso Mano Brown, o líder dos Racionais MC´s, cujo talento é reconhecido pela chamada inteligentsia, Grima tinha seu lado bem definido. Ele cantava protesto contra a pobreza e a discriminação social verificadas na região em que mora. Uma situação que levou seu parceiro Mano Brown, com quem fez algumas músicas, a pedir o impeachment do governador Geraldo Alckmin. Brown acredita que o governador tucano pratica com voz macia uma grossa política de verdadeiro extermínio da juventude periférica (assista vídeo abaxo).

continua após o anúncio

Os protestos estão em cada palavra das músicas da Conexão do Morro. Há suspeita que o DJ Lah foi morto por policiais militares neste fim de semana, na chacina ocorrida no Campo Limpo. Em trechos de uma canção, intitulada como Viver No Gueto, os músicos detalham a vida de um trabalhador simples e pobre, mas sempre cercado pela polícia, que está ali não, necessariamente, para fazer a segurança de moradores:

"Ninguém é mais que ninguém / Os ratos do esgoto em cima na febre enquadrando você / Na mesma hora sabendo que pode morrer / Enquadra o cidadão, cadê o documento / Ta na mão... / Fala mais baixo que eu não sou seu irmão / Discriminação, preto ou pobre enquadrado estirado no chão / Pode crê cachorrão, eu não vacilo não / No mundo em que vivemos, pode ser, é assim que tem que ser".

continua após o anúncio

Em outras canções, como a CDM, a crítica à postura da Polícia Militar é mais explícita:
"Agora a terra treme longe dos PM's...annnnnnn / A sigla é de ladrão três manos sangue bom, dj lah, mano cobra e cachorrão / agora a terra a treme aqui é cdm, cdm... / me acertaram uma perna, caralho que merda / você com essa farda mete marra / se julga o mais forte / você tem uma glock, não tem a humildade de um sangue bom"

O certo é que esse tipo de pensamento não se restringe apenas ao grupo do falecido DJ Lah, de seu Mano Brown ou de um punhado pequeno de jovens pobres. O ódio contra o sistema, a polícia e, também, a justiça está se espalhando. A continuar com a mesma falta de soluções, essa raiva ampliada pela ausência de diálogo com as autoridades, e efetivo combate ao crime, só irá aumentar.  

continua após o anúncio

 

 

continua após o anúncio

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247