Juventude de luto

Estamos seguros nos ambientes que frequentamos? Estará o poder público fiscalizando o que é de sua alçada fiscalizar?



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O Brasil está de luto. O domingo amanheceu cheio de dor, comoção e desespero enquanto assistíamos estarrecidos às notícias do que ocorrera em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. O incêndio na boate Kiss, que deixou cerca de 233 mortos e mais de 120 feridos, entra para a história brasileira como uma das maiores tragédias que já nos assolaram. Cada vida é uma vida. A morte sempre causa dor e consternação, mas quando as vítimas são jovens, pessoas que teriam todo um futuro pela frente, a dor torna-se maior.

Durante o dia de ontem fiquei refletindo acerca dessa tragédia que comoveu todos. Junto com minha família fiquei pensando em mim mesmo e em todos os meus amigos. Quando saímos, quando estamos curtindo a noite não pensamos nisto, mas pude concluir que das boates nas quais estive, poucas – ou quase nenhuma – contam com uma saída de emergência. Na maioria dos casos a porta de entrada é também a única saída para aqueles que estão no estabelecimento.

Um conjunto de fatores contribuiu para que essa tragédia tomasse as proporções que tomou. O alvará de funcionamento do estabelecimento vencido, uso de um sinalizador em um ambiente fechado, falta de saídas de emergência e a negligência do poder público que permitiu que a boate funcionasse mesmo com o alvará vencido. Será que se o poder público fosse mais presente na fiscalização não teríamos ambientes mais seguros?

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Não se trata de procurar aqui causas para uma tragédia que poderia ocorrer em qualquer lugar. Trata-se justamente de observar que as condições que permitiram a tragédia em Santa Maria estão presentes em boates em todo o Brasil. Não é difícil perceber isso. Isso faz com que nós nos perguntemos: estamos seguros nos ambientes que frequentamos? Estará o poder público fiscalizando o que é de sua alçada fiscalizar?

Bom, infelizmente foi preciso que ocorresse tamanha desgraça para que as autoridades começassem a se questionar acerca da segurança de nossos estabelecimentos. Mas isso é natural; o Brasil sempre foi país da normatização sem aplicação. País onde o Estado tem todas as atribuições e não exerce nenhuma que não a de taxar. Isso tem que mudar! Não é o cidadão que tem que abandonar seu lazer, é o Estado que tem que cumprir o papel que não tem cumprido.

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Nesse momento, presto minha solidariedade às famílias das vítimas em sua tristeza e dor. Faço isso pela angústia que senti ao imaginar que aquela tragédia poderia ter acontecido comigo e com meus amigos; ou em qualquer outro lugar do país, com qualquer outro grupo de jovens. A vida é o nosso bem mais precioso, e esses jovens tinham toda uma vida pela frente. Cobrar para que a fiscalização se enrijeça não se trata apenas de prevenir novas tragédias; trata-se também de fazer justiça para com as vítimas desse que é, com certeza, um dos maiores lutos da história brasileira.

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