Índios não são recebidos e passam noite na Câmara
Grupo formado por cerca de 150 índios, quilombolas, pescadores artesanais e marisqueiras, ocuparam o plenário da Câmara após o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se recusar a receber uma comissão para discutir o descumprimento de garantias constitucionais a estas comunidades e a PEC que altera a sistemática de demarcação de terras; local foi desocupado no início da manhã, mas os ativistas permaneciam no Congresso
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247 - Após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se recusar a receber uma comissão formada por índios, quilombolas, pescadores artesanais e marisqueiras, um grupo formado por cerca de 150 decidiu passa a noite desta segunda-feira (5) e a madrugada desta terça-feira (6) o plenário da Câmara dos Deputados. O movimento visava marcar a passagem dos 27anos da Constituição, além de protestar contra o descumprimento de garantias constitucionais e a Proposta de Emenda à Constituição que altera a sistemática de demarcação de terras. No início desta manhã, os ocupantes deixaram o plenário da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas permaneciam no Congresso.
Ocupação do plenário ocorreu pouco após o término de uma sessão da Comissão de direitos Humanos, presidida pelo deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS). Os indígenas, representando diversas etnias de seis Estados, decidiram ficar no plenário, além de exigirem ser recebido pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha. Para justificar a presença dos ocupantes no plenário, Pimenta optou por abrir uma audiência pública. Por volta das 22h, Cunha disse que a sessão não havia sido autorizada e que os ativistas passariam a ser considerados invasores. Uma hora depois, Cunha determinou que as luzes e ar condicionado fossem desligados.
Apesar do calor e do escuro, os indígenas cantaram e denunciaram casos de abusos e violências. "São 27 anos de direitos violados e violência contra nosso povo", afirmou o líder da etnia guarani-kaiowá, Voninho Kaiowá, do Mato Grosso do Sul. Há cerca de um mês, um líder indígena foi assassinado naquele Estado.
Mais tarde, os líderes do PSOL, Chico Alencar (RJ), do PT, Sibá Machado (AC), além dos deputados Alessandro Molon (Rede-RJ), Moema Gramacho (PT-BA), Odorico Monteiro (PT-CE), Bohn Gass (PT-RS) e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), também chegaram ao local da manifestação.
Após manter um breve contato com Cunha, Lindbergh disse que o presidente da Câmara ofereceu duas opções aos ativistas. Em uma delas receberia os manifestantes ao meio dia, caso eles desocupassem o plenário durante a madrugada, ou não os receberia caso a ocupação continuasse. Os indígenas optaram por não serem recebidos pelo parlamentar.
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"Ele pensou que cortando a luz vocês iam sair, colocando a tropa de choque vocês iam sair. Ele não sabia que o tiro ia sair pela culatra. É um desgaste maior para ele. A atitude truculenta deles fortaleceu vocês. Vocês podem sair e dizer que duelaram com o presidente Eduardo Cunha, esse que pensa que manda no Brasil, e venceram", disparou Lindbergh.
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