Dom Odilo é o mais "papável" dos brasileiros

Cardeal Odilo Scherer, que viajou a Roma para participar do conclave, é um dos latino-americanos que reúnem chances concretas de assumir o pontificado

Dom Odilo é o mais "papável" dos brasileiros
Dom Odilo é o mais "papável" dos brasileiros (Foto: PAULO WHITAKER)


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Por Esteban Israel

SÃO PAULO, 28 Fev (Reuters) - O cardeal brasileiro Odilo Scherer viajou esta semana para Roma para o conclave que elegerá o sucessor do papa Bento 16. E seus fiéis rezam para que não volte.

No Brasil, país com o maior número de católicos do mundo, muitos sonham em ver no próximo mês o arcebispo de São Paulo surgir de branco no balcão da Basílica de São Pedro, como o primeiro papa latino-americano.

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O cardeal de 63 anos que fala de política e conta piadas em sua conta no Twitter é, dizem seus fiéis, um candidato ideal para tirar a Igreja Católica da crise e renová-la.

"Que ninguém espere coisas espetaculares", advertiu no domingo, em sua última missa antes de embarcar para Roma. "Não imaginemos que a eleição do papa seja uma questão de políticas humanas", acrescentou.

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Mas, como pastor de um dos maiores rebanhos católicos do mundo, vários analistas colocam Scherer entre os candidatos para suceder Bento 16, que deixa o pontificado nesta quinta-feira por razões de idade depois de um período abalado por intrigas e escândalos.

"Seria muito bom para o Brasil", disse Ruth de Souza, de 67 anos, na saída da Catedral da Sé, no centro de São Paulo. "Nós, católicos, estamos sendo muito pressionados pelas igrejas evangélicas", acrescentou.

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As igrejas na América Latina, historicamente um bastião do catolicismo, foram se esvaziando durante os últimos anos à medida que mais e mais fiéis desertaram para os cultos evangélicos.

E o Brasil é um dos principais campos de batalha na disputa por almas, que, junto com os escândalos de abusos sexuais, será um dos maiores desafios do próximo papa.

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A população católica do país minguou de 73,6 por cento em 2000 para 64,6 por cento, segundo o censo de 2010. Na mesma década, a porcentagem de evangélicos cresceu de 15,4 para 22 por cento.

Scherer sabe disso. Sua exortação para redobrar a fé retumbou no domingo em uma catedral com a metade dos bancos vazios e a outra ocupada na maioria por mulheres e idosos.

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"Um papa brasileiro ajudaria muito a evangelização da América Latina", disse Valeriano Costa, diretor da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. "Daria à Igreja uma visão juvenil, outra mentalidade", disse.

"Scherer tem a capacidade de assumir um pontificado. Mas não sei se os cardeais estão maduros para tomar essa decisão", acrescentou.

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A matemática, pelo menos, está contra ele: apesar de ter 50 por cento dos católicos do planeta, a América Latina contará apenas com 19 cardeais com direito a voto no conclave, ou cerca de 16 por cento do total.

Cerca de 52 por cento dos cardeais que se fecharão no próximo mês na Capela Sistina para escolher o próximo papa são europeus, que nos últimos 15 séculos passaram elegendo o papa entre eles.

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DIFÍCIL DE ROTULAR

Os analistas têm dificuldades para rotular Scherer, um homem que escuta Beethoven, mas também Chico Buarque.

Conservador em assuntos como a união de pessoas do mesmo sexo, o aborto ou as investigações com células-tronco, o cardeal brasileiro é visto como um religioso moderno e conectado com a realidade social do Brasil.

Scherer, que costuma andar de metrô e usa um iPhone 4S, ainda tem senso de humor. Preso recentemente em um dos congestionamentos que martirizam diariamente seus fiéis, tuitou em sua conta @DomOdiloScherer: "Espero que o caminho para o céu esteja ainda mais congestionado que o de São Paulo".

O cardeal defende a participação dos católicos na política e não se esquiva de polêmica.

Filho de imigrantes alemães radicados no sul do Brasil, Scherer teve uma carreira meteórica dentro da Igreja, até chegar a cardeal em 2007 com 58 anos, um dos mais jovens da história moderna da Igreja.

Seus assessores dizem que é pragmático e articulador de consensos, algo que poderia ajudá-lo a colocar ordem na Igreja fustigada por escândalos e traições.

Além disso, conhece os meandros da Cúria Romana, onde trabalhou durante anos na Congregação para os Bispos e - dizem - conserva amigos influentes.

Um sinal de que está destinado a coisas grandes, segundo observadores do Vaticano, é que foi designado por Bento 16 para integrar dois grupos de elite: um novo conselho para promover a evangelização e uma comissão para supervisionar o Instituto para as Obras Religiosas, o banco do Vaticano sob suspeitas de irregularidades financeiras.

Seus colaboradores dizem que "há expectativas" em torno do cardeal. Mas Scherer mantém a bola no chão.

"Seria muito pretensioso que um cardeal dissesse: ‘estou preparado'", disse a jornalistas após a renúncia de Bento 16 no início de fevereiro. "Ninguém vai dizer: ‘sou candidato'".

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