Um por todos e todos contra Renan

Apoie o 247 Google News

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Leonardo Lucena _PE247 – Um grupo de cinco senadores se posicionará publicamente, nesta quarta-feira (30), contra a postulação do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) à Presidência do Senado. A reunião está prevista para acontecer no gabinete do peemedebista Jarbas Vasconcelos (PE), onde, além dele, participarão do encontro Pedro Simon (PMDB-RS), Cristovam Buarque (PDT-DF), Pedro Taques (PDT-MT) e o também postulante à Presidência da Casa, Randolfe Rodrigues (Psol-AP), que não descarta se unir a Taques para derrotar Calheiros. O motivo seria a perda da credibilidade de Calheiros, já que o parlamentar é alvo de denúncias de favorecimento à Construtora Uchôa, que teria faturado mais de R$ 70 milhões nos últimos dois anos, e de ter apresentado notas fiscais frias para não arcar com despesas pessoais, em 2007. Com as acusações, o PSDB, que apoia o alagoano, também sai prejudicado. 

Diante desta situação, os senadores Luiz Henrique (SC) e Ricardo Ferraço (ES) poderiam se candidatar ao cargo de presidente do Senado, porém o quinteto que se reunirá amanhã não aposta nessas fichas. De todo modo, segundo informações da colunista Marisa Gibson, do Diário de Pernambuco, o senador Armando Monteiro (PTB-PE) também estaria disposto a se juntar ao grupo e não apoiar a candidatura de Renan Calheiros.  

Em meio às acusações contra o peemedebista, o PSDB fica em uma “saia-justa”, como observa a colunista. Isso porque os tucanos querem descolar a imagem do partido do governador de Goiás, Marconi Perillo, correligionário que foi alvo de investigação na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) em torno do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Perillo foi acusado de participar de um esquema favorecendo os interesses do bicheiro na medida em que facilitava a manutenção do jogo do bicho (ilegal) no Estado goiano. A dúvida fica por conta da reação do PSDB de maneira a não ficar encurralado em meio ao imbróglio.

Duas acusações pesam contra Renan Calheiros. A primeira é a de favorecimento à Construtora Uchôa, do irmão de Tito Uchôa, sócio do filho do parlamentar, Renan Filho, em duas rádios e uma gráfica, e que tinha como esposa uma funcionária do gabinete do congressista, Vânia Uchôa. De acordo com as denúncias, a empreiteira teria faturado R$ 70 milhões nos dois últimos anos com o programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal.  

As informações dão conta de que dos 26 municípios alagoanos incluídos no programa, cujo objetivo acabar com o déficit habitacional no País, apenas duas não sofrem influência de Calheiros. Curiosamente, Tito Uchôa, considerado o principal “laranja” do senador, foi acusado pelo Ministério Público Federal (MPF), em 2006, por improbidade administrativa quando integrava a diretoria da Delegacia Regional do Trabalho de Alagoas (DRT-AL). O MPF apontou o empresário como um dos principais protagonistas em um esquema de direcionamento de licitações  em benefício da Construtora Ativa, valendo-se de fraudes em contratos e superfaturamento de preços das obras.

A segunda acusação contra Renan Calheiros é a de que o parlamentar teria apresentado notas frias para não arcar com despesas pessoais pagas por um lobista. Como consequência, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, apresentou uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF). As investigações correm em segredo de Justiça.  O senador tem preferido silenciar a respeito das acusações, assim como seu filho e o empresário Tito Uchôa.

Em virtude dessas denúncias que ganharam repercussão nacional, o quinteto de revoltosos opta por Pedro Taques, que tem apoio da maioria dos parlamentares contrária à candidatura de Calheiros na disputa pela Presidência da Casa.  Mas, aparentemente, ainda não há algo de concreto sobre quem assumiria o lugar do alagoano, que tem o aval da presidente Dilma Rousseff (PT), já que o PMDB é o principal aliado do governo no Congresso Nacional.

Por outro lado, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), mantém distância das eleições para as duas Casas – Senado e Câmara, onde o partido tem como candidato Júlio Delgado (MG). No entanto, o outro concorrente na Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que sofre com denúncias de favorecimento à Construtora Bonnaci Engenharia e Comércio Ltda, conta com o apoio declarado de doze partidos na Casa.

O peemedebista também enfrenta denúncias de favorecimento à Construtora Bonnaci Engenharia e Comércio Ltda. por meio de emendas parlamentares para que a empreiteira, de Aluízio de Almeida, ex-assessor do parlamentar, se responsabilizasse pela execução das obras em municípios com prefeituras comandadas pelo PMDB. Como consequência desta manobra, a empresa teria recebido R$ 1,2 milhão do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs). Já o deputado reconheceu os repasses, porém disse que não cabe a ele investigar a aplicação das verbas e sim aos Executivos municipais.  

Às vésperas das eleições, que estão marcadas para o mês que vem, o PMDB, que teme perder o posto de mais importante aliado da presidente Dilma Rousseff (PT), lida com acusações de repercussão nacional enquanto o PSB luta por mais espaço no governo. Mesmo que a manifestação dos senadores insatisfeitos não altere os rumos atuais da candidatura de Renan Calheiros, o alerta de que algo está mudando na postura, de certa forma dócil, que até então vinha sendo mantida nas duas casas legislativas já soou junto ao governo.

 

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: